'Fuzuê' aposta no humor escrachado e ignora discussões mais profundas
Nova novela das 19h da Globo tem um grande desafio pela frente
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"Vai na Fé" terminou na sexta-feira passada (11) como um grande sucesso de público e crítica. A novela de Rosane Svartman conseguiu atrair um público jovem que pouco assiste à TV aberta, e soube discutir com leveza temas espinhosos como tolerância religiosa, racismo e assédio sexual.
Sua sucessora na faixa das 19h entrou no ar nesta segunda com uma proposta bem diferente. O primeiro folhetim assinado por Gustavo Reiz na Globo é uma comédia rasgada, com uma paleta de cores fortes e personagens um tom acima da vida real. Pelo que se viu no capítulo de estreia, é entretenimento puro, sem a menor intenção de se aprofundar em questões sérias.
Claro que esta é só a impressão causada por um único episódio, mas a própria divulgação da novela deu a entender que não teremos maiores encucações pela frente. O que não é ruim: num mundo cada vez mais complicado, precisamos todos de pelo menos uma horinha de sadia alienação todos os dias.
Nas redes sociais, "Fuzuê" caiu bem. Internautas elogiaram o ritmo ágil da trama, e com razão. As premissas básicas já ficaram claras: Luna (Giovana Cordeiro), a mocinha batalhadora do subúrbio, procura incansavelmente pela mãe, desaparecida há um ano dentro da Fuzuê, uma loja popular no centro do rio de Janeiro. Enquanto isto, a arrogante empresária Preciosa (Marina Ruy Barbosa) descobre que há um tesouro escondido dentro da Fuzuê, e quer por as mãos nele para se livrar da falência.
Ah, sim: as duas são meias-irmãs, filhas do mesmo pai. Uma ainda não conhece a outra, mas o encontro – ou a colisão – entre ambas não deve demorar.
A Fuzuê em si, principal cenário da história que leva seu nome, é uma loja muito mais bonita e sofisticada do que as que realmente existem na região carioca conhecida como Saara. Será que seu proprietário, o excêntrico Nero de Braga e Silva (Edson Celulari), foi inspirado por Luciano Hang, o folclórico "Véio da Havan"? Pelo menos, é o que sugere o terno verde do personagem.
Nero é pai de Miguel, que, já na estreia, esbarra em Luna dentro da loja e troca olhares fulminantes com ela. O jovem herdeiro é vivido por Nicolas Prattes, que, depois de vencer a segunda temporada de "The Masked Singer" e se destacar em "Todas as Flores", é a grande aposta da Globo para se tornar o próximo grande galã da TV brasileira. O rapaz tem talento e beleza para tanto.
Giovana Cordeiro também se saiu bem. A emissora vem se arriscando ao escalar atrizes pouco conhecidas como protagonistas de suas novelas, mas parece ter acertado desta vez.
Como costuma acontecer nos capítulos de estreia, os coadjuvantes tiveram pouco espaço. Só saberemos quais são as tramas paralelas mais adiante.
Mas uma coisa já ficou evidente: apesar de algumas situações dramáticas e personagens em chave pouco cômica – como a Bebel de Lília Cabral, a mãe de Preciosa – "Fuzuê" quer mesmo é fazer rir.
O primeiro capítulo termina com um assalto à loja, durante uma festa. Mas o clima tenso dura pouco. Os bandidos são facilmente dominados e o par central, que acabou de se conhecer, cai em cima de um bolo gigantesco, espalhando glacê cor-de-rosa para todos os lados. Literalmente, uma cena de pastelão.
Pelo jeito, o humor desbragado de "Fuzuê" agradou ao público. Dados preliminares apontam que a novela alcançou uma média de 24,1 pontos na Grande São Paulo, o principal mercado medido pelo IBOPE, com pico de 26,1 (nesta praça, cada ponto equivale a 206.674 pessoas).
São ótimos números para os tempos que correm, que contrariam quem esperava um fisco depois do fenômeno "Vai na Fé". Vamos ver se eles se mantêm.