Mano Brown critica Julio Cocielo por post racista
Rapper afirmou em rede social: "Uma hora nois cruza ele"
O rapper Mano Brown também deu seu parecer sobre a polêmica das mensagens racistas postadas pelo influenciador digital Julio Cocielo.
Nesta terça-feira (3), o rapper Dexter publicou em seu Instagram a reprodução de uma das mensagens ofensivas postadas por Cocielo no Twitter, em que diz fala em exterminar os negros. Nela, Dexter critica o pedido de desculpas do influenciador e diz que "só quem é que vive sabe o que é ser".
Ele recebeu quase 3.000 comentários, entre eles dois de Mano Brown, que também criticou o pedido de desculpas. “Depois que inventaram a desculpa nunca mais morreu ninguém.”
Mano Brown mandou ainda um recado para o influenciador: “Uma hora nois cruza ele Oitavo [sic]”, em referência ao nome artístico de Dexter, Oitavo Anjo.
Os atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, que já tiveram experiência com racismo quando a filha do casal foi chamada de "macaca com cabelo de bico de palha" por uma socialite, também usaram suas redes sociais para criticar a postura do youtuber e pedir que as pessoas deixem de segui-lo no Instagram.
A atriz publicou uma seleção de post de Cocielo em redes sociais, com as palavras racista, machista e misógino, e a seguinte frase: "Odeio ter que postar coisas tão repugnantes e tristes como essa...mas é necessário! Ainda fico chocada como podem existir pensamentos como desse tipo de pessoa...isso NÃO EH UMA BRINCADEIRA E NUNCA FOI!!! Isso é RACISMO!".
Já Gagliasso fez um repost de uma publicação da jornalista Isabela Reis. "Você tem noção do que são 11 milhões e 200 mil pessoas? Eu ajudo. É a população inteira da Bélgica. É um milhão a mais do que a população de Portugal. São 143 Maracanãs lotados. São todas as pessoas que ainda estão apoiando diretamente um influencer assumidamente racista. Temos que cobrar posicionamento das marcas que o patrocinam, é claro. Mas são os outros famosos que ainda o seguem e, principalmente, as pessoas comuns, anônimas, que verdadeiramente me preocupam. Apoiar uma pessoa racista é ser conivente, sim", dizia o texto da jornalista.
Cocielo, 25, escreveu no sábado passado (30) no Twitter que o jogador da seleção francesa Kylian Mbappé, que é negro, “conseguiria fazer uns arrastão top na praia”. Era uma referência ao jogo entre França e Argentina da Copa do Mundo, no qual o atacante fez dois dos quatro gols da vitória francesa.
O post foi considerado racista por internautas, que criticaram Cocielo.
Após o tuíte sobre Mbappé, os internautas vasculharam o perfil de Cocielo e encontraram outras postagens ofensivas de anos anteriores. Em mensagens de 2013, por exemplo, ele disse que só seria possível deixar de fazer piadas de negros caso eles fossem exterminados. No mesmo ano, falou que não faria vídeo sobre o Dia da Consciência Negra porque na cela não havia wi-fi.
Cocielo apagou o tuíte sobre o jogador francês e publicou uma nova mensagem em que pediu desculpas e afirmou que o comentário se referia à velocidade dele e não à sua cor de pele.
“O tweet foi interpretado de mil formas diferentes e gerou uma grande discussão. Decidi deletar pois nunca fui de entrar em polêmicas, mas já era tarde demais, tinha tomado uma proporção enorme.”
Também disse sentir vergonha dos comentários antigos que foram localizados em seu Twitter. “Na época, esses comentários infelizes tinham uma interpretação totalmente diferente de hoje, um momento delicado. Muitas vezes fui irônico, muitas vezes estava zoando entre amigos, muitas vezes só queria ser o engraçadão, e são coisas que eu nem lembrava ter escrito.”
A polêmica levou diversas empresas a cancelarem acordos de patrocínio com o influenciador. A marca de material esportivo Adidas, o banco Itaú e a varejista virtual Submarino confirmaram à Folha ter deixado de patrocinar Cocielo e retirado das redes sociais as campanhas em que ele aparece. Todas reforçaram que são contra qualquer tipo de discriminação.
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