Apertem os cintos... A novela surtou!
Romero (Alexandre Nero) está fugindo da polícia, mas volta de Florianópolis ao Rio para acompanhar o casamento de Tóia (Vanessa Giácomo). Depois, sequestra a moça em plena lua de mel e a mantém em cativeiro, pois ela está esperando um filho seu.
Tóia simula um sangramento no cativeiro, é acudida por Romero, dá uma porrada na cabeça dele e tenta fugir, mas Atena (Giovanna Antonelli) a ameaça com uma arma. No mesmo capítulo, Romero diz que não vai fugir com Atena e prefere ficar ao lado de Tóia. A loira surta e decide se aliar à inimiga contra o amor bandido. Algum tempo depois, as duas resolvem botar uma droga na bebida dele, abandoná-lo desmaiado e tacar fogo na casa pra matá-lo.
Até hoje, defendi “A Regra do Jogo” ---mas novela é um ser mutante, e o pior noveleiro, como o pior cego, é aquele que não quer ver. Na reta final, a novela virou um carro desgovernado a 300 km/h, igualzinho sua antecessora, “Babilônia”, nos últimos capítulos. A opção do autor, João Emanuel Carneiro, é clara: o que vale é a montanha russa de eventos, a sucessão de reviravoltas, duas ou três grandes surpresas por capítulo, um gancho poderoso para o dia seguinte.
Mas agora, nessa reta final, essa montanha russa está atropelando demais o caráter de cada personagem. Romero era louco por Tóia porque ela despertava o seu lado bom. Mas que lado bom, se agora virou sequestrador da própria moça? Tóia era um anjo de candura e agora aparece sempre chorando e babando por vingança. A golpista Atena sempre teve o amor por Romero como seu ponto fraco, mas já estourou a cota de trouxice, tantas vezes foi enganada por ele.
É bom lembrar que “Avenida Brasil” também deu uma leve surtada no final ---mas com personagens mais sólidos, que não de descaracterizaram. Carminha (Adriana Esteves) levou Max (Marcello Novaes) para um passeio de barco com a intenção de matá-lo, afinal ele se tornou perigoso para os planos da vilã. Mas ela sofreu muito ao tentar matar o amor da sua vida, e (pelo menos daquela vez) vacilou e não conseguiu. Era bem mais verossímil. A memória prega peças mas, que eu bem me lembre, Flora (Patrícia Pillar), a vilã de “A Favorita”, também foi num crescendo gradual de maldade e psicopatia ao longo da história.
No meio dessa loucura toda, as chamadas de “Velho Chico”, que estreia em março, estão surgindo como um oásis de beleza, paz e tranquilidade. Não resta mais dúvida: tudo o que o noveleiro mais precisa, depois de uma novela movida a facção criminosa e assassinatos, é do belo rio São Francisco, o bom e velho Fagundão de fazendeiro e uns lindos amores impossíveis pra descansar a cabeça à noite.
Vai pro trono ou não vai?
Quem diria: a maior herdeira atual de Chacrinha e Silvio Santos na TV aberta se chama... Fernanda Lima. “Amor & Sexo”, nos sábados à noite, está cada vez mais enlouquecido ---mas até agora, é uma loucura do bem. No último sábado, performers gays, incluindo uma transexual, cantaram no palco para suas mães, numa catarse coletiva de choro e aceitação. Foi fofo.
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