Hoje é dia de ver a maior atriz da Globo voltar a brilhar
Pode ser que a "A Lei do Amor", a nova novela das nove da Globo, que estreia nesta segunda (3), seja boa ou ruim. Não importa. O que importa é que hoje volta ao ar, depois de 11 anos longe desse horário, uma das maiores divas da Globo, minha favorita entre todas, aquela que me faz grudar os olhos na TV em qualquer cena em que esteja, mesmo a mais banal.
Eu era um garoto de oito anos em 1986 quando Cláudia Abreu estreou numa novela das sete muito bacana, "Hipertensão". Era Luzia, uma menina pobre que morria ao ser empurrada de um barranco e o mistério de quem a havia matado durava um bom tempo. A novela repetia muito a cena da pobre moça rolando do barranco, e isso nunca mais saiu da minha memória. Passei a infância inteira morrendo de medo de barranco, despenhadeiro, ladeira de terra, qualquer coisa que não tivesse um muro para proteger. Temia morrer como Luzia, porque o rosto de Cláudia Abreu já me fascinava.
Três anos depois, ela era a coisa mais encantadora de "Que Rei Sou Eu?" como a doce princesa Juliette, filha da rainha megera Valentine (Tereza Rachel). Um ano depois, era a estrela de uma das melhores (ou menos piores) novelas de Glória Perez, "Barriga de Aluguel". Clara, que alugava seu ventre para o casal vivido por Cássia Kiss e Victor Fasano, tinha cenas muito cafonas, mas Cacau (como os colegas a chamam) segurava tudo com extrema dignidade.
Em 1992, um personagem curto mas marcante: Heloísa, filha de um grande empresário que opta por entrar na guerrilha armada e morre brutalmente assassinada pela polícia na minissérie "Anos Rebeldes". A cena de sua morte fuzilada ao som de "Call Me", de Chris Montez, revivia para mim o trauma de "Hipertensão". Começava ali sua grande parceria com o autor Gilberto Braga e com Malu Mader, uma grande estrela, mas sem todo o talento dramático de Cláudia.
Ela apareceu luminosa também como a mocinha de "Pátria Minha" (1994) e de "Belíssima" (2005) e sua Helô na nova "A Lei do Amo"r parece ir pelo mesmo caminho. Mas é mais legal lembrá-la como Olivia, a escrava branca de "Força de um Desejo", versão repaginada da famosa escrava Isaura de Lucélia Santos, agora sofrendo nas mãos do barão Higino (Paulo Betti).
E claro, a maior de todas as vilãs dos anos 2000 ao lado de Nazaré Tedesco, a deliciosa Laura Cachorra de "Celebridade" (2003), que passava a novela inteira cozinhando sua vingança contra a musa do verão, Maria Clara Diniz (Malu Mader). Cláudia é tão boa que conseguiu fazer Márcio Garcia, um ator mais que limitado, render bem como seu parceiro de golpes. Estrela absoluta da novela, ganhou como prêmio de Gilberto Braga ser a assassina do empresário Lineu (Hugo Carvana) depois do habitual mistério.
Uma pena que Cláudia até hoje não tenha encontrado o espaço que merece no cinema. Houve bons papéis em "Guerra de Canudos" (1997), "O Caminho das Nuvens" (2003) e "Os Desafinados" (2008), mas talvez quem mais tenha feito jus à sua presença tenha sido o marido, José Henrique Fonseca, diretor de "O Homem do Ano" (2003). Mas ainda é pouco. Se estivesse em Hollywood, tenho certeza, Cláudia roubaria todos os papéis de uma Kate Winslet com a maior tranquilidade.
PS: Me desculpem, mas usei uma licença poética. Na verdade Cláudia só volta à TV na quinta ou sexta-feira, depois de uns quatro primeiros capítulos na primeira fase em que Helô será vivida por Isabelle Drummond. Não sei, as chamadas de "A Lei do Amor" estão com um ar de novela do Manoel Carlos, cenas meigas demais. Espero estar enganado. De qualquer maneira, esse triângulo amoroso dos monstros sagrados (Tarcisão, Regina Duarte e Vera Holtz) deve render coisa beeem boa por aí.
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