Celebridades

'Bolsonaro me dá medo', diz Juliette Binoche

Atriz lamenta que 'será preciso ir até o limite da crise para que as pessoas acordem'

Juliette Binoche no 69º Festival de Cannes
Juliette Binoche no 69º Festival de Cannes - Yves Herman/Reuters
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São Paulo

"As escolhas políticas do presidente de vocês, Bolsonaro, dão muito medo", diz a atriz francesa Juliette Binoche, 55, antes de desembarcar no Brasil para a festa de 30 anos da distribuidora cinematográfica Imovision.

Em texto publicado nesta sexta-feira (22) pelo colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, Binoche refletiu sobre a política brasileira e afirmou que o incêndio na Floresta Amazônica é uma preocupação para todo o planeta

"Ele [Bolsonaro] parece ter visões egoístas e muito radicais, que não estão em sintonia com a situação atual. Há uma preocupação geral, e a política atual do Brasil sobre a Amazônia dá medo. Mas isso ocorre em todo o mundo. É necessário haver uma mudança de atitude e consciência. Minha impressão é que será preciso ir até o limite da crise para que as pessoas acordem, o que é lamentável, porque poderíamos nos antecipar e reduzir os impactos."

Apesar de ter ascendência brasileira, essa é a primeira vez que Binoche vem ao país. Vencedora de prêmios como o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (1997) e melhor atriz em Cannes (2010), ela afirma que sua ​cultura sobre o Brasil é "limitada", mas que aprendeu muito sobre o país em conversa com o amigo e cineasta Walter Salles.

"Quando eu era pequena, meu pai tinha uma espécie de café-teatro em Paris e havia duas cantoras brasileiras, que se chamavam Les Étoiles. Eram travestis na verdade, e cantavam muito bem, e eu lembro que as olhava com estrelas nos olhos", lembra. 

A atriz ainda fez um apelo para as questões de violência e submissão das mulheres, que persistem apesar do tempo. "Enquanto o homem esquecer a parte feminina do ser, não vai dar certo. Dar lugar a essa outra energia é também dar lugar a uma parte de si mesmo. Eu espero que todos os movimentos de mulheres ganhem cada vez mais projeção e sejam escutados. As mulheres têm razão de falar porque há muita coisa ainda para mudar."

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