Tony Goes

Marcelo Adnet afirma que tem liberdade na Globo e diz que faria novela

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Depois de mais de um mês no encalço de Marcelo Adnet, finalmente consegui conversar com ele por telefone.

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Foram mais de 40 minutos de papo: falamos de sua ida para a Globo, claro, além de projetos novos e antigos. A seguir, uma compilação dos melhores momentos.


Tony Goes - Quando estreia "O Dentista Mascarado"?

Marcelo Adnet - A estreia está prevista para abril, junto com a nova programação da Globo. Mas ainda não está definido o dia da semana e o horário exato. A gente começa a gravar no fim de fevereiro.

Então você corre o risco de concorrer com sua mulher? (Dani Calabresa assinou com a Band e vai entrar para o time do "CQC")

Imagina, que loucura seria isso!

Muito do que você fazia na MTV era da sua própria lavra. E agora você vai fazer texto dos outros

Tudo na vida tem fases Foi muito doloroso me despedir da MTV. Fiquei cinco anos lá, mas era uma vida difícil para mim. Eu vivia na Ponte Aérea, ou viajando pelo Brasil. Um ritmo que não estava fazendo bem para minha saúde. Eu estava cansado, meio fora de forma, até meio desanimado. Achei que era uma hora boa de mudar. Estou com 31 anos. Dani e eu estamos pensando em ter um filho daqui a um par de anos. Preciso parar um pouquinho, ter um tempo livre para o ócio, ficar melhor de saúde.

Mas a Ponte Aérea não continua? A Dani ficou em São Paulo.

Não vamos trabalhar todos os dias da semana, então dá para fazer um "bem bolado": ela vem para o Rio, eu vou para SP. A gente sempre lutou para ficar junto. Não vai ser diferente agora.

Porque você não saiu antes da MTV?

Até rolaram uns contatos anteriores com a Globo, de ambas as partes. Mas eu fiquei na MTV por causa dos projetos. Fiz o "Adnet Viaja", que foi muito legal para mim - não sei se tanto para o público. Grandes aventuras, experimentos, liberdade total. Fiz "stand-up comedy" em espanhol, em papiamento (língua da ilha de Curaçao). E o programa até deu uma audiência boa para a MTV, mas a repercussão foi muito menor do que eu esperava.

Você não vai ter essa mesma liberdade na Globo.

Isto é muito relativo. É muito mais leve do que se imagina. Este projeto é uma série. Não dá para improvisar tudo. A gente tem que saber o que vai acontecer. Tem que ser fiel à narrativa. Um esquete não precisa ser fiel a nada. Ao mesmo tempo, eu tenho liberdade total de chegar no Alexandre Machado e na Fernanda Young (os autores) e fazer sugestões para o texto. A mesma coisa com o José Alvarenga (o diretor), que gostou das ideias que eu dei para a caracterização do personagem.


E depois do "Dentista Mascarado", você já sabe o que vai fazer na Globo?

Não. O "Dentista" vai ser uma aventura, para o bem ou para o mal. Um primeiro passo, que vai me dizer qual será o segundo. Mas eu também tenho vontade de explorar o outro lado, fazer esquetes, improvisos.

E novela, você faria? A Tatá Werneck vai fazer.

Não tenho nada contra. Mas teria que ser um personagem muito especial, uma conjuntura de fatores muito especial.

Você acha que acabou a "maldição da MTV"? Gente que foi para a Globo e se deu mal, como o Thunderbird, o Cazé Mas a Fernanda Lima está aí até hoje.

Não sei se acabou não (risos). São linguagens diferentes, na Globo a gente fala para um público muito maior. Vamos ver!

Algum projeto de cinema para este ano?

Ainda não. "Os Penetras" eu filmei há um ano, depois teve a dublagem, a divulgação, pré-estreias. Um trabalho muito pesado. Para fazer agora, teria que estar muito a fim. E teria que ser uma participação pequena, pois eu não tenho mais disponibilidade de ficar dois meses filmando.

Muitos dos seus amigos estão fazendo sucesso, como o pessoal do "Porta dos Fundos". Existe alguém de quem você não goste no humor brasileiro de hoje?

O que eu não curto muito é a polêmica. Humor não é polêmica. Eu mesmo me envolvi numa polêmica com "A Casa dos Autistas". Nem gostava do texto, mas acabei gravando. Meu erro foi não ter parado a gravação. E aí, aconteceu o que aconteceu. Foi uma parada muito forte. Fui muito malhado por blogueiros. Tenho que viver com essa cicatriz.

Mas você não acha que parte do público está sensível demais? Toda semana algum humorista é ameaçado de processo. E ainda tem os comentários na internet

A internet é uma maravilha, dá acesso à informação para todo mundo. É includente. Só que a combinação dessa onda com o anonimato é muito cruel. Quem é pessoa pública tem seu nome diariamente comentado. O grande segredo é não se abalar. Preciso aprender a deletar. Mas a gente tem que ser cuidadoso mesmo, porque influencia a cabeça das pessoas. É importante ser criativo, mas também ser consciente. É o que eu quero tentar fazer.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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