Faustão na Band dá sinais de não ter fôlego para ser um programa diário
Fausto Silva perdeu metade da audiência que alcançou na estreia
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Depois de muita expectativa, Faustão na Band entrou no ar no dia 17 de janeiro. Havia meses que Fausto Silva deixara a Globo, e o público estava compreensivelmente com saudades.
Sua nova emissora não deixou por menos: fez uma campanha de lançamento que incluiu até bailarinas em pontos estratégicos de São Paulo, e ainda preparou um programa especial de estreia, com as presenças de Zeca Pagodinho, Seu Jorge e Thiaguinho.
Não deu outra: a primeira edição de Faustão na Band chegou a 8,3 pontos no Ibope na Grande São Paulo, a maior audiência da Band desde 2015. Amigos famosos e fãs anônimos do apresentador festejaram nas redes sociais.
Mas, já no dia seguinte, a audiência caiu pela metade. A Band voltou a seu habitual quarto lugar, apesar de registrar um resultado muito melhor do que com o programa do pastor R. R. Soares, antigo ocupante do horário.
A repercussão também diminuiu. A maior notícia depois da estreia foi o fato de Faustão e sua co-apresentadora Anne Lotterman terem contraído Covid-19 logo na primeira semana do programa no ar.
Na última sexta (18), Faustão na Band registrou apenas 2,4 pontos na Grande São Paulo, praticamente a metade de seu Ibope habitual. Os números foram divulgados no domingo (20) pelo colunista Ricardo Feltrin, do UOL, e ainda são preliminares. Mas não devem ser muito diferentes dos valores consolidados, que serão revelados nesta segunda-feira (21).
Pode ser apenas um acidente de percurso. Só que não havia nenhum evento especial nas emissoras concorrentes que justificasse uma fuga de espectadores. Esta oscilação sugere algo mais preocupante: Faustão na Band simplesmente não tem fôlego para ser exibido de segunda a sexta.
A nível mundial, são raros os programas de variedades com esta frequência, ainda mais no horário nobre. As razões são muitas, a começar pela dificuldade de produção. Não é mole erguer um grande show quase todo dia. Além disso, a assiduidade deixa o programa mais corriqueiro, menos único. Ele perde a aura de acontecimento imperdível que a exibição semanal proporciona.
Para piorar, o próprio Fausto Silva não tem ajudado. Já na época do Domingão na Globo, muitas vezes ele parecia estar em piloto automático no palco, sem grande interesse pelos convidados. Agora, então, ele delega com frequência as tarefas de anfitrião para Anne Lotterman e para seu filho João Guilherme, ambos sem a cancha necessária.
Faustão na Band é uma peça-chave na estratégia da Band de alavancar sua audiência como um todo. O maior objetivo, o programa já conseguiu: tirou da faixa mais nobre da emissora um programa religioso que funcionava como um buraco negro para a audiência e prejudicava tudo o que viesse a seguir. Também atraiu vários patrocinadores e alcançou uma média respeitável no Ibope, embora não espetacular.
Mas será sustentável a longo prazo? Faustão na Band não trouxe nenhuma grande novidade e, em diversas ocasiões, parece congelado nos anos 1980. O desânimo contagiante de Fausto Silva também é um perigo considerável.
Os próximos meses dirão se a Band fez uma aposta certeira, ou se a atração é apenas um paliativo cuja validade está a ponto de expirar.