Thiago Stivaletti

Com final atropelado, 'Babilônia' se enterra de vez

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Para uma novela errada, um último capítulo surtado. Idealizada como o grande sucesso que marcaria os 50 anos da Globo, "Babilônia" começou ousada, tropeçou na audiência, resolveu mudar de rota para agradar a um público conservador que debandou, e no fim não agradou a ninguém. Resultado: a pior audiência de uma novela das 21h na emissora.

O último capítulo só confirmou o desastre, com uma série de revelações atropeladas, sem tempo para dar força às cenas. Otávio (Herson Capri) matou Murilo (Bruno Gagliasso) como Leila matou Odete Roitman há 27 anos: por engano e por ciúme. Mas nem pra se darem ao trabalho de reencenar o momento do assassinato - Bruno Gagliasso (Murilo) já tinha dado baixa na carteira e não precisou gravar de novo. Beatriz (Glória Pires) revela sem necessidade que matou o pai do amante Diogo (Thiago Martins), este escuta, finalmente cai em si e a abandona. Tudo em questão de segundos.

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Mas o pior ainda estava por vir: Beatriz e Inês (Adriana Esteves) são condenadas ao mesmo tempo numa cena de três segundos - Inês por um crime da rival. As duas vão parar na mesma cela, fogem juntas, continuam suas brigas de Tom e Jerry até se lançarem de carro num penhasco à la "Thelma & Louise".

Os coadjuvantes tentaram salvar um pouco a coisa. Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro), que abriram a novela com o polêmico selinho, bode expiatório da audiência em fuga, puderam repetir o beijo ao final - desta vez seguidas pelo casal gay Sérgio (Cláudio Lins) e Ivan (Marcelo Mello). Alusões sem brilho deram conta do momento político: Aderbal (Marcos Palmeira) é preso de última hora antes de tomar posse por receber propina de construtoras. Personagem que mais cresceu ao longo da novela, a ultrarreacionária Consuelo (Arlete Salles) virou governadora do Rio e enfrentou nos tribunais a deputada Teresa.

Para reverter o quadro desesperante, algo inédito na Globo: em algumas cenas, uma pequena chamada no canto inferior direito da tela, ao lado do logo da emissora, anunciava de vez em quando: "segunda estreia A Regra do Jogo". Mas que fique a lição: se a nova novela não agradar todo mundo, melhor ficar com aqueles que gostam dela do que correr desesperado atrás dos que a desprezam.


Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista, crítico de cinema e noveleiro alucinado. Trabalhou no "TV Folha", o extinto caderno de TV da Folha, e na página de Televisão do UOL. Viciou-se em novela aos sete anos de idade, quando sua mãe professora ia trabalhar à noite e o deixava na frente da TV assistindo a uma das melhores novelas de todos os tempos, "Roque Santeiro". Desde então, não parou mais. Mesmo quando não acompanha diariamente uma novela, sabe por osmose todo o elenco e tudo o que está se passando.

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