Astro de 'Servant', Rupert Grint se vê como futura 'mãe de ator', quando filha crescer
Ator fala sobre criar abelhas e seu gosto por jogos de gamão e games
Ator fala sobre criar abelhas e seu gosto por jogos de gamão e games
Rupert Grint não se incomodou muito quando a pandemia causou a suspensão do trabalho em “Servant”, série de M. Night Shyamalan para o serviço de streaming Apple+, um thriller psicológico sobre um casal que substitui seu bebê morto por um boneco.
Sua parceira, a atriz Georgia Groome, estava grávida da filha do casal, Wednesday, e o lockdown permitiu que Grint saboreasse os primeiros meses da vida dela no santuário da casa da família, na região norte de Londres. Ele também pôde excluir de seus pensamentos o mundo estranho e claustrofóbico de “Servant” –uma casa clássica em Filadélfia, repleta de objetos relacionados a bebês, entre os quais, perturbadoramente, exatamente o mesmo carrinho que Grint e a mulher comparam para Wednesday.
"Acho que não é o melhor projeto em se envolver no momento em que você acaba de ser pai", diz Grint, que interpreta o tio beberrão e irritante do bebê boneco. "O set tinha uma energia estranha, porque o evento trágico que aconteceu ali parecia ter impregnado as paredes. Eu muitas vezes sentia alívio, quando conseguia escapar do estúdio."
Mas se tornar pai o ajudou a compreender melhor a psicologia de Dorothy (Lauren Ambrose), a atormentada mãe de "Servant", quando ele voltou às gravações, no final do ano passado. "É uma coisa da qual eu não estava ciente, com respeito ao amor", diz ele, em uma conversa na qual discutimos recomendações culturais de Grint enquanto Wednesday balbuciava ao fundo. Também falamos de como “as pessoas fazem qualquer coisa para terem seu bebê de volta”.
Abaixo, trechos editados da conversa.
1. “Rose’s Turn”, de “Gypsy”, na interpretação de Ethel Merman
"É estranho, mas eu nunca tinha visto o espetáculo, nem mesmo uma versão para cinema. Não sei como passou por mim, porque estou ciente de que foi um imenso sucesso. Mas por volta do Natal do ano passado, ouvi a canção por acaso no rádio e fiquei obcecado por ela. Há tantos níveis distintos nela. Agora conheço o contexto, e realmente me comoveu. Vi Imelda Staunton [Dolores Umbridge em “Harry Potter e as Relíquias da Morte, Parte 1”], cantando a canção no YouTube, e ela é incrível. Mas amo a versão de Ethel. O tipo de paixão maternal que reluz. E também acho que vou ser muito “mãe de ator”, quando minha filha crescer, e assim talvez eu esteja me conectando com isso."
2. Os livros infantis de Tomi Ungerer
“Wednesday ainda é pequena demais para eles, mas já temos uma biblioteca toda à espera dela. E são livros ótimos –tão adiante de sua época, e com ilustrações tão lindas. Um deles se chama “Otto”, e é a autobiografia de um ursinho de pelúcia; fiquei arrasado depois de lê-lo. O livro relata a vida toda dele, mas acho que se pode dizer que na verdade fala de Auschwitz, e das experiências do ursinho no campo. Não parece adequado para crianças, mas acredito que Ungerer não tenha medo de mostrar o lado sombrio da humanidade."
3. Miniaturas de cerâmica
"Foi um hobby que comecei no lockdown. Você faz suas peças usando uma versão miniatura de um torno de cerâmica, do tamanho de uma moeda de um dólar. Eu sempre me impressionei muito com os tornos de cerâmica, com criar alguma coisa de uma massa de argila. É muito terapêutico, e você se perde completamente em seus pensamentos. O trabalho é rápido, além disso. Fiz coisas bem bacanas, como vasos miniatura, potes para biscoitos, bules de chá. Têm cerca de dois ou três centímetros de altura, como se fossem em escala de casa de bonecas. Não servem para coisa alguma."
