'Rebelde' chega à Netflix com elenco internacional e personagens fluidos
Brasileira Giovanna Grigio é uma das apostas para modernizar trama
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
"E sou rebelde quando insisto em mudar" é um verso que poderia se aplicar à nova versão da novelinha adolescente "Rebelde". Sucesso em toda a América Latina no começo dos anos 2000, a franquia volta em formato de série pelas mãos da Netflix a partir desta quarta-feira (5).
A história faz referência ao fenômeno que se tornou a versão mexicana (por sua vez baseada em um original argentino). O cenário ainda é a Elite Way School —ou EWS, como é chamada agora—, a mesma onde estudaram Mía (Anahí), Diego (Christopher von Uckermann), Roberta (Dulce María), Miguel (Alfonso Herrera), Lupita (Maite Perroni) e Giovanni (Christian Chávez).
Porém, a escola particular ganhou um banho de loja. Agora, a instituição é uma das maiores referências na área e recebe alunos de todo o mundo para disputar vagas em seu disputado programa de excelência em música —o que justifica a presença de alunos como a brasileira Emilia Alo, vivida por Giovanna Grigio.
"Eu não falava espanhol antes", confessa a atriz em entrevista por videoconferência ao F5. "Eu menti e disse que tinha um certo nível de espanhol, mas eu não falava nada. Quando fui aprovada, pensei: 'E agora?'. Tive que aprender para gravar. Foi um grande desafio."
O fato de a personagem ser brasileira ajudou. "Eu me sentia livre para improvisar", conta. "Mas fui melhorando ao longo do tempo e com a convivência e a ajuda dos grandes amigos que fiz no elenco, que me ensinaram muitas expressões."
Grigio, que ficou conhecida como a Mili da versão brasileira mais recente de "Chiquititas", exibida entre 2013 e 2015 pelo SBT, afirma que não viu muita diferença entre gravar uma produção brasileira e uma produção internacional. "A grande diferença é mesmo o idioma e as referências culturais", compara.
"A parte da interpretação e a relação com a equipe é mais ou menos igual", diz. "Agora, para mim, foi uma experiência muito intensa porque estava longe da minha família. Os colegas de elenco viraram basicamente a minha família aqui no México. Quando voltei ao Brasil fiquei até meio triste de deixar essa nova família aqui."
Na trama, Emilia se apresenta inicialmente como uma patricinha que teme perder o protagonismo na escola com a chegada dos novatos. Porém, a personagem não pode ser definida como uma vilã bidimensional. A relação com a tímida Andi (Lizeth Selene) parece redimi-la.
Tudo indica que as duas poderão se envolver romanticamente durante a trama, mas as atrizes preferem não dar spoilers. "Acho que o mais interessante da relação da Emilia e da Andi é que elas são muito diferentes, são opostas", adianta a brasileira. "E sabemos que os opostos se atraem. Podem esperar muito drama e muitas coisas bonitas."
"Estamos trazendo temas atuais da nova geração", comenta Selene. "Acho que as pessoas podem gostar. Somos oito personagens diferentes com as quais as pessoas poderão se identificar, vai ser interessante. Tem ainda uma energia nostálgica na série. Vamos ter uma linda jornada."
Essa é apenas uma das tramas que parecem trazer a série para a realidade atual. Outro personagem cuja sexualidade parece ser fluida é o argentino Luka, vivido por Franco Masini. Nos primeiros episódios, é dito que ele "saiu do armário", embora não fique clara qual é a orientação sexual dele.
"Acho que o que a série tem de melhor é esse conceito moderno de liberdade, algo que está muito presente no Luka", avalia o ator. "Isso é algo que é característico de todos os personagens da série, se eles têm vontade de fazer algo, não existe restrição."
"Acredito que os jovens de hoje passem muito por isso", prossegue. "Entre os adolescentes, ninguém aponta o dedo para dizer que alguém é isso ou aquilo. Luka leva isso com muita naturalidade na série."
