Paola Carosella diz comer picadinho e pizza em casa: 'Não me idealizem a Mulher-Maravilha'
Jurada do MasterChef completa 47 anos e fala de fama e do novo programa
Jurada do MasterChef completa 47 anos e fala de fama e do novo programa
Cozinheira há 29 anos, a chef de cozinha e jurada do MasterChef (Band) Paola Carosella completa 47 anos nesta quarta-feira (30). Em conversa com o F5, Paola abre o jogo e fala que ainda está aprendendo a lidar com a fama e conta que não gosta de se produzir para sair. A chef também comentou sobre seu novo programa, que deve estrear em 2020.
"Tenho uma vida social diminuta, sou bicho do mato, quase nunca saio de casa, difícil me ver em eventos. Sempre fui assim. O lugar em que mais gosto de estar é em casa, provavelmente de moletom e chinelo, não gosto de me produzir."
No ambiente doméstico, a chef revela que nem sempre prepara um cardápio gastronômico, que há massas, pizza e muita sopa. "Não quero que as pessoas idealizem que sou a Mulher-Maravilha, mas tento fazer café da manhã sempre, acordo entre 5h20 e 5h50, todos os dias."
Nascida em Buenos Aires, na Argentina, Carosella afirma que não quer se perpetuar na TV, mas que gosta "muita da ferramenta de comunicação que é a televisão". "Eu me sinto privilegiada que ela tenha sido apresentada a mim."
Em meados de outubro, Paola Carosella iniciou mais uma temporada do reality gastronômico, agora o MasterChef: A Revanche, o décimo primeira da história. A atração, inclusive, é um marco na trajetória da argentina, que aprendeu a lidar com a fama vinda de suas opiniões e comentários nas redes sociais.
Morando há quase duas décadas no Brasil, Paola Carosella já entrou com a documentação para obter a cidadania brasileira. "É muito arriscado para uma argentina falar pelo Brasil, mas moro aqui há 20 anos. Sou mãe de uma brasileira. Posso opinar sobre o que está acontecendo no Brasil porque faço parte."
ANTES E DEPOIS DO MASTERCHEF Mudou muita coisa. Eu era chef reconhecida dentro de um restaurante que tinha 2.000 seguidores. Hoje sou conhecida como uma personalidade da gastronomia e da TV, e fui construindo uma figura pública, agora com 3 milhões de seguidores. Tudo muda quando as pessoas entram no Arturito [restaurante dela] e quantas delas querem ver a comida e quantas querem ver a Paola. O que mudou foi a amplitude que ganhei no olhar. Antes eu olhava o meu restaurante, algumas causas sociais, de forma pequena e tinha conhecimento no Brasil limitado. Em cinco anos, comecei a conhecer as pessoas, ricas, pobres, com mais acesso, com quase nada, a cultura da gastronomia, até onde ela chega.
FAMA Tenho uma vida social diminuta, sou bicho do mato, quase nunca saio de casa, difícil me ver em eventos. Sempre fui assim. O lugar em que mais gosto de estar é em casa, provavelmente de moletom e chinelo, não gosto de me produzir. Confesso que nesses cinco ou seis anos, estou aprendendo o que significa as pessoas te considerarem alguém importante. Não sei se sou uma celebridade, respeito muito esse termo e acho que quem é celebridade é Hebe Camargo, a Fernanda Montenegro. Sou formiga ao lado delas, uma pseudofamosa se comparada a essas figuras. Mas, aos poucos, estou aprendendo.
LADO RUIM DA FAMA Tem pessoas que acham que são donas de você, com excesso de ‘carinho’. Às vezes, eu quero sair de chinelo e moletom, e eu saio mesmo. Mas ai outro dia tiraram uma foto minha e fizeram um meme: de um lado, eu produzida e, do outro, com uma camiseta branca do marido e tênis pegando filha na escola.
SE VÊ FORA DO MASTERCHEF? O MasterChef somos todos nós. Tenho contrato para 2020 para fazer as temporadas que a casa queira fazer, e eu vou ano por ano, desde o primeiro programao. Só assim consigo administrar a vida. Eu gosto muito de fazer, é uma honra que alguns considerem meu papel importante, mas ninguém é insubstituível. Pode vir alguém um dia desses e trazer ar fresco, a Band pode mudar formato... Então, se eu pensar nisso, não consigo viver o hoje.
