Encerramento da Olimpíada foi incrível e decepcionante ao mesmo tempo
Impossível não se desapontar com o encerramento dos Jogos Olímpicos. Claro que foi grandioso, sensacional, inesquecível, etc. Mas todo mundo ficou com a sensação de que faltou alguma coisa.
É que a proposta original era impossível de ser cumprida. Prometeram um painel dos últimos 50 anos da música pop britânica, a mais variada e influente do planeta. Um objetivo inalcançável, mesmo com as quase três horas de duração e os milhões de libras investidos na produção.
Sim, alguns medalhões estavam lá em carne e osso. George Michael levantou a arquibancada com sua "Freedom 90", mas será que ele precisava mesmo ter cantado a recém-lançada (e fraquinha) "White Light"? Deve ter sido a condição que ele impôs para se apresentar.
Houve muitos bons momentos. Annie Lennox surgiu mais teatral do que nunca a bordo de um navio fantasma. Os remanescentes do Queen, que se tornaram arroz-de-festa neste tipo de evento, mandaram bem com "We Will Rock You", apesar do prometido holograma de Freddie Mercury não ter se materializado. E a reunião-relâmpago das Spice Girls foi bem animada.
Mais divertida ainda foi a participação do ex-Monty Python Eric Idle com uma performance bizarra de "The Bright Side of Life", a canção que encerrava o a obra-prima do grupo, "A Vida de Brian". Lembra? No filme estão todos crucificados e assobiando, tentando ver o lado bom da vida. Suprema ironia.
Mas houve um certo excesso de nomes pouco conhecidos, como as novatas Emeli Sandé e Jessie J. Outros tiveram suas canções executadas mas nem se deram ao trabalho de aparecer, como Kate Bush ou David Bowie.
E muitos sequer foram citados. Faltaram os Sex Pistols, os Smiths, Duran Duran, Dusty Springfield Para mim, a ausência mais espetacular foi a dos Rolling Stones. Como é que uma banda que atravessou todo o período coberto pelo show ficou de fora?
Por outro lado, gostei bastante dos oito minutos que couberam à apresentação brasileira. Foi ótima a ideia de abrir com o gari-sambista Renato Sorriso, melhor ainda a de vestir Marisa Monte de Iemanjá, e perfeita a de fechar com Pelé.
Nas redes sociais, os comentários se dividiram: teve gente "acusando" Daniela Thomas, Gringo Cardia e Cao Hamburger de terem abusado dos clichês. Outros reclamavam exatamente do oposto: a "Bachiana no. 5" de Villa-Lobos e "Maracatu Atômico" seriam referências obscuras demais para os gringos.
Pois eu achei que os responsáveis pelo nosso segmento encontraram um bom equilíbrio entre o manjado e o inesperado. Taí um quesito pelo qual não me preocupo com a Rio-2016: acho que vamos arrasar nas cerimônias de abertura e encerramento.
Afinal, temos o know-how do Sambódromo, não é verdade? Por isto mesmo, acho que a batuta desses espetáculos deveria ir para as mãos de alguém como Paulo Barros, o carnavalesco mais ousado do momento. Está lançada a campanha.
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