Aos 46, Malu Mader diz que se sente anacrônica e tem preguiça de falar com jovens
Por muitos anos, Malu Mader, 46, foi o que hoje seria o equivalente à "it girl" que será vivida por Sophie Charlotte, 23, em "Sangue Bom" (Globo), na qual ela também estará a partir de segunda-feira (29).
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Bonita, elegante e talentosa, ela lançava tendências com personagens icônicas como a Cláudia de "Fera Radical" (1988) e a Duda de "Top Model" (1989). Agora, interpretará a garçonete pobretona Rosemere, uma mãe extremamente dedicada, que vive para o filho adolescente Felipinho (Josafá Filho).
"Hoje em dia, quando você vai conversar com alguém mais jovem dá até uma certa preguiça", confessou. "São princípios diferentes, o jeito que você foi formado é outro."
"Às vezes dá uma sensação de anacronismo mesmo", admitiu. "Mas há de se achar um ponto em comum para a gente poder conversar."
"Eu ainda não tenho Facebook, não tenho Twitter, só uso o e-mail --e eu demorei um pouco para aprender", revelou. "Não tenho site, o único que existe meu é feito por fãs."
"Não estou falando que eu me orgulhe disso. Pelo contrário, eu quero me inteirar alguma hora", disse. "É como se há alguns anos sua avó dissesse que não sabia mexer na secretária eletrônica."
"Eu tive ao longo dos anos uma capacidade de autocrítica, de me reavaliar", afirmou. Eu não sou do tipo que diz: 'Sou assim mesmo, que se dane'. Tento dar um jeito de melhorar, principalmente para as pessoas que estão do nosso lado."
Malu estreou na televisão aos 16 anos em "Eu Prometo" (1983) e, desde muito cedo, fez sucesso. Mesmo assim, não gosta da comparação com os seis jovens protagonistas de sua nova novela.
Além de Sophie Charlotte, estão nos papéis principais da trama Marco Pigossi, 24, Fernanda Vasconcellos, 28, Humberto Carrão, 21, Jayme Matarazzo, 27, e Isabelle Drummond, 19.
"Quem tem talento, já é daquele jeito desde muito novo", elogiou, destacando que apesar da pouca idade nenhum deles é estreante. "E, mesmo que fossem, eu já vi atores jovens começando e que arrebentaram."
"Eu comecei um pouco mais acanhada", garante. "Será que é isso mesmo? Quando me elogiavam, eu sentia que ainda era cedo."
MÃEZONA
Casada com o titã Tony Bellotto, 52, a atriz disse que sua relação com o rebento da ficção é bem diferente da que tem com os dois filhos, os adolescentes João, 17, e Antonio, 15.
"É um papel que me remete muito à minha mãe", disse Malu, que acredita que os autores Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari tiveram informações a esse respeito. "Ela era uma mãe engraçada, de pagar mico, de fazer tudo para o filho. Era uma mãe dessas que faz coisas desmedidas."
"Minha mãe, talvez por não ter tido mãe, era uma mãe de imaginação, ela imaginou como seria ser mãe", explicou. "Que é muito parecido com o que é a Rosemere, apesar de eu ter tido um pai muito presente."
"Eu sou uma mãe muito dedicada, muito empenhada, dou tudo de mim também, mas a minha mãe era mais exagerada que eu", comparou.
"Meus filhos são críticos comigo", afirmou. "Eu gosto de ouvir o que eles têm a dizer a meu respeito. Quem está ao nosso lado, serve para apontar o que não está legal."
Sobre a personagem, ela disse ainda que Rosemere é difícil de classificar.
"Ela não é heroína, não é vilã e também não apresenta as características clássicas da anti-heroína, no sentido de ser amoral", contou. "Nessa tentativa de viver para o filho, ela erra bastante, na minha opinião. Mas sempre tentando dar tudo, tentando acertar."
Rosemere engravida de Perácio (Felipe Camargo) na primeira vez que transa por dinheiro --durante um período de dificuldade, ela resolve ser garota de programa. Aos trancos e barrancos, ela cria o filho sozinha.
"É uma dificuldade muito manjada, porque é uma dificuldade de 90% das mulheres do Brasil", comentou. "Não só de mulheres das favelas, das comunidades, carentes, mas também de elite e de classe média."
"É novidade agora esses homens que trocam fralda, que estão presentes", afirmou. "O homem quando é muito bom pai todo mundo valoriza e acha o máximo. Uma mãe que é boa mãe não faz mais que a obrigação. Uma atriz que vai para uma locação e fica lá dois meses é escorraçada, considerada uma péssima mãe."
"Ou seja, vivemos realmente em um mundo machista", concluiu. "A mulher conquistou seu espaço, mas ainda tem tanta coisa para ser conquistada. No Brasil e no mundo, a maior parte dos homens é ausente."
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