Tony Goes

Fora do armário, Ricky Martin mantém a histeria das fãs

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Foi um passo arriscado, e talvez não programado. Há rumores de que Ricky Martin estaria sendo chantageado por um fotógrafo, que pedia uma grana preta para não divulgar certas imagens comprometedoras. O cantor se encheu de coragem e confirmou de uma vez os boatos que o perseguiam há anos: "sou um homem gay de sorte".

E aí aconteceu exatamente o contrário do que eu temia. Ricky Martin voltou a ser relevante, depois de um longo período na moita. Não há precedente de um astro latino de sua magnitude que tenha se assumido publicamente. No pop cantado em inglês, muito menos machista, Goerge Michael viu sua carreira murchar e Adam Lambert nem chegou a estourar direito.

A confissão fez bem para a carreira de Ricky. Sua autobiografia "Eu" se tornou um best-seller em várias línguas e o disco "Música + Alma + Sexo" é o melhor de sua carreira. E seu público não só não o abandonou, como o apóia plenamente.

Quer dizer, apoio é pouco. Dá para dizer que seus fãs ainda morrem de tesão por ele. Isto ficou claríssimo na plateia do Credicard Hall, onde Ricky Martin se apresentou nesta sexta-feira. Está certo que uns 30% dos presentes eram rapazes gays, mas os outros 70% eram mulheres. E nenhuma delas parecia dar a mínima pelo ídolo da infância --algumas o acompanham desde o Menudo-- não fingir mais que tem interesse sexual por elas.

O show teve um cunho surpreendentemente político. Ricky até tenta universalizar sua mensagem, dizendo que somos todos iguais e tentando incluir racismo e outros preconceitos nos vídeos que pontuam os intervalos, quando sai de cena para trocar de roupa. Mas o concerto é mesmo uma celebração de sua saída do armário.

O cenário é composto por jaulas, e no começo tive a impressão de que os bailarinos eram todos homens, go-go boys escapados de uma boate. Mas depois alguns se revelam mulheres, e Ricky não se furta a dançar, flertar y otras cositas más com cada uma delas. Suas letras ainda falam de amor por moças, mesmo as do disco novo. Mas seu corpo, seu gingado, suas roupas apertadas, nada deixa a menor dúvida: ele é gay, e se sente muito bem com isto.

A plateia também se sente. Ricky Martin talvez seja o maior showman vivo do mundo. Tem o pacote completo: canta bem, dança melhor, tem um corpão, um sorriso iluminado e muito carisma. Também tem prazer de estar no palco. Suas fãs sabem que não vão levá-lo para a cama, mas nem ligam. Só vê-lo em cena já é um ato erótico por si mesmo.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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