Talvez você não conheça o nome de George Moura, mas certamente já viu alguma minissérie escrita por ele. É uma lista de respeito: "O Canto da Sereia", "Amores Roubados", "O Rebu", "Onde Nascem os Fortes", "Onde Está Meu Coração", além de dezenas de outros programas de TV e filmes para o cinema.

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas, o pernambucano trabalhava na Globo do Recife quando conheceu o diretor Luiz Fernando Carvalho, que foi à cidade para, entre outras coisas, conhecer pessoalmente o escritor Ariano Suassuna. Moura facilitou esse encontro.

Alguns meses depois, Carvalho o convidou para ser seu assistente de direção na novela "O Rei do Gado", exibida pela Globo entre 1996 e 1997. Sem nunca ter dirigido nada, Moura aceitou a proposta depois de alguma hesitação, e se mudou sozinho para o Rio de Janeiro. Sua então mulher e duas filhas pequenas se juntaram a ele meses depois.

George Moura também se tornou assistente do diretor José Luiz Villamarim, hoje responsável por toda a teledramaturgia da Globo. Mas acabou deixando a emissora para trabalhar com Luiz Fernando Carvalho nas filmagens de "Lavoura Arcaica", com Raul Cortez e Selton Mello.

Terminadas as filmagens, retornou à emissora, mas como jornalista no Fantástico, onde ficou três anos. Em 2001, foi um dos criadores do Linha Direta, que reconstitui casos policiais e teve uma nova temporada em 2023. E, em 2006, ele e o diretor Ricardo Waddington criaram Por Toda Minha Vida, que misturava jornalismo e ficção para contar a vida de grandes nomes da nossa música.

Por Toda a Minha Vida rendeu a Moura seis indicações ao Emmy Internacional de melhor roteiro, e também lhe abriu as portas para escrever minisséries. Hoje ele é um caso raro de autor que conseguiu fazer sucesso na televisão sem nunca ter participado da equipe de roteiristas de uma novela.

Em 26 de novembro passado, na cerimônia de abertura do 33º Cine Ceará, em Fortaleza, Moura recebeu das mãos da atriz Patricia Pillar o troféu Eusélio Oliveira, pelo conjunto da obra. "Quando a gente começa a receber esse tipo de homenagem, é sinal de que está ficando velho", ri Moura, em entrevista por videoconferência. "Dois dias depois desse prêmio, eu completei 60 anos de idade."

Mas George Moura não está aposentado, muito pelo contrário. É dele e de Sério Goldenberg a novela "Guerreiros do Sol", que está sendo gravada em locações na Bahia e em Alagoas. Será uma das principais atrações dos 60 anos da Globo, que serão celebrados em 2025.

"É uma história de amor livremente inspirada nos casais cangaceiros das décadas de 1920 e 1930", conta ele. "Não é uma biografia de Lampião, Maria Bonita, Corisco, Dadá, mas uma mistura de todos esses personagens históricos. Não é uma história de como o cangaço foi, mas de como poderia ter sido."

O casal principal é formado por Josué (Thomas Aquino, de "Os Outros") e Rosa (Isadora Cruz, de "Mar do Sertão"). Otília, a doce irmã de Rosa, é feita por Alice Carvalho, a Dinorá da série "Cangaço Novo" (Prime Video), em chave completamente diferente do papel que a tornou famosa.

A família de lavradores de Josué entra em conflito com o poderoso coronel Eloy (José de Abreu) e seu filho Idálio (Daniel de Oliveira), que são apoiados pela polícia pelo simples fato de serem ricos. E isso acaba empurrando Josué para o crime.

"Guerreiros do Sol" terá 45 capítulos, e deve chegar ao Globoplay em março de 2025. Na TV aberta, estreia em setembro do mesmo ano. A novela, ou maxisérie, também marca o retorno à emissora de Rogério Gomes, o Papinha, que dirigiu a primeira fase do remake de "Pantanal".

Casado há 24 anos com a jornalista e assessoria de imprensa Anna Luiza Müller, com quem tem dois filhos, já apresentou um novo projeto para a Globo. "Não posso falar ainda o que é. Estou aguardando resposta."