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'Nós devemos respeito ao público', diz Benedito Ruy Barbosa, autor de 'Velho Chico'

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Com a trama rural e de época de “Velho Chico”, o autor Benedito Ruy Barbosa está embarcando na saga de "devolver o amor" à faixa das 21h.

Sucessora de “A Regra do Jogo”, a nova novela é como uma pausa nas tramas urbanas que ocuparam o horário nobre da Globo nos últimos anos e segue com a proposta de atrair o telespectador afugentado pelas cenas de violência e sexo que marcaram os folhetins anteriores. Conteúdo que, inclusive, desagradava o próprio autor.

"Há tempos atrás, eu via três, quatro novelas seguidas. Hoje já não consigo ver mais. Não estou fazendo crítica a ninguém, mas acho que nós precisamos resgatar a emoção. É essa emoção que faz você querer ver o capítulo de amanhã e de depois de amanhã", defendeu.

"Quando terminar o último capítulo, não fica aquela sensação de ‘esperei oito meses para ver isso?’. Nós devemos respeito ao público. Quando se faz uma novela, tem 80 milhões de pessoas assistindo. Você tem que saber que ali tem pai, mãe, avó, tio, e você tem que respeitar essa gente”, continou o autor, que se envolveu em polêmica na festa da novela, ao se dizer contra a inserção de personagens homossexuais.

O segredo para o autor está em resgatar as grandes paixões, como o amor impossível de Santo (Renato Goés/ Domingos Montagner) e Maria Tereza (Julia Dalavia/Camila Pitanga), casal "Romeu e Julieta" do vale do São Francisco.

Condão do amor

"Essa novela precisa, antes de mais nada, recuperar uma coisa chamada amor. O amor é a coisa mais linda que existe no mundo. Deus quando fez a mulher, se fez alguma coisa melhor, fez só para ele. Quando um homem ama uma mulher, o coração dele tá na palma da mão. É bonito ver esse sentimento proliferar numa sociedade carente de afeto. Estamos cada vez mais carentes de afeto: excesso de crimes, excesso de sacanagem, tudo isso é falta de amor. Essa novela tem o condão de trazer de volta para vocês, para nós brasileiros, uma coisa chamada bem-querer", exaltou.

Mas não é só de amores proibidos que "Velho Chico" se sustenta. A política brasileira é discutida através das disputas entre o coronel Afrânio (Rodrigo Santoro/Antônio Fagundes) e o Capitão Ernesto Rosa (Rodrigo Lombardi) e pelo político mau-caráter Carlos Eduardo (Rafael Vitti/Marcelo Serrado). Outro assunto abordado é a situação do rio São Francisco, que sofre com o problema do assoreamento.

"A novela não está fazendo apologia de nada ou de ninguém, mas está fazendo uma coisa vital: mostrar o que acontece com o rio que devia ser um orgulho nacional, mas é uma vergonha desse país. Hoje, você pega um barco daquele antigo e ele fica trancado na areia. O rio está assoreado. A vergonha são os milhões de reais que foram gastos lá, imensos terrenos lotados de canais que estão acabando. De repente, você tem tratores apodrecendo, pneus estragados, obras paradas".

Responsável pelo argumento da novela, cujos capítulos são escritos por sua filha, Edmara Barbosa, e por seu neto, Bruno Luperi, Benedito diz ter até o último capítulo já construído na cabeça. Trabalhando com uma frente de cerca de 50 capítulos já entregues, o autor conta que só divide spoiler do final com um ator no elenco. "O Antônio Fagundes já sabe o final", revela.

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