Adnet estreia novo quadro, mas continua um corpo estranho no "Fantástico"
Marcelo Adnet estreou pela terceira vez na Globo, na noite deste domingo (4). E, também pela terceira vez, o resultado causou uma certa estranheza.
A primeira estreia foi em abril, no seriado "O Dentista Mascarado". Recém-saído da MTV e anunciado como a grande contratação do ano, Adnet foi apresentado ao público da maior emissora do país num formato que não dominava: o das séries roteirizadas, com pouco espaço para o improviso.
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O programa tinha ideias ousadas e elenco competente, mas o total era menor que a soma das partes. A crítica caiu de pau. A audiência minguou de uma semana para a outra. E a culpa pelo fracasso caiu sobre os ombros de Adnet.
Antes mesmo do final da temporada do "Dentista", a Globo despachou o rapaz para o Fantástico. A ideia era deixá-lo livre para criar dentro de um assunto que ele adora, o futebol.
Seus comentários sobre a Copa das Confederações, misturando música e imitações, já deram uma ideia muito mais precisa de seu talento. Mas não foram unanimidade. As redes sociais se encheram de comentários reclamando que Adnet era mais engraçado na antiga casa, ou até mesmo questionando sua ida para a Globo.
O mesmo tipo de comentário pipocou na rede ontem à noite, logo depois da estreia do novo quadro de Adnet no "Fantástico". Aproveitando o 40º aniversário do programa, o humorista vai recriar videoclipes que marcaram época, atualizando as letras das canções.
O primeiro contemplado foi "Homem com H", sucesso de Ney Matogrosso em 1981. Adnet captou o gestual e o olhar "que não pisca" do cantor, e transformou a letra original num manifesto contra a infame "cura gay".
Mas teve graça? Teve. Um pouco. Não o suficiente para sossegar muitos internautas, que continuam alegando que ele era melhor quando estava na MTV.
Acontece que o número exibido ontem era muito parecido com os que Adnet fazia no "Comédia MTV". Tinha até mais apelo popular do que esquetes sofisticados que foram endeusados pela crítica, como "Indiretas Já", a sensacional paródia de "Roda Viva" num festival da Record dos anos 60.
E aí chegamos ao x do problema. Será que, como Rafinha Bastos, o humor de Marcelo Adnet não se adequa melhor à TV paga? OK, a MTV (ainda) tem o sinal aberto, mas seus números no Ibope a qualificam como uma emissora de nicho.
Falando para um público pequeno, Adnet teve lá a chance de mostrar do que é capaz. Essa capacidade toda pode não bastar quando o objetivo é alcançar uma audiência expressiva.
Talvez Adnet só desabroche quando ganhar um programa próprio. Mas será que a Globo tem coragem de bancar uma aventura dessas, depois de abortar projetos como o "Junto & Misturado", de linha humorística semelhante?
Talvez também seja cedo para julgar. O novo quadro musical teve apenas um episódio, e é bem possível que Adnet acerte o tom nas próximas tentativas. Eu torço por isto.
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