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Woody Allen versus Mia Farrow: de que lado você está?

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Nada como uma briga mal resolvida. Mais de 20 anos depois, a separação entre Mia Farrow e Woody Allen volta a ocupar as manchetes do mundo inteiro.

O caso reemergiu em outubro do ano passado, quando a revista "Vanity Fair" publicou um longo perfil da atriz. A matéria incluía as mesmas acusações de assédio sexual que sua filha Dylan Farrow repete agora contra Woody, mas na época ninguém deu muita atenção.

Quase todo mundo focou na admissão de Mia de que o filho que teve com Allen talvez não fosse dele. O pai de Ronan poderia ser Frank Sinatra, com quem Mia esteve casada nos anos 60 e de quem, pelo jeito, nunca se afastou.

Mas a recente premiação do Globo de Ouro serviu para atiçar a ira do clã Farrow. O diretor (representado na cerimônia por sua também ex-namorada Diane Keaton) recebeu um troféu pelo conjunto da obra. Mia e Ronan correram ao Twitter para manifestar seu asco.

Na semana passada, o colunista Nicholas Kristof —um dos mais respeitados do "New York Times"— publicou em seu espaço no jornal uma carta aberta de Dylan, onde ela reclama da proteção que os poderosos de Hollywood dariam a seu pai.

Crédito: Frances Silver/The New York Times Dylan, filha de Woody Allen
Dylan, filha de Woody Allen

O texto teve uma repercussão enorme, e Woody Allen —que normalmente mantém um perfil discretíssimo— não só rebateu-as com firmeza como despachou seu advogado para defendê-lo num programa matinal da TV americana.

Enquanto isto, como costuma acontecer ultimamente, a internet se dividiu em duas. De um lado estão os que acreditam piamente na história de Dylan, que diz ter sido molestada pelo pai quando tinha sete anos de idade. Detalhe: o episódio teria acontecido depois do diretor já ter se separado de sua mãe, quando ambos brigavam nos tribunais pela guarda dos filhos.

Do outro lado estão os que preferem confiar em Allen. Afinal, um cara que fez filmes tão sensíveis como "Manhattan" ou "Meia-Noite em Paris" não pode ser um pedófilo, não é mesmo?

Vi gente que se dizia amiga se digladiando nas redes sociais. O time de Mia xinga o outro lado de machista e brutamontes. O time do cineasta lembra de casos de acusações injustas de pedofilia, como o da Escola Base.

O fato é que não há como saber, com toda certeza, quem está falando a verdade nesta confusão. Só dá para dar palpite.

Não vou me furtar a dar o meu. Fico com Woody Allen: acho que Mia, sentindo-se desprezada e ultrajada ao ser trocada pela filha adotiva Soon-Yi Previn (que não era nada do diretor, é bom lembrar), fez a cabeça de Dylan.

Claro que é horrível um homem de 55 anos (a idade dele em 1992) se mandar com a filha de 19 (ou 21 —a data de nascimento de Soon-Yi é incerta) da namorada. Mas não chega a ser um crime.

Tenho cá comigo que Mia carregou nas tintas, no intuito desesperado de mandar Woody Allen para a cadeia. Claro que posso estar completamente equivocado.

E você? De que lado está?

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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