Anitta tem chances de fazer carreira internacional?
Poucos hão de discordar que a música é a vertente da cultura brasileira mais conhecida no resto do mundo. O samba e a bossa nova influenciam outros ritmos, e são ouvidos em qualquer lugar do planeta. Artistas como Marisa Monte e Caetano Veloso atraem multidões em suas turnês pelo exterior.
E, no entanto, o Brasil produziu uma única superstar a nível global: Carmen Miranda, que morreu há mais de 60 anos. A razão para isto é simples. Carmen se mudou para os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, aproveitando a “política da boa vizinhança” do governo Harry S. Truman (1945-1953) para com a América Latina. Primeiro foi para a Broadway, depois para Hollywood. Estrelou dezenas de filmes e acabou se transformando num ícone.
Outras cantoras nossas se estabeleceram no estrangeiro, até com algum sucesso. Astrud Gilberto, a voz original de “Garota de Ipanema”, hoje em dia é mais conhecida fora do Brasil do que dentro. Sua sobrinha Bebel Gilberto já morava em Nova York quando engatou carreira para valer e, apesar de ter vendido muitos CDs, nunca deixou de ser meio cult.
Só agora temos uma candidata séria ao estrelato mundial: Anitta, que na sexta passada (26) fez sua estreia na TV americana ao se apresentar no talk show de Jimmy Fallon, ao lado da rapper australiana Iggy Azalea.
Foi a primeira artista brasileira a aparecer no programa. Também é a nossa única conterrânea contratada pela agência William Morris, que gerencia alguns dos maiores nomes do showbiz internacional.
Isto não aconteceu do dia para a noite. Há pelo menos um ano e meio que Anitta vem tendo aulas de inglês e espanhol. Também faz visitas frequentes aos EUA, para estabelecer contatos e dar a conhecer pessoalmente.
Nada disso seria possível sem a internet. Foram os milhões de visualizações de clipes como “Show das Poderosas” e “Bang” que chamaram a atenção do blogueiro de celebridades Perez Hilton, que se gaba de ter ajudado a lançar Lady Gaga e Katy Perry.
Claro que só a notoriedade na rede não basta. O mercado americano é hipercompetitivo. Para cada Rihanna que consegue “chegar lá”, há dezenas de outras igualmente bonitas e talentosas que, no entanto, ficaram pelo caminho. A própria Iggy Azalea, depois de um começo fulgurante dois anos atrás, vinha colecionando fracassos.
Mas, por enquanto, Anitta não deu um passo em falso. Além da participação em “Switch”, o novo single de Azalea, ainda lançou “Sim ou Não”, um dueto bilíngue com o colombiano Maluma, a sensação do momento no hit parade latino. Anitta também acaba de gravar o clipe de “Paradinha”, em Nova York, sua primeira música totalmente em espanhol (menos no título...).
Anitta tem muito mais voz que “rivais” como Britney Spears ou Jennifer Lopez. Além disso, é bonita, charmosa, ótima dançarina e dona de um eterno alto astral. Também se dedica à carreira com a disciplina de Madonna.
Será que basta para repetir os passos de Shakira, a única sul-americana a entrar para o seleto clube das megadivas? Não: também vai precisar de sorte, é óbvio. Na prática, terá que emplacar pelo menos um grande sucesso planetário até o final do ano que vem. Mas já está trabalhando para isto.
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