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Lady Gaga faz show 'ridículo' no Super Bowl, mas frustra quem esperava mais política

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"Palmas, palmas, o Tocantins inteiro para você, Lady Gaga. Você é ridícula!"

Foi o que disse o locutor da ESPN Everaldo Marques assim que terminou o show da cantora durante o intervalo do Super Bowl, na noite de domingo (5). Também foi o que bastou para os little monsters pegarem em tochas e ancinhos.

Desacostumados a assistir aos canais de esportes, os fãs de Lady Gaga correram às redes sociais para jogar pedras virtuais no comentarista. Mal sabiam os monstrinhos que ridículo é o bordão utilizado por ele toda vez que quer elogiar alguma coisa.

Everaldo Marques correu ao Twitter para se justificar, e ainda falou ao vivo sobre a origem da expressão. Alguns ânimos se apaziguaram; outros estão ofendidos até agora, o que era de se esperar numa época em que até as cantigas de ninar são problematizadas.

Esta não foi a única polêmica que envolveu a espetacular apresentação de Lady Gaga. Tecnicamente impecável e musicalmente delicioso, o breve interlúdio - apenas 13 minutos - frustrou quem esperava uma tomada de posição contra o governo Trump.

Não houve dois homens se beijando no palco, não teve mulher de burca, não subiram um muro para depois derrubá-lo. O único momento explicitamente político veio logo no começo: Gaga cantou 'God Bless America' ('Deus abençoe a América') e clamou pela união de todos seus concidadãos.

Ela bem que avisou que não gritaria palavras de ordem nem empunharia cartazes. Isto, a cantora costuma fazer fora de seus shows: foi protestar em frente à Trump Tower, em Nova York, e apoiou Hillary Clinton na última eleição americana.

Mas, em cena, Gaga nunca se volta contra alvos específicos. Sua mensagem é mais genérica e difusa: igualdade, empoderamento, liberdade para ser quem você é.

Nesse ponto, a artista foi coerente consigo mesma. Também pode ter sido prudente: o Super Bowl de 2017 foi realizado no Texas, um dos estados mais ardentemente vermelhos (republicanos) dos EUA. Rodeada por milhares de eleitores de Donald Trump, Gaga preferiu não afrontá-los.

O resultado foi que até Ivanka, a filha mais velha do presidente, elogiou a performance da cantora no Twitter.

Mas a dúvida permanece: será que Lady Gaga fez bem em apaziguar seu dividido país, ainda que por apenas uma noite? Ou produziu apenas um momento de brilho fugaz, quando poderia ter entrado para a história?

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Lady Gaga durante apresentação no intervalo do Super Bowl 51, no NRG Stadium em Houston, Texas. - Bob Levey; AFP


Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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