Ele fez Mr. Catra esquecer que é pai, Celso Portiolli trocar seu primeiro nome por tabule (um tipo de salada árabe), e Eliana rir da cara de Luan Santana como se ele fosse o comediante mais engraçado do mundo.

Aos 25 anos, o hipnotista, ilusionista e youtuber Jaime Young-Lae Cho, mais conhecido como Pyong Lee, já é conhecido (e temido) pelos artistas. Mas as intervenções impressionantes na mente de suas cobaias nada têm a ver com misticismo ou coisas esotéricas. O talento do jovem paulista filho de coreanos está em acessar o subconsciente humano.

Descrita desde 1840, a hipnose ainda não é reconhecida mundialmente como ciência, segundo ele porque "a mente humana é muito subjetiva, então, ainda não foi possível realizar um teste padrão para comprovar cientificamente os resultados".

Ainda assim, métodos derivados da hipnose são utilizados em várias partes do mundo, inclusive com propósitos terapêuticos. Um dos maiores defensores da hipnoterapia no país, Lee promove cursos de formação presenciais e virtuais.

Com apenas uma ou duas sessões é possível tratar traumas, fobias, vícios (como o tabagismo e compulsão alimentar, por exemplo) ou padrões de comportamento, como agressividade, ansiedade e falta de concentração. "Não é cura, é tratamento", reitera ele, que hoje não faz mais atendimento clínico individual por falta de agenda, mas indica terapeutas Brasil afora --geralmente seus discípulos.

ENTRETENIMENTO

Lee defende que a hipnose seja cada vez mais difundida como um recurso para a saúde mental. Mas em termos de carreira, sua "vibe" é outra: extrovertido e carismático, ele aposta no entretenimento.

Em cartaz com a turnê "AbsurdaMente", nesta quinta (22) em São Paulo, ele entrega um "spoiler" de seu show. Após alguns exercícios de concentração, cerca de dez voluntários são chamados no palco para serem hipnotizados.

"Fazemos as brincadeiras parecidas com as que você vê nos vídeos. A pessoa esquecer o nome, grudar as mãos uma na outra e não conseguir desgrudar, esse tipo de coisa. Gosto de espalhar conhecimento através do entretenimento. É uma forma mais divertida e viral."

Antes de ser ilusionista e mágico, Pyong Lee começou a estudar a hipnose há cerca de dois anos. De lá para cá já se especializou em mais de dez cursos e oficinas, inclusive no exterior,. Agora se aprofunda em programação neurolinguística e "coaching", que também envolvem, assim como a hipnose, o universo do subconsciente. "A mente humana é fascinante, tem um potencial imenso inexplorado. Faço isso por paixão."

MISTÉRIOS DA MENTE

Com sorriso no rosto, ele não se cansa de repetir o mantra: "Não existe nenhum fator sobrenatural nem talento inato envolvido na hipnose. É pura prática". "Não tenho nenhum talento especial. Apenas acredito na técnica, dedicação e resultados", afirma.

Para a hipnose funcionar, alguns pré-requisitos básicos têm de estar em sintonia. Além de um hipnotista com as técnicas bastante afiadas, é preciso que o voluntário confie no profissional, esteja realmente disposto e siga as instruções.

"Por exemplo, se eu falo para a pessoa relaxar e imaginar um campo de flores e ela imaginar os problemas, não vai funcionar. É preciso seguir as instruções. Muita gente não consegue ter resultados rápidos por causa da resistência", explica.

O mesmo argumento vale para explicar porque a hipnose não pode ser usada como arma maligna, para "lavagem cerebral", domínio de massas ou mesmo sem consentimento. "Muita gente tem medo da hipnose. Medo de nunca mais voltar, de contar um segredo, de dar a senha do banco", se diverte.

"A mente humana é muito mais poderosa e inteligente do que isso. Não dá para colocar a pessoa em transe sem a pessoa querer. A mente não cai em hipnose sozinha", explica.

Estereótipos como no filme "Corra", vencedor do Oscar 2018 de melhor roteiro original, ajudam a criar preconceitos em cima da técnica, que já carrega ar excessivo de mistério. É isso que Pyong Lee deseja combater.

"Esse tipo de representação é triste porque dissemina o preconceito, cria medo. Mas a hipnose está sendo difundida no Brasil, graças aos meus vídeos. Existe todo um mercado que está crescendo", afirma  Lee, que tem 4,5 milhões de inscritos em seu canal.