Lexa afirma se inspirar em mãe danada para ser feminista consciente
Cantora defende simbolismo do Dia da Mulher e diz almejar mais sororiedade
Cantora defende simbolismo do Dia da Mulher e diz almejar mais sororiedade
A cantora Lexa, 25, é filha e neta de mães solteiras. Ela conta que aprendeu em casa o valor da mulher. Não foge do rótulo de feminista, mas diz ser uma feminista muito consciente, que defende a igualdade de gêneros e o respeito ao espaço do outro.
“A mulher pode fazer tudo o que ela quer, óbvio, respeitando o espaço do outro. Assim como o homem tem que respeitar, a mulher também tem que respeitar. E igualdade social, eu luto muito por isso. [...] Infelizmente ainda não chegamos lá”, afirma a cantora ao F5.
Ela diz acreditar na importância de se celebrar o Dia Internacional da Mulher pelo simbolismo, já que as mulheres “tiveram que passar por muitas coisas para de fato terem seu espaço”.
O resultado dessa luta é uma realidade mais livre, embora longe de igualitária, do que a vivida por sua mãe e sua avó. “Atualmente é muito mais fácil. Hoje, por exemplo, vou fazer o meu aniversário com um tapa-sexo, um shortinho curto, minhas contas estão pagas”, diz Lexa.
O que o Dia Internacional da Mulher significa para você?
Força, da mulher genuína, da mulher guerreira, da mulher que trabalhou para conseguir o seu espaço. As mulheres tiveram que passar por muitas coisas para de fato terem seu espaço, a sua voz. E a gente luta muito por isso.
É importante ter um dia dedicado à mulher?
Faz sentido pelo simbolismo. Mas eu acho que Dia da Mulher são todos os dias. Gente, não tem mundo sem mulher. Não tem geração sem mulher.
Ser mulher é…
Ser mulher é ser guerreira, sem dúvidas.
Qual a sua principal insatisfação em seu ambiente de trabalho por ser mulher?
A primeira situação que eu me deparei foi o machismo, sem dúvidas, a falta de respeito. Foi o meu primeiro choque. Eu já tinha esse choque da época de menina, andando na rua e ouvir chamar aqui, chamar ali. Mas eu acho que dentro do meu trabalho é o invadir, sabe?
Há ainda diferença salarial entre as artistas mulheres e homens? As artistas brasileiras deveriam ter criado um movimento semelhante?
Sem dúvidas a mulher ainda recebe menos do que o homem. É algo que a gente vem conquistando. É trabalho de formiguinha, infelizmente, mas, sim, mulheres recebem menos do que os homens. No meu ambiente de trabalho é mais por uma questão de trabalho mesmo. Você se doa você recebe. Eu sou aquelas danadas, sabe, baixinha guerreira que não fica pra trás, não. Boto muito homem no chinelo financeiramente.
Você que acha que as mulheres têm buscado mais união entre elas e deixado de lado a rivalidade? Olha, as mulheres vêm se unindo mais. Tem algumas que, infelizmente, são criadas num ambiente machista, passam a vida inteira sendo alimentadas dessa forma, e debatem, batem de frente com outras mulheres. Mas muitas já abriram os olhos e entenderam que juntas somos mais fortes, que a sororidade é capaz de ganhar o mundo. E as mulheres são demais então eu acho que quando a gente entende isso, entende o valor da outra, e a dor, a alegria, a vida da outra, a gente vai longe.
Qual a importância das mulheres em cargos de poder?
A mulher tem que estar em tudo que é canto. Igual ao homem. Igualdade social, eu acho que é isso. É importante porque não falta capacidade intelectual, então eu não entendo porque não estar em todos os ambientes, em todos os níveis de trabalho.
Como podemos melhorar e ter igualdade de gênero no Brasil?
Falta às vezes um pouco de coragem, um pouco de empatia do próximo, sabe? Se você tem uma amiga que você sente que ela sofre algum tipo de repressão ou de falta de encorajamento, encoraje, vá lá, fale que pode, que ela consegue, porque a gente consegue, a gente consegue tudo.
Qual a sua principal referência de mulher?
Ah, a minha principal referência de mulher é a minha mãe. A minha mãe e a minha avó. São duas danadas. Minha avó criou a minha mãe sem pai, minha mãe me criou sem pai, então não tem como não ser um ciclo mais perfeito de feminismo no seu altruísmo, na sua essência.
Você se considera feminista? Acha ruim ter nome associado a esse termo?
Eu me considero feminista, mas sou aquela feminista muito consciente das coisas. Acho que a mulher pode fazer tudo o que ela quer, óbvio, respeitando o espaço do outro. Assim como o homem tem que respeitar, a mulher também tem que respeitar. E igualdade social, eu luto muito por isso, pela igualdade social de direitos, de deveres. Infelizmente ainda não chegamos lá. Algumas pessoas acham besta. Mas isso não é besteira. É exatamente quando a gente toca no ponto da criação machista ou da criação antiga. Não sei, sabe, tem gente que acha careta. Isso não é careta, isso é muito sério. Isso faz parte de uma construção, então pode ser careta para uns, mas para mim é importante.
Você se sente pressionada a se enquadrar em um determinado padrão de beleza?
Não. Não me sinto, não. Eu entendi que eu quero ser o que eu quero ser. E tá tudo certo. Mas eu demorei, tá? Por um tempo eu achei que eu deveria seguir normas. Mas exatamente isso, eu fui aprendendo, fui quebrando paradigmas, fui estudando, fui no psicólogo, fui tentar me entender mais, me conhecer mais. E aí eu vi que eu me bastava no sentido de ser humano, de alegria. Então eu acho que a gente vai aprendendo com o tempo.
Mulheres são sempre associadas à maternidade. O que você pensa disso?
A mulher tem que fazer o que ela quiser da vida dela. Se ela quiser parir, ela pare. Se ela não quiser parir, ela não pare. Se ela quiser ir pra balada, ela vai pra balada. Se ela quiser cozinhar em casa, ela também cozinha em casa. Sendo feliz, estando feliz mesmo, pode fazer o que quiser. [A maternidade] é meio que uma cobrança natural da sociedade, que não deveria existir. Eu acho que não tem que ter cobrança. A vida é muito leve e parte de você ter as suas escolhas.
Ser mulher em 2020 é melhor do que no tempo de sua mãe ou avó?
Ah, sem dúvidas. Atualmente é muito mais fácil. Hoje, por exemplo, vou fazer o meu aniversário com um tapa-sexo, um shortinho curto, minhas contas estão pagas. [...] A gente soube se readaptar, a minha avó soube se readaptar às mudanças sem preconceitos, igual à minha mãe. Então eu acho que é tudo uma questão mesmo de cabeça.
Qual a mudança que você almeja para as crianças que estão nascendo agora?
Eu almejo muito sucesso, muita sabedoria, muita empatia, muita sororidade, muita fé, muita consciência, muito estudo, tudo o que há de bom porque nós somos seres especiais, nascemos com uma dádiva a mais, um plus (risos). Acho que ainda abrir e expandir ainda mais a nossa mente, ser aberto às possibilidades, à vida, à graça, à fé.
Comentários
Ver todos os comentários