O streaming ameaça não só a TV a cabo, mas também os cinemas
Muito tem se falado do perigo que as plataformas de streaming representam para a TV a cabo. Afinal, por que é que o consumidor pagaria algumas centenas de reais para ter um monte de canais que ele não quer assistir, quando pode assinar um serviço online por uma fração desse valor?
Não é por outra razão que programadoras como a Fox, a HBO e a Globosat estão investindo pesado em seus próprios aplicativos, que podem ser assinados individualmente.
Mas não é só o antigo modelo de negócios dos canais pagos que corre risco de extinção. À medida que cada vez mais filmes estreiam direto nas plataformas de streaming —especialmente na Netflix— as salas de exibição vão ficando com cara de relíquias.
Claro que esta não é a primeira vez que se anuncia o fim dos cinemas. Desde o advento da televisão, mais de meio século atrás, que se diz que eles estão com os dias contados.
E, no entanto, o circuito exibidor vem crescendo. As salas de rua desapareceram quase todas, é verdade, mas os multiplexes se alastraram pelos shoppings Brasil afora.
Também cresceram os atrativos para se assistir a um blockbuster no cinema: telas gigantes, som espetacular, poltronas que reclinam até quase virarem camas, efeitos mil.
Mesmo assim, é cada vez maior o número de títulos de prestígio que está simplesmente pulando essa janela, como se diz no jargão da indústria.
O fenômeno começou com documentários e filmes de baixo orçamento, que dificilmente teriam retorno nas bilheterias. É o caso de "Já Não Me Sinto em Casa Neste Mundo", que venceu em janeiro o prestigioso festival de Sundance, o maior do cinema independente americano, e já está disponível mundialmente na Netflix.
Só que agora o jogo mudou de patamar. A mesma Netflix acaba de anunciar que lançará os próximos filmes de peso-pesados como o diretor Martin Scorsese ("The Irishman") e os astros Brad Pitt ("The War Machine") e Will Smith ("Bright"). Nenhum desses títulos deverá passar nos cinemas.
Já a Amazon, cuja plataforma Prime Video é concorrente da Netflix, adota uma estratégia diferente. A gigante da internet co-produziu o longa "Manchester à Beira-Mar", recém-premiado com os Oscars de melhor roteiro original e melhor ator. Mas preferiu fazer um lançamento convencional, na tela grande, antes de exibi-lo online (o que também permitiu ao filme concorrer aos troféus da Academia).
Será então que os cinemas, uma atração popular há mais de cem anos, estão pela bola sete? Provavelmente, não. Eles ainda são um excelente pretexto para os adolescentes saírem de casa, e as superproduções realmente ficam melhores quando vistas na telona.
Mas a quantidade de talentos consagrados que está migrando para o streaming é significativa. Porque os hábitos do espectador estão mudando, graças ao avanço da tecnologia, e o showbiz precisa correr atrás.
Comentários
Ver todos os comentários