Tony Goes

Fabiana, a vilã tardia do "BBB12"

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Vou logo dizendo uma coisa: se eu fosse o Boninho, teria manipulado SIM a prova do líder de segunda-feira passada. Fabiana tinha que estar na final, por uma única e simples razão: ela rende boa TV.

Já pensou no que aconteceria ao programa se a "Mama" não tivesse conquistado a liderança? Ela fatalmente teria sido eliminada no paredão de ontem. E os dois últimos dias do "BBB12" se reduziriam a juras de amizade eterna entre Jonas e Fael.

- Você é meu amigo de fé, meu irmão camarada.
- Eu tenho os meus valores, a minha fé, a minha verdade.
- Mais vale fazer um amigo do que ganhar um milhão e meio.
- Eu sempre fui eu mesmo, desde o dia em que nasci.
O programa ficaria super edificante, uma verdadeira aula de educação moral e cívica. E ainda mais monótono do que de costume.

Goste-se ou não dela, o fato é que Fabiana agitou esse "Big Brother". Com muita determinação e ainda mais sorte, ela foi líder por três semanas seguidas e escapou de todos os últimos paredões. Foi longe até demais: amanhã sofrerá uma derrota histórica, perigando receber menos de 10% dos votos do público.

Por que o Brasil inteiro está com tanto ódio de Fabiana? Vamos por partes. Para começar, ela não se encaixa com facilidade nos esterótipos habituais do programa. Não faz a periguete ensandecida, nem a ingênua cativante. É gostosona e mãe de família ao mesmo tempo. Largou o filho por três meses para participar do "reality". É rodada e vivida aos 36 anos de idade --bem mais do que a média das outras "sisters".

Tampouco faz o gênero "samambaia". Ao longo desta edição, a "Mama" foi se expondo cada vez mais. E acabou demonstrando que sim, está ali para disputar o prêmio máximo. Não para "fazer amizades" nem para "passar mensagens positivas para o Brasil". Tem o pouco nobre objetivo de ganhar dinheiro.

Claro que todos têm, mas ai daquele que se mostrar muito interessado. Nós brasileiros não perdoamos os bons jogadores do "Big Brother", ao contrário do que acontece na Argentina. Aqui neguinho tem que vencer se fazendo de sonso, fingindo que não está nem aí.

Fabiana construiu relacionamentos sólidos, só para traí-los na hora H. Mas dá para dizer que ela é fria e calculista, e que cada movimento seu é calibrado com antecedência? Se for, ela também é uma grande atriz. Porque Fabiana chora, se desespera, pede perdão. Suas mãos tremiam feito vara verde no "quiz" de segunda passada. Ou seja, ela rende boa TV.

Foi justo este "quiz" que selou sua imagem como "protegida da Globo". Ganhou alguns segundos a mais para pensar numa resposta e acabou vencendo a prova. O Brasil gritou em uníssono: "marmeladaaa!".

Não faz mal. Fabiana será "punida" amanhã, com a maior goleada de todos os tempos numa final de "BBB". Mas não sairá de mãos abanando: ganhou 150 mil reais, três carros, uma moto. E --não queremos admitir-- mas a verdade é que o programa também ganhou com sua presença até o final.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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