'Cine Holliúdy' ridiculariza negacionismo com epidemia de piolho
Em alusão a Bolsonaro, prefeito de Pitombas culpa artista chinês por doença e contraria protocolos sanitários
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No próximo episódio de "Cine Holliúdy", que vai ao ar pela Globo nesta quinta-feira (1º), Francis (Edmilson Filho) recebe um astro internacional para contracenar com ele nos seus filmes. Biro Lee (Ariclenes Barroso) vem diretamente da China para Pitombas, mas acaba não sendo bem recebido por Lindoso (Carri Costa) e seu estafe.
Com o surgimento de uma epidemia de piolho na cidade, o prefeito culpa o artista pela doença e também vai contra as orientações médicas de Dr. Odílio (Flávio Bauraqui), que recomenda o uso de touca e o isolamento social.
Qualquer semelhança com a realidade recente do país, evidentemente, não é mera coincidência. No primeiro episódio desta temporada, uma outra alusão à vida real, Socorro (Heloísa Périssé), que ocupava a prefeitura da cidade, foi ejetada do posto em uma ação orquestrada pelo presidente da Câmara, que lhe tomou a cadeira e foi acusado de golpe.
"Cine Holliúdy" segue sendo o único ponto de humor na programação da Globo capaz de sugerir críticas à política nacional, função que tradicionalmente teve espaço na dramaturgia da emissora, mas também em programas de humor da linha de shows, gênero hoje sem vaga na casa.
Nunca é demais notar que esse foi um segmento honrado por Chico Anysio, Jô Soares, TV Pirata, Casseta e Planeta, Tá no Ar e Zorra.
Já "Cine Holliúdy" ocupa um lugar que teve em "O Bem Amado", de Dias Gomes, seu expoente máximo. Mas a comédia aponta o dedo para a gestão passada, de Jair Bolsonaro, que como presidente, deixou de ser alvo de piadas da emissora desde 2020. Agora, falta um repertório de sátiras ao governo da vez, algo sempre útil para acusar os tropeços dos poderosos.