Tony Goes

BBB 21: No pós-eliminação, Globo pega leve com negacionismo de Sarah

Só Ana Maria Braga confrontou a eliminada por declarações polêmicas

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O jornalismo da Globo vem fazendo um trabalho exemplar na pandemia. Antes mesmo do novo coronavírus chegar ao país, a emissora já vinha alertando sobre os perigos da Covid-19. Chegou a ser acusada de espalhar o pânico, quando estava apenas defendendo o uso de máscaras e o distanciamento social.

E, no entanto, a Globo passou pano para o negacionismo de Sarah Andrade, a eliminada desta terça (30) no Big Brother Brasil 21. A consultora de marketing largou como a grande favorita desta edição, mas sua popularidade se esfarelou depois que ela manifestou simpatia por Bolsonaro e minimizou os perigos da pandemia.

Nas mesmas semanas em que explodia o número de mortos por todo o Brasil, Sarah assumiu em frente às câmeras que frequentou festas na virada do ano com muita aglomeração e nenhum cuidado. Disse que não foi infectada porque Deus a ama, causando justificada indignação com tamanha insensibilidade.

A brasiliense acabou saindo do programa com 76, 76% dos votos, uma taxa expressiva de rejeição. Também contribuíram para sua queda, é lógico, o desentendimento que ela teve com sua ex-aliada Juliette Freire e a leitura equivocada que fez do jogo nos últimos dias.

Por alguma razão misteriosa, esta é a única narrativa que vem sendo construída na via-crúcis obrigatória dos eliminados do reality. Já na primeira parada, a conversa com Tiago Leifert logo após o Paredão, Sarah não precisou encarar seu negacionismo. O apresentador preferiu ressaltar que ela "se perdeu no jogo", e que seu maior erro teria sido apenas o atrito com Juliette.

Pouco depois, ao ser entrevistada por Ana Clara no Bate-Papo BBB, no Multishow, Sarah continuou sendo poupada. Nenhuma menção a suas declarações polêmicas. Sua eliminação pareceu se dever única e exclusivamente ao fã-clube de Juliette, de fato o mais organizado desta temporada.

Essas omissões poderiam ser casuais, mas o Mais Você desta quarta (31) pareceu confirmar que a Globo está mesmo minimizando o negacionismo de Sarah. No quadro Café com o Eliminado, Ana Maria Braga só citou as falas polêmicas de sua convidada nos dois últimos minutos do programa. Foi uma menção rápida, quase protocolar, sem nenhum aprofundamento. Sarah se limitou a pedir desculpas.

É compreensível que a emissora não diga a Sarah que ela começou a minguar nas preferências dos espectadores quando se revelou bolsonarista. Ia soar como uma provocação, ainda mais num momento em que o Brasil atravessa nada menos do que uma crise militar.

Mas não dá para entender por que a Globo, paladina de primeira hora no combate à desinformação sobre a pandemia, pegou tão leve com Sarah.

Teria sido educativo para muita gente –e, admito, catártico para alguns– ver a consultora boquiaberta e arrependida, sendo informada ao vivo sobre a amplitude da hecatombe em curso. Hecatombe que, com suas palavras e atitudes irresponsáveis, ela ajudou a intensificar.