Helena Rizzo, do Maní, pede desculpas a quem se sentiu ofendido por gesto contra Bolsonaro
Chef recebeu apoio do artista plástico chinês Ai Weiwei
A chef brasileira Helena Rizzo, do restaurante Maní, publicou uma mensagem em sua rede social para pedir desculpas às pessoas que se sentiram ofendidas com seu gesto e reafirmou que vê o futuro dos seus pares ameaçado.
"Peço desculpas a qualquer pessoa que tenha se ofendido com o meu gesto, ele não foi direcionado a você. Meu gesto é uma manifestação contra o preconceito, o machismo, o racismo, a homofobia e a misoginia. Reforço também que ele foi pessoal e expressa tão somente a minha convicção, e não a do Grupo Maní", disse Rizzo, em seu perfil no Instagram.
Cozinheira há 23 anos, dos quais 13 no Maní, Helena Rizzo afirmou que nunca julgou ou escolheu cliente, pois "diariamente cozinho para os outros, com empenho absoluto, exigindo o máximo de mim, dos cozinheiros e fornecedores que trabalham comigo".
Quando Helena Rizzo aderiu ao movimento de oposição à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República no último sábado (6), ela imediatamente recebeu diversos xingamentos de seus seguidores, que afirmavam, entre outras coisas, “que ela não se importava com o Brasil e que não iam mais frequentar seu restaurante".
Após a repercussão, a chef Helena Rizzo afirmou ainda que o Maní é "uma das cozinhas mais diversas que conheço, com brancos, negros, homens e mulheres, héteros e gays, gente do Brasil inteiro". "Eles são minha família, pois é com eles que passo a maior parte do tempo. Assistir a um movimento crescente de intolerância que atinge boa parte dos meus colegas de cozinha me deixa extremamente consternada. Em nenhum momento manifestei posição partidária, não sou comunista nem socialista. Sou uma pessoa que vê o futuro dos meus pares ameaçado. E isso, espero que entendam, é difícil demais aceitar."
A assessoria da chef disse que ela não deseja mais se manifestar sobre isso, e que tudo o que ela gostaria de dizer foi dito em seu perfil. Helena Rizzo foi eleita em 2014, pela revista inglesa The Restaurant, como a melhor chef mulher do mundo.
O jornalista Miguel Pires, especialista em cobertura sobre culinária, também usou o seu perfil no Instagram para apoiá-la. Ele cita, entre outros fatores, o radicalismo ideológico dos dias atuais. "Gosto de Helena pelo seu lado humano, por se posicionar, por defender os seus valores", postou Pires.
Já Ai Weiwei, conhecido por desafiar o regime comunista da China com seu trabalho, repostou a foto da chef brasileira em seu perfil com a frase do movimento #EleNão, que ganhou força entre celebridades contrárias a Bolsonaro.
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