Roberto Carlos tem voz de veludo e mãos de tesoura
Já vimos este filme antes. Ou melhor, escutamos esta música. Mais uma vez, Roberto Carlos está tentando tirar de circulação um livro que fala dele.
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Em 2007, o "rei" conseguiu retirar das livrarias o excelente "Roberto Carlos em Detalhes", de Paulo César de Araújo. Um ato digno da ditadura, e francamente inútil: quem quiser ler o livro pode baixá-lo da internet.
Agora Roberto ataca novamente. Dessa vez o alvo é "Jovem Guarda, Música e Juventude", uma tese de mestrado assinada por Maíra Zimmerman.
A notificação enviada à editora pelos advogados do cantor alega até mesmo que a capa da obra "contém caricatura do notificante e dos principais integrantes da jovem guarda sem que eles nem sequer fossem notificados".
Epa, como assim? Então agora é preciso pedir autorização para se publicar uma caricatura de alguém?
Um despautério desses seria impensável nos Estados Unidos, onde reina a mais completa liberdade de expressão.
Mas no Brasil a coisa é diferente. Afinal, estamos no país onde uma celebridade como Silvio Santos tem o poder de "autorizar" ou não a sátira que os humoristas do "Pânico" fazem dele.
A lei brasileira é arcaica e se presta a algumas maracutaias. Por aqui, herdeiros conseguem tirar de circulação a biografia de um antepassado famoso não porque achem que a honra da família está sendo atingida, mas porque querem participação nos lucros.
Felizmente, a Câmara de Deputados já aprovou uma proposta do deputado Newton Lima (PT-SP) que libera a publicação de livros e filmes biográficos sem necessidade de aprovação do contemplado ou de sua família.
Mas esta lei ainda não entrou em vigor, e é nesse vácuo que entram os advogados de Roberto Carlos.
Esta atitude do cantor é mais do que surpreendente: é decepcionante. Roberto Carlos não está protegendo sua privacidade ou evitando que circulem mentiras a seu respeito. Está é impedindo que sua carreira e obra sejam estudadas a sério.
Coibindo livros como os de Paulo César de Araújo ou Maíra Zimmerman, o que é que vai sobrar para os pesquisadores do futuro? Exemplares amarelados da revista "Intervalo"?
Tenha noção da sua importância para a história da música brasileira, Roberto, e pare de fazer onda. Desse jeito você não vai entrar para a história apenas como o maior cantor dos últimos 50 anos, mas também como um censor empedernido. Seus fãs não merecem: nem os de hoje, nem os que ainda estão por nascer.
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