Tony Goes

O estranho epílogo de "Avenida Brasil"

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A primeira fase de "Avenida Brasil" foi um dos melhores momentos da teledramaturgia brasileira de todos os tempos. Aquelas duas semanas foram impecáveis: ritmo eletrizante, atuações soberbas, produção nos trinques.

Deu para perceber que João Emanuel Carneiro e seus colaboradores dedicaram muito tempo e massa cinzenta para armar uma situação intrigante, sem fios soltos. Nada soou falso, tudo pareceu orgânico. Uma obra-prima.

Claro que este pique inicial não conseguiria se manter ao longo de sete meses. Apesar dos muitos lances de emoção, o resto da trama nem foi tão excepcional assim. Mas a audiência se manteve, e a repercussão só cresceu.

Agora a história se aproxima do desenlace, e é uma pena perceber que esta reta final não está no mesmo nível que a largada.

A rigor, "Avenida Brasil" terminou semana passada, com Carminha sendo expulsa a pontapés da mansão da família Tufão. Foi consumada a vingança de Nina. O que é que os dez capítulos restantes têm a acrescentar?

Sim, faltava a elucidação do mistério que liga Mãe Lucinda e Nilo a Carminha. Mas o autor ainda lançou mão do recurso mais batido de todos, o manjado "quem matou?". E o enlouquecimento de Max depois de escapar do naufrágio de seu barco e denunciar a amante foi uma forçação de barra considerável.

Por outro lado, foi até pequena perto dos muitos buracos da trama. O maior de todos chega a ser imperdoável: o roubo das fotos impressas que Nina tirou de Max com Carminha.

Toda novela precisa de licenças poéticas de vez em quando, mas este desvio para um mundo onde não existem fotos digitais foi um insulto à inteligência do espectador.

Agora temos a emergência de um vilão tardio, Santiago, e a promessa de um final surpreendente. Há dias que a Globo não divulga mais a sinopse dos capítulos.


Estou torcendo para que essa expectativa toda seja justificada. Uma reviravolta retumbante, uma revelação estrondosa, uma explicação que amarre todas as pontas e nos faça esquecer dos rombos.

Agora falta pouco. O ibope está mais do que garantido: até comícios foram desmarcados por causa do último capítulo. Mas será que teremos um desfecho satisfatório e inesperado ao mesmo tempo?

Se for assim, "Avenida Brasil" terá lugar garantido no panteão das grandes novelas, que há tempos não recebe novos membros. Como fã assumido, eu só posso dizer uma coisa: tomara.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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