Boni diz que TV deveria manifestar opinião, mas sem manipular: 'Isenção não existe'
Um dos nomes mais conhecidos da televisão, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, estava afiado em sua entrevista ao "Morning Show", na rádio Jovem Pan, desta sexta-feira (18).
O diretor lembrou falou da cobertura política atual, do "Jornal Nacional", deu puxão de orelha no "Tá no Ar", com Marcelo Adnet, o possível fim da transmissão de futebol na TV aberta, explicou que não se preocupa com o sucesso de "Os Dez Mandamentos" e até lembrou da famosa edição no debate presidencial Collor x Lula, em 1989.
Confira abaixo os principais temas abordados na entrevista:
Coberturas políticas
As emissoras nos Estados Unidos tomam partido, no Brasil ainda não existe isso, mas acredito que é um direito que a emissora tem de manifestar sua opinião, não manipular, mas expressar sua opinião. As emissoras não tiveram ainda a coragem de manifestar o que pensam de forma explícita. Isenção não existe!
Todos os veículos estão cumprindo o sagrado dever de informar. Não vejo em nenhum, nenhuma tendência contra o Lula, pois o que as emissoras estão fazendo é defender o país.
Jornal Nacional
Quando você se torna muito informal, você deixa de ser institucional. Um jornal naquele horário não é igual ao do meio-dia, é jornal de horário oficial. Tudo o que tinha que ser dito já foi, ao invés de trazer novidade ele traz coisas mais sérias, aprofundadas, como se falando assim 'isso aqui é verdade'. Em outros países esse tipo de jornal é lido por um apresentador só, sem cacoetes, sem gracinhas, porque as pessoas querem saber se tudo o que foi falado no dia foi realmente verdade, o que é a verdade.
Debate Collor x Lula (1989)
O Collor foi preparado para o último debate na TV Bandeirantes com o Lula e eu fui o responsável pela preparação dele. O dr. Roberto Marinho me pediu, pois acreditava no Collor, não por ideologia, mas como todos nós acreditávamos, tínhamos esperança nele naquela época. A orientação, obviamente, era para que não houvesse nenhum tipo de edição favorecendo algum dos candidatos, mas, de repente, alguém da Redação mais "lulista" fez uma edição pró-Lula e isso foi exibido na primeira edição. O dr. Roberto evidentemente ficou furioso e mandou reeditar; e eu vejo que na primeira edição o Collor ganhou de 2 a 1 e na segunda edição de 7 a 1. Eu estava em Angra e tomei um susto! Não acredito que isso influenciou, pois a audiência mostrou que a maioria viu ao vivo, mais do que nas edições, mas claro que não é algo correto. Depois disso a Globo fez uma regra de nunca mais mexer em nenhum debate.
Tá no Ar
O humor na TV brasileira foi para o espaço. Perdemos o Chico, o Jô que não faz mais, o Casseta & Planeta. Eles (Casseta) não tinham estrutura (...). O Adnet tem um talento muito grande, mas um programa se faz com muitos escritores. Tem que ficar atento, quando ele brinca com a televisão, a televisão é pobre. Quando se faz uma paródia com o João Kleber, está fazendo paródia sobre nada, pois ninguém assiste ao programa dele. Vira uma piada interna, 90% das piadas do programa ninguém entende, pois ninguém sabe do que se trata.
Vídeo Show sem Monica Iozzi
Se olhar para a audiência do programa, antes da entrada dela, depois e após a saída, não teve alteração. É muito relativo. Pode influir, mas é preciso primeiro saber quem está assistindo ao programa nesse horário. Talvez a Globo não soube ainda identificar. A Monica é muito boa apresentadora, o "Vídeo Show" é um bom produtor, mas não sei se é adequado para aquele horário. Não é um apresentador que faz um programa ser bom, é se o programa é adequado para o horário.
Os Dez Mandamentos
A Globo não tem que se preocupar com isso, pois é difícil que a concorrência consiga produzir um outro "Os Dez Mandamentos" e não só um, tem que ter uma para as 18h, outro para as 19h, outro para as 21h... ''Os Dez Mandamentos' foi uma boa novela, Moisés é um bom personagem... Eu achava que tinha umas coisas até ridículas, aquelas pessoas de saia me incomodavam [risos]. Incomodou mas passa, assim como "Pantanal" também incomodou, mas passou.
Futebol na TV aberta
Acho ruim transmitir jogos de pouca importância, pois prejudica a principal atração da emissora, que é a novela (...). Acho que o correto, e que acontecerá, é que o futebol vai parar no cabo. As pessoas pagando para assistir. A televisão vai sair da rotina de transmitir futebol, com exceção das finais, jogos principais. Isso é algo que acontecerá com o tempo.
Teste do sofá?
Se isso existisse a televisão seria muito melhor que ela é, com gente muito mais bonita.
O filhinho, Boninho
Boninho é o melhor diretor de entretenimento que a Globo tem hoje. Muito carinhoso com as pessoas, detalhista, mas pai quer que o filho seja o melhor. Por isso dou uns puxões de orelha nele. Mas não dou conselhos para ele não, ele sabe o que faz, está extremamente atualizado de tudo. Ele faz direitinho.
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