Tony Goes

Despedida de Gisele Bündchen tem uma ponta de melancolia

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O último desfile de Gisele Bündchen pode não ter sido o último. A über-model avisou que só está se aposentando do calendário regular das semanas de moda: eventualmente irá encarar uma passarela, em ocasiões especiais e para causas idem.

Neste ponto sua despedida lembra uma outra, a de Pelé. O rei do futebol encerrou oficialmente sua carreira com uma grande festa-jogo em 1977, nos Estados Unidos, onde ele integrava o time do Cosmos. Só que não: Pelé continuou jogando em amistosos por mais alguns anos.

Claro que a carreira de Gisele está longe de terminar. Aos 34 anos e com quase 20 de estrada, ela já tem uma das mais longas e certamente a mais bem sucedida trajetória de modelo de todos os tempos.

Na verdade, a moça leva duas carreiras simultâneas. Nos Estados Unidos sua imagem está associada a marcas de luxo, enquanto que no Brasil ela trabalha como garota-propaganda de lojas populares e inúmeros produtos de consumo.

E como vende essa mulher. Não é à toa que até fabricantes de remédios para resfriado sonham em tê-la em seus anúncios.


Gisele conquistou uma façanha rara no mundinho fashion: tornou-se um "household name", aquele tipo de celebridade que até a sua avó conhece pelo nome. Isto vai lhe garantir quilometragem por pelo menos mais uma década.

Mas os desfiles vão ficar no passado. É bastante compreensível: são maratonas exaustivas que demandam um tremendo esforço físico das modelos. Numa semana elas têm que estar em Paris, na outra em Tóquio. Comendo pouco, dormindo pouco e ainda tendo que ouvir que estão com celulite.

Gisele não precisa mais disso. Ganha mais numa sessão de fotos, e já amealhou uma fortuna considerável. Além disso, agora é mãe de dois filhos pequenos. Para quê, não é mesmo?

As passarelas vão sentir sua falta. Apesar da enxurrada de caras novas todos os anos, ainda não despontou a próxima Gisele. Ninguém reúne beleza, carisma e noção do próprio corpo como a gaúcha. Ela nasceu pronta, sabendo se posicionar para a câmera ou como dar um pivô. Parece pouco, mas é um talento raríssimo.


Fora que é luminosa. Só a vi pessoalmente uma única vez, num camarote no sambódromo do Rio de Janeiro. Mesmo cercada por amigos e seguranças, ela brilhava como se emitisse luz própria.

Seu derradeiro desfile na SPFW, nesta quarta (15), foi uma comoção. Agora ela terá mais tempo para cuidar de si mesma e da família, e também de se aventurar por novos caminhos. Só espero que não precise usar muito a voz, talvez seu único ponto fraco.

Mas sua despedida também tem uma ponta de melancolia. Porque ela nos lembra que o tempo passa para todo mundo, e que ninguém está ficando mais jovem. Nem ela, nem eu e nem você.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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