O personagem, aliás, chamou a atenção do público antes mesmo da estreia por ter um sobrenome bem conhecido dos fãs de "Rebelde": Colucci, o mesmo de Mía na novelinha. O ator, no entanto, se esquiva de falar sobre o grau de parentesco entre os dois personagens. "Não posso adiantar nada", diz. "Só que tudo se passa dentro do mesmo universo."
Alejandro Puente, que interpreta o veterano Sebas, é menos discreto. "Nossa intenção e a dos criadores era criar um vínculo com a versão anterior", diz. Ele lembra que Estefanía Villarreal, que viveu uma das melhores amigas de Mía, volta como Celina Ferrer, a nova diretora do colégio.
Já Karla Cossío, que viveu a Pilar (filha do diretor Pascoal da versão anterior), faz uma participação como mãe da novata Jana Cohen (Azul Guaita). Ela chega ao colégio como ex-cantora infantil e namorada de Sebas, mas acaba se encantando pelo bolsista Estebán (Sergio Mayer Mori).
O veterano, claro, vai tentar melar a relação dos dois pombinhos. "Não sei se ele é vilão, mas é certamente controverso", avalia. "Tem gente que vai amá-lo e tem gente que vai odiá-lo completamente. Ele faz algumas travessuras, mas veremos se ele chegará a machucar os demais."
Para ele, o personagem vive uma realidade paralela. "Ele tem essa ideia de relacionamento perfeito de Instagram, quer estar com alguém com quem possa tirar fotos e andar de mãos dadas", diz. "A possibilidade de perder isso o deixa aterrorizado. Ele vai tentar recuperar esse amor a qualquer custo."
Outra das protagonistas é MJ, interpretada por Andrea Chaparro. A personagem morou muitos anos nos Estados Unidos e costuma ter dificuldade com algumas palavras em espanhol. "Eu morei na Califórnia por cinco anos, fiz o colegial por lá, consigo lidar melhor com a mudança de idiomas do que ela, mas ainda tem alguns resquícios dessa experiência", conta a atriz. "Quando você está lá, é muito mexicana. Quando volta, é muita americana."
MJ vem de uma família tradicional e muito religiosa, que quer que ela invista na música clássica. Porém, a personagem gosta mesmo é de um bom reggaeton. "Ela tem um passado conservador, é algo presente na vida dela, mas ela quer sair dessa bolha e ver o que mais tem no mundo."
Todos os atores entrevistados pelo F5 contaram ser fãs da versão mexicana —só Franco Masini citou o original argentino como sendo sua maior referência. "Eu era muito pequena e minha mãe não deixava eu ver. Eu ia na casa da minha prima e via escondida", conta Giovanna Grigio. "Foi algo que me marcou muito como cultura pop: as roupas, as músicas... Acho que foi assim com todos os brasileiros."
"Eu era muito novo, não vi a novela, mas vivi o fenômeno Rebelde", admite Alejandro Puente. "Acho que todos os mexicanos —e os brasileiros também— temos 'Rebelde' no nosso DNA. É uma novela que está tatuada na nossa pele."
"Até hoje me emociono vendo os shows no YouTube", conta Andrea Chaparro. "Às vezes assisto com a Azul e ficamos emocionadas de ver as pessoas vibrando com 'Rebelde'. É muito lindo!"
Mesmo fazendo reverências ao passado, os atores dizem que querem viver agora a própria história. "Estamos muito contentes com o nosso trabalho e com o time que formamos, esperamos que as pessoas possam acompanhar essa nova história", comenta Masini. "Espero que eles possam se conectar, seja pela nostalgia, pela moda, pela canção ou pelos personagens."
"Não procuramos repetir o sucesso da versão anterior", afirma Puente. "São momentos diferentes —imagina que não existiam nem redes sociais na época. Agora temos novas formas de contar histórias, seria uma honra que a nossa trama ressoasse com esse público novo."
"Não existe comparação", concorda Grigio. "O que os primeiros rebeldes fizeram foi algo extremamente único e icônico, que tinha muito a ver com a época. Acho que o mais bonito da série é que podemos trazer de volta esse universo e apresentar para uma nova geração, que esperamos que também se apaixone por ele. Não vai ser igual, mas será com o mesmo amor."