SPFW

Iódice festeja 30 anos com versão asseada de fetichismo

Look da Iódice, que abriu a SPFW neste domingo (27) com desfile no Palácio Tangará
Look da Iódice, que abriu a SPFW neste domingo (27) com desfile no Palácio Tangará - Ciça Neder/Brazil Photo Press/Folhapress


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Selo SPFW

O que as mulheres gostam de vestir? Por muito tempo, quase 30 anos, Valdemar Iódice acreditou que seriam fendas, brilho e muito couro. Os tempos são outros, e a mulher-gato curvilínea foi substituída por uma comportada, com pinta de galerista de arte moderninha.

A clientela, porém, é a mesma: mulheres da elite paulistana, que podem pagar alto por um vestido da marca. Foram elas que encheram o Palácio Tangará, hotel de luxo na zona sul, para o desfile que abriu oficialmente a 44ª São Paulo Fashion Week, no domingo (27).

Entre goles de espumante, lambidas em sorvete premium e mordidas em peras enroladas no presunto cru, não havia espaço para assuntos fora do círculo da moda e do motivo da festa. Emocionado nas coxias, Iódice dizia que a efeméride é mais importante que a coleção em si. Fez todo sentido no desfile.

Havia menos do legado da marca do que se esperava. A tropical art (arte tropical) que Iódice diz propor na coleção é um emaranhado de grafismos aplicados em vestidos esvoaçantes. O brilho de outrora estava ali, às vezes pontual, outras exageradamente colado nos decotes de paetês prateados.

O estilista não economizou na matéria-prima. Haja cetim de seda, crepe e vinil para tantas variações da mesma ideia, tingida majoritariamente com amarelo mostarda, off-white e verde horizon, tipo mentolado. A estética selvagem das franjas, fendas e decotes que fizeram fama entre celebridades do universo SBT/Record apareceu, mas contraposta a silhuetas alongadas e largas.

Um redemoinho de estampas coloridas (o tropical do nome da coleção) e rendas aplicadas com precisão matemática, para nenhuma pele fora do lugar aparecer, completam o estudo imagético.

O bloco mais interessante do desfile é justamente o das bases mais bem trabalhadas à mão. Rendas e crochês em tons terrosos combinadas a bolsas tricolores com alças de macramê produziram a imagem de elegância tropical pretendida pelo estilista e por seu braço direito, Simone Nunes.

Nesta coleção, aliás, há mais a mão de Nunes, contratada em 2015 para gerenciar o estilo da marca, que o Iódice way of life um tom fetichista que, levando em conta as escolhas recentes do patriarca da etiqueta, parece não agradar mais às mulheres.

Todos os elementos da história da Iódice parecem ter sido embalados em uma camada de seda higienizadora, asseada e pálida, como as paredes e o piso do Tangará.

Poucas marcas conseguem sobreviver por tanto tempo, disse Iódice sobre a conquista das três décadas. Saber a hora de mudar o figurino talvez seja a melhor forma de conseguir.

Colaborou GIULIANA MESQUITA


IÓDICE

AVALIAÇÃO bom


DESFILES DE SEGUNDA (28)

10h

Uma Raquel Davidowicz

11h30

Paula Raia

15h

Osklen

16h30

Vix Paula Hermanny

17h30

Fabiana Milazzo

18h30

João Pimenta

19h30

Lilly Sarti

20h30

Triya


SPFW N44

QUANDO até 31/8

ONDE  Bienal do Ibirapuera, apenas para convidados

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