4.”Revisionist History”, de Malcolm Gladwell
"É o podcast que ouço toda noite, já há um bom tempo. Ele tem um jeito excelente de dissecar momentos da história que eu não conhecia, e de subvertê-los, me fazendo compreender o que aconteceu. É curto e fácil de digerir. Um episódio muito bom foi aquele em que ele fala das batatas fritas do McDonald’s, e das mudanças de receita que aconteceram com o passar dos anos. Outro foi sobre a canção “Hallelujah”, de Leonard Cohen, as dificuldades dele para compô-la. Gladwell trata em profundidade o tipo de minúcia que eu adoro."
5. “The Curse of Oak Island”
"Esse grupo de caçadores de tesouros sempre me intrigou, em uma ilha ao largo da costa da Nova Escócia (Canadá). É um conjunto espetacular de personalidades, caras com rostos enrugados, sempre vestindo jeans e obcecados por um tesouro que talvez nem esteja lá. Há alguma coisa de trágica na história, mas também é bonito. E o verdadeiro tesouro está em eles encontrarem uns aos outros para tentarem fazer uma coisa que só é possível durante alguns poucos meses por ano." [a série está disponível na Netflix]
6. “The Legend of Zelda: Breath of the Wild”
"É escapismo puro, e sempre amei o mundo de Zelda. Não é que eu seja um grande gamer profissional, mas esse jogo ocupou muitas horas de minha vida. Tem histórias incríveis, lindas imagens. Você pode procurar amoras, cozinhar na fogueira. Nunca completei o jogo todo, mas é um trabalho realmente especial. Não acho que os criadores de jogos levem o crédito que merecem por aquilo que criam. São mundos maravilhosos nos quais você pode mergulhar totalmente, se eles forem bem feitos. Na minha opinião, é bem possível que Zelda seja perfeito."
7. Gamão
"Sempre amei jogos de tabuleiro e montei uma grande coleção, com os anos. Quatro anos atrás, Georgia e eu compramos um tabuleiro de gamão e aprendemos a jogar. Agora, levamos um tabuleiro conosco para onde formos. Todo mundo está encantado com o xadrez, depois de “O Gambito da Rainha”. Mas o gamão é um jogo mais antigo, acho, e há um elemento de sorte, com os dados. Houve um período em que jogávamos dez partidas por dia. E o jogo realmente muda seu cérebro."
8. Middle Child Sandwiches
"É um lugar absolutamente obrigatório que descobri na primeira vez em que fui a Filadélfia. Filadélfia é uma cidade ótima em termos de comida, você não precisa se movimentar muito para encontrar um bom lugar. O Middle Child faz uma coisa, e a faz com perfeição. O “hoagie”. É um sanduíche simples, mas bom demais. E o décor é muito hipster, muito bacana. Peço o Shopsin Club ou o Surfer. Pode pedir sem medo."
9. Criação urbana de abelhas
"Já faz quatro anos que estou envolvido nisso. Não é fácil, mas é absolutamente fascinante. Há abelhas enfermeiras, e abelhas coveiras que carregam as abelhas mortas. É insano observar. Tenho uma colmeia no quintal, em um canto tranquilo. Elas ficam na delas. Você pode achar que sua casa vai ser invadida por abelhas, mas elas são muito deliberadas. Sabem exatamente onde ir em busca de pólen. É uma colônia muito feliz. Admiro muito a rainha."
10.”Check It Out! With Dr. Steve Brule”
"Acho que ele nunca admitiu, mas considero fascinante que (John C. Reilly) tenha criado esse personagem, que na verdade é uma pessoa completamente diferente. É um personagem tão absurdo, e tão bem formado, que ele consegue nos mostrar o que está pensando. E um talento real criar algo assim. Estou curtindo mais o humor americano. Muito Saturday Night Live antigo, e “Tim & Eric”, que é de onde apareceu Steve Brule. Amo a anarquia e o caos que eles criam.
Tradução de Paulo Migliacci.
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