Tony Goes
Descrição de chapéu LGBTQIA+

Até que enfim: Cada vez mais famosos protestam contra lei que quer proibir casamento gay

Depois do silêncio inicial, artistas mostram que estão do lado certo da história

As cantoras Ivete Sangalo (esq.) e Anitta (dir.), que se posicionaram contra o PL que quer proibir casamento gay - Divulgação/Instagram

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A princípio, pareceu que iríamos reviver o clima das eleições presidenciais de 2018. Foi a época da campanha #EleNão, que aglutinou diversos setores da sociedade contrários ao então candidato Jair Bolsonaro.

Mas justamente um setor crucial não aderiu de imediato: a classe artística, ou pelo menos a parte dela considerada mais progressista. Nomes como Anitta e Ivete Sangalo se mantiveram em silêncio durante um bom tempo. Só manifestaram apoio ao #EleNão em cima da bucha, e muito por causa da pressão incessante dos fãs.

Cinco anos depois, o Brasil assiste a uma tentativa absurda de proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, um direito garantido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) desde 2011. Deputados de extrema direita conseguiram aprovar na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara um famigerado projeto de lei que acabaria com esse direito e retiraria qualquer proteção legal a milhares de casais homoafetivos. Não vou citar o nome de nenhum desses parlamentares, porque o que eles mais querem são os holofotes.

O PL 580/07 ainda tem que passar pelas comissões dos Direitos Humanos e de Constituição e Justiça, onde, segundo especialistas, tem grande chance de ser barrado. Se passar, ainda precisa ser colocado em pauta pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. Se aprovado em plenário, pode ser vetado pelo presidente Lula. E se não for vetado, pode ser derrubado pelo STF.

Ou seja: é bastante improvável que este despautério se concretize. Talvez seja por isso mesmo que tantas celebridades nem se deram ao trabalho de se posicionar, apesar das cobranças nas redes sociais. Para quê se indispor com a parcela mais reacionária do público, ainda mais por algo que nem deve acontecer?

Quando esse projeto de lei surgiu, praticamente só famosos da comunidade LGBTQIA+, ou profundamente ligados a ela, puseram a boca no trombone. Déa Lúcia, mãe de Paulo Gustavo, fez um discurso apaixonado contra o PL no programa Domingão com Huck (Globo), do qual participa como jurada, e arrancou aplausos da plateia. Ludmilla, casada com a bailarina Brunna Gonçalves, publicou uma postagem contundente. O casal Nanda Costa e Lan Lanh fez o mesmo. Colegas heterossexuais as apoiaram nos comentários, é verdade, mas sem se exporem demais.

Até que a aprovação do projeto de lei na primeira comissão da Câmara mostrou que o perigo é real, e que os apoiadores dos direitos igualitários não podiam mais fingir que nada estava acontecendo. Desde então, várias celebridades já externaram sua revolta, e a lista não para de crescer. Entre héteros e homossexuais, lá estão Christiane Torloni, Sergio Guizé, Alice Wegmann, Felipe Neto, Giovanna Ewbank, Luciano Huck, Marina Sena, Reynaldo Gianecchini, Gaby Amarantos, Juliette, Gil do Vigor, Duda Beat, Pabllo Vittar, Gloria Groove e o jornalista Marcelo Cosme, da GloboNews.

Até Ivete Sangalo e Anitta, tidas como "isentonas" por parte do público, deixaram claro de que lado estão. A primeira escreveu no Instagram: "Tão claro! Retroceder pra quê? Já não bastam as muitas guerras por conta do ódio, vai se construir uma por causa do amor? O bom mesmo é amar e ser feliz!". A segunda republicou um trecho do discurso que a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), uma das líderes da resistência ao PL homofóbico, fez na Comissão de Previdência e Assistência Social.

Melhor assim. Toda minoria discriminada precisa de aliados na maioria para conquistar os mesmos direitos de que essa maioria já desfruta. O apoio ao casamento homoafetivo já conta com o apoio da maioria dos brasileiros, e esse apoio cresce entre as parcelas mais jovens da população. Atores, cantores e outros artistas mostram que estão em sintonia com os tempos que correm. Além do mais, muitos têm seus rendimentos vindos diretamente do público LGBTQIA+.

A lamentar, só o silêncio ensurdecedor dos grandes astros sertanejos.