Ataques e ameaças de morte a BBBs precisam parar
Não podemos admitir nem normalizar que qualquer telespectador envie ou publique mensagens de ódio
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Não é de hoje que participantes do Big Brother recebem ameaças de morte pela internet. Infelizmente. No BBB 21, Arthur Picoli foi vítima desse mesmo tipo de constrangimento. Lumena era ameaçada quase diariamente e recebia incontáveis mensagens de ódio, assim como as famílias de Projota e Karol Conká. No caso de Karol, os ataques atingiram também seu filho adolescente, que tinha 15 anos quando a artista participou do reality. Imagine o tanto que isso pode afetar a saúde mental de um garoto tão jovem.
O mais chocante, porém, foi o desabafo de Tamy Contro, esposa de Projota, que revelou que a filhinha do casal, que tinha pouco mais de um ano de idade à época, também estava sendo alvo de hate. Que tipo de criatura faz ameaças a um bebê porque não gosta ou discorda das atitudes de seu pai num programa de televisão?
A lista de brothers e sisters que passou por esse tipo de intimidação online é muito grande e inclui Rafa Kalimann, Gil do Vigor, Douglas Silva entre outros tantos. Na impossibilidade de falar com os que estão dentro da casa, os haters atacam todos os que estão do lado de fora, sejam amigos, parceiros, parentes, familiares, agentes. As pessoas querem despejar suas lixeiras lotadas de raiva no primeiro contato online que encontrar. É muita gente com total falta de letramento emocional.
Na edição atual, o BBB 24, as ameaças continuam ainda mais fortes. Zilu Camargo contou, com indignação, que sua filha Wanessa tem sido ameaçada de morte nas redes o tempo todo. Dado Dolabella, namorado de Wanessa, também fez denúncias semelhantes. Por pior que seja o comportamento de Wanessa no programa (e tem sido horrível mesmo), por mais absurdo que seja a paranoia ou preconceito em relação a Davi (o que não pode mesmo ser admitido), ninguém tem o direito de ameaçar a vida da cantora. Vivemos num estado democrático de direito e todas as questões precisam ser resolvidas à luz da lei, não por apedrejamento, seja na vida real ou no meio online.
Luiza Brunet, mãe de Yasmin, não apenas denunciou que a filha está sendo ameaçada como também criticou a Globo por não dar nenhum tipo de suporte. Por pior que seja a atuação de Yasmin na casa, nada justifica tanta agressividade.
A família de Rodriguinho também revelou as ameaças de morte que o pagodeiro vem sofrendo online e disse que medidas judiciais serão tomadas.
E precisam ser tomadas mesmo. Aliás, todos deveriam estar lutando contra esses absurdos, os participantes, seus familiares, a emissora, toda a sociedade.
Se um participante cometer crime na casa, seja de racismo, xenofobia, homofobia, assédio ou qualquer outra coisa, ele precisa ser denunciado e punido, sim. Mas é dentro da legalidade que se denuncia, julga e pune quem comete um ato ilícito, não 'por votação popular' nem por 'mensagem de ódio. Muita gente cruel, ignorante e desinformada parece estar confundindo o conceito metafórico de 'paredão' de eliminação com fuzilamento sumário.
Não podemos admitir nem normalizar que qualquer telespectador que não esteja curtindo a presença de um participante de reality envie ou publique mensagens ameaçando a integridade física dessas pessoas. Isso não é atitude de gente civilizada. Isso não é atitude nem de gente.
Sabemos que o país (e o mundo) vive tempos difíceis de polarização política, ódio social, intolerância racial e religiosa, guerras e toda sorte de desentendimentos. E agora até o entretenimento na TV aberta é contaminado por esse espírito belicoso, que está tomando conta de tudo.
Ou a gente se junta para impedir a proliferação crescente do ódio nas redes e na vida ou vamos ter que concordar com o delírio de quem interrompe o Carnaval para avisar que o apocalipse está chegando. Porque, olha, edição após edição, com ameaça de morte aos BBBs, é realmente o fim do mundo.