Britney Spears: de criança-prodígio a mulher-problema
Muita gente acha que Britney Spears é pura armação. Que seu único talento verdadeiro é para a dança. Todo o resto teria sido criado em laboratório. Pois bem: para quem ainda pensa que Britney é uma estrelinha biônica, eu recomendo uma visita ao YouTube. Lá são facilmente encontráveis dezenas de vídeos da cantora ainda criança, provando que ela é uma "performer" natural praticamente desde o dia em que nasceu.
Britney Spears foi uma criança-prodígio, empurrada para os holofotes pelos pais ávidos por sucesso e dinheiro. Começou no programa infantil "The Mickey Mouse Club" ao lado de outros futuros astros como Justin Timberlake e Christina Aguilera. Estourou na música pop ainda adolescente, em 1999, com "Baby One More Time".
E durante os primeiros anos da década passada fez muito, mas muito sucesso mesmo. Chegou a ser apontada como a sucessora de Madonna; esta, esperta como sempre, correu a co-optar a jovem rival, gravando um dueto juntas e cantando na premiação da MTV americana.
Foi então que as coisas começaram a dar errado. Britney passou a andar em más companhias, a dar vexames públicos, a se envolver com álcool e drogas. Ficou quatro anos sem lançar nada, uma eternidade para um mercado onde as modas duram pouco. Nesse meio tempo teve um casamento-relâmpago com um amigo de infância, depois outro mais duradouro com um de seus bailarinos, dois filhos e dezenas de escândalos de todos os tamanhos. Chegou a raspar a cabeça num vídeo que se tornou tristemente famoso.
Parecia estar seguindo o roteiro de outras crianças talentosas que se veem jogadas às feras muito cedo, como Michael Jackson e Lindsay Lohan, e que, ao chegar à idade adulta, tentam se rebelar contra o sistema que as criou. Só que da maneira errada, como se a auto-destruição fosse a única libertação possível.
Era considerada carta fora do baralho em 2007, até que novamente sua família interveio. Britney voltou ao estúdio para graver um novo álbum. Mas nem tudo correu bem: uma aparição nos VMAs daquele ano foi um desastre absoluto, quando ela errou os passos da coreografia e parecia estar ausente. Mas o disco "Blackout", lançado logo em seguida, teve boas críticas e vendeu bem.
O processo de recuperação continuou no ano seguinte, com mais shows e um novo CD, "Circus". Desde então, Britney Spears não deu mais nenhum passo em falso. Deve estar sendo monitorada 24 horas por dia. Pelo menos parece feliz, em cena e fora dela.
Mas quanto tempo ainda terá de carreira? Difícil dizer. Ela escolheu uma "persona" de Lolita que será árdua de manter, com o passar do tempo (faz 30 anos em dezembro) e os quilinhos a mais. Não é uma grande cantora: tem voz de personagem de desenho animado. E é verdade que praticamente só faz "playback" em seus shows: nenhum ser humano teria fôlego suficiente para cantar enquanto executa aquelas coreografias complicadíssimas.
Por enquanto, continua em evidência. O disco "Femme Fatale" é divertido e descartável. E seus shows no Brasil esta semana devem acontecer sem deslizes. Britney Spears foi domada: jamais será uma transgressora como Courtney Love, ou uma vítima de si mesma como Amy Winehouse. Melhor para ela, mas fica a sensação de que seu talento poderia ter rendido muito mais.
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