Tony Goes

Emmys ignora variedade da TV americana e premia mais do mesmo

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Todo mundo reclama da caretice do Oscar. Da lentidão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em reconhecer novidades como, por exemplo, Quentin Tarantino (que já ganhou como roteirista, mas nunca como diretor). Mas pelo menos existe alguma variedade na premiação: a situação talvez fosse pior se os mesmos nomes concorressem todo ano.

É o que acontece nos Emmys. Na cerimônia de segunda-feira (25), as categorias principais do "Oscar da TV" —drama e comédia— reprisaram todos os seus vencedores. Entre os atores, só Allison Janney ganhou por um papel pelo qual nunca tinha vencido antes (pela série cômica "Mom"). Mesmo assim, foi o sexto troféu da carreira da atriz.

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Não vou reclamar de mais um triunfo de "Breaking Bad" (que também teve todo seu elenco principal premiado novamente). A saga de Walter White é realmente um dos melhores programas de todos os tempos. Mas seus produtores cometeram uma pequena malandragem: dividiram a última temporada em duas. A primeira parte foi exibida a tempo de concorrer aos Emmys de 2013, e a segunda, aos de 2014. Resultado: duas vitórias consecutivas.

E o que dizer do quinto Emmy seguido para "Modern Family"? A série continua ótima, mesmo com tanto tempo no ar. Mas a que realmente marcou o ano que passou foi "Orange is the New Black", a "dramédia" sobre uma prisão feminina exibida pela Netlfix.


A cerimônia em si tampouco foi grande coisa. Talvez por culpa das limitações do apresentador Seth Meyers, totalmente desprovido de dotes musicais. Ao contrário de antecessores como Neil Patrick Harris ou Jimmy Fallon, o rapaz não protagonizou nenhum grande número no palco, limitando-se a contar piadas (boas, é verdade).

Foi divertido o esquete que Meyers fez com Billy Eichner, sensação da TV a cabo e da internet, correndo pelas ruas de Nova York e assustando os transeuntes com perguntas sobre a premiação. Menos acessível aos espectadores brasileiros foi a participação do cantor satírico Al "Weird" Yankovic, que criou letras absurdas para os temas instrumentais de séries como "Mad Men" e "Game of Thrones".

Mas o momento mais marcante foi mesmo o beijaço que Bryan Cranston (melhor ator dramático por "Breaking Bad') tascou em Julia Louis-Dreyfus (melhor atriz cômica por "Veep"). Claro que foi tudo previamente combinado, e com a aprovação dos respectivos cônjuges. Só que na hora pareceu espontâneo, e rendeu manchetes no mundo inteiro (inclusive aqui no "F5").

Mesmo assim, foi pouco. Este Emmy poderia ter feito história ao premiar Matthew McConnaughey por "True Detective" —ele teria sido o primeiro ator a vencer os prêmios máximos da TV e do cinema no mesmo ano (ganhou um Oscar por "Clube de Compras Dallas" em março passado).

Mas, para variar, a Academia da Televisão preferiu ser conservadora. Premiou mais do mesmo, ignorando a variedade e a qualidade do momento atual da TV americana. Será que algum dia irão perceber que quem perde com isto são os próprios Emmys?

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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