SUCESSO DO MASTERCHEF O Master é uma fórmula muito amiga do brasileiro. Acho bom que as pessoas se interessem pela comida, porque estamos cada vez mais afastados dela. A gente ainda se senta à mesa? Estamos olhando no olho ou de olho no celular?
PROGRAMA SOLO Esse meu programa novo está sendo bolado, junto comigo, para 2020, é o ‘Lado C’, que pretende mostrar não só a cozinheira. É um tiro gigantesco, mas uma experiência divertida. É um pulo no ar assim como foi com o MasterChef, que podia dar muito errado.
CARREIRA NA TV? Não penso em me perpetuar na TV, porque essa palavra “perpetuar” tem peso, me sinto um dinossauro embalsamado [gargalha]. Mas confesso que curto a TV, gosto muito da ferramenta de comunicação que é a TV. E eu me sinto privilegiada que ela tenha sido apresentada a mim. Disseram: ‘olha, você é grande na cozinha, mas também pode ir por aqui’. E eu sou curiosa.
ROTINA DIÁRIA Tenho o Arturito e os cafés de empanadas La Guapa, todos com sócios. Nesse último eu participo menos, é um formato que anda sozinho. No Arturito, eu mudo o cardápio três vezes ao ano e faço isso antes de iniciar as gravações na Band. Durante as gravações, eu só gravo, porque são longas, às vezes transcorrem das 7h às 18h30. Se tivesse de ir para os restaurantes ainda... Tenho filha e uma família para cuidar. Gravar é religioso, tenho agenda, senão faria tudo pela metade.
FÃS NO RESTAURANTE? Muita gente vai para me ver, mas fui cuidadosa desde o começo do meu primeiro restaurante, que era no Itaim. Lá a cozinha era um palco com janela de vidro, e eu ficava lá. Mas quando chegava alguém e perguntava por mim e eu não estava, a pessoa ia embora. No Arturito, eu não queria isso. Sou chefe, sou dona, às vezes não cozinho, mas garanto que você comerá igual. Meu restaurante tem 11 anos e todos os funcionários são bem treinados. Hoje, a maioria das pessoas vai para me ver. Espero que minha comida seja tão satisfatória quanto me ver.
ALIMENTAÇÃO EM CASA Não quero que as pessoas idealizem que sou a Mulher-Maravilha, mas tento fazer café da manhã sempre, acordo entre 5h20 e 5h50, todos os dias. Levo minha filha à escola e, depois, fico livre para fazer as minhas coisas. Faço jantar também. Chego às 18h30, 19h, e como me organizo, já sei o que vou cozinhar, é mais simples. Às vezes, o cardápio é mais gastronômico, às vezes, eu peço pizza.
MASTERCHEF TODO DIA? Não. É comida de casa. Tem macarrão, arroz, feijão, picadinho, purê de batata. Esses dias eu almocei em casa e preparei um macarrão com alho, manteiga e queijo. Teve um domingo em que preparei restos de frango assado com avocado, tahine, alface, cebola frita e pão torrado. Sei lá, essas coisas. Por incrível que pareça, a gente come pouca carne em casa, é mais peixe, sanduíches, massas, pizza, sopas, tem muita sopa lá [risos].
MESTRE DO SABOR (GLOBO) Não conheço os jurados, porque não tenho aparelho de TV em casa. Tenho um projetor e só vejo o MasterChef pelo site da Band. Mas sobre esse programa, eu dou uma comparação genial. Abri o Arturito em 2008, na rua Arthur de Azevedo [Pinheiros], onde não tinha nem luz. Ao longo dos anos foram abrindo cinco estabelecimentos ao lado, e bares. As pessoas vão lá e meu restaurante continua cheio. Que bom que a Globo, o maior dos canais, esteja dando janela para a gastronomia. É maravilhoso. Isso significa que o brasileiro esta dando valor a isso. Tem lugar para todos.
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