Nos bastidores de 'Malhação', Gabz se prepara para estreia no Rock in Rio e celebra conquistas aos 20 anos
Artista desde criança, ela já explorou todos os cantos do Rio
Artista desde criança, ela já explorou todos os cantos do Rio
Gabz, 20, é rapper, atriz, dançarina e poeta e está mostrando que o seu talento cabe em qualquer lugar. No ar como Jaqueline em "Malhação" (Globo), ela se prepara para cantar no Rock in Rio, em outubro, enquanto sua voz e a poesia cabem também no mundo literário.
E de onde veio tanta bagagem? "Minha vida é um pouco atípica. Vim da favela do Irajá [Rio] e já muito nova eu estava no Teatro Municipal e, de repente, eu já estava numa novela. Via artistas de TV no Projac [estúdios Globo] num dia e no outro eu convivia com atores milionários do tablado e depois voltava pra casa de metrô lotado. Ouvia conversas de todos esses ambientes, tenho uma perspectiva maior por isso", conta Gabz.
A dança foi o primeiro contato que Gabz teve com a arte. Enquanto estudava balé, ouvia de tudo com a ajuda de sua família, em casa. Todo domingo sempre foi dia de limpeza e movido a trilhas sonoras dos melhores tipos. Pai de Gabz sempre foi fã de Nação Zumbi e Chico Science e ainda apresentou a ela as poderosas Nina Simone e Elza Soares.
"Ele também ouve muito Madonna, sem se preocupar se os vizinhos iam questionar a sexualidade dele", brinca a artista. Entre os sambas clássicos que a mãe gosta, tinha o samba-rock de Jorge Ben e de Bebeto, passando por Lauryn Hill e o rap de Sabotage. "E os vizinhos ouviam Pixote, porque na favela, todo mundo escuta música alto e não tem jeito", diz Gabz, que hoje é fã de Ludmilla e adora a MC Sabrina.
Seu papel em "Malhação" é a de uma menina nascida de uma mãe pobre, que a viu obrigada a assumi-la sozinha. Mais tarde, já adulta, ela se depara com um pai que tem dificuldade em aceitá-la. "Minha família sempre foi muito unida, então conversei com meus pais, que tiveram pais ausentes para construir a personagem. Nesse ponto, ela é bem diferente de mim".
Mesmo crescida nesse caldeirão cultural, Gabz conta que absorve um pouco de tudo, mas nem sempre se sente completamente à vontade em todos os lugares. Hoje, ela mora na Barra da Tijuca, mais perto dos estúdios da Globo, mas sempre visita a sua mãe.
"Não romantizo a pobreza. Quero ter dinheiro e ser muito rica, mas tenho uma questão muito grande com a cultura dessas pessoas, que, por um acaso, são pobres. Não consigo ficar longe do Irajá, mas não é da falta de estrutura que eu gosto, é do jeito de ser das pessoas", conta a artista.
Para ela, ser rapper é o jeito mais fácil de abraçar todas essas referências. "Nele, eu consigo escrever, interpretar as minhas letras e cantar, exercer musicalidade", conta. Mas Gabz também explora outros horizontes. Ela chegou a estudar alguns anos de Ciências Sociais na faculdade e faz slams, uma espécie de poesia falada semelhantes às competições de rappers.
Uma de suas criações acabou no documentário "Guerras do Brasil", disponível na Netflix. "Fiquei muito feliz com o convite porque é uma forma de validar outras formas de expressão, como slam, no meio acadêmico. São formas novas de produzir conteúdo, até falei sobre isso também em um TED Talk, que deve ser divulgado em breve", conta Gabz, sobre a conferência de troca de ideias, que é divulgada na internet.
Enquanto ainda tem uma rotina pesada de gravação com a novela, Gabz aproveita as poucas horas que restam para trabalhar em estúdio suas próximas músicas. "Estou me preparando para o Rock in Rio, quero chegar lá com três 'singles' e lançar um disco logo depois do festival".
No próximo dia 5 de setembro, ela lança "Noite De Verão" pelo selo independente 999, criado pelo músico Baco Exu do Blues.
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