Thiago Stivaletti

TOP 5 - As vilãs mais marcantes dos 50 anos da Globo (e três que mereciam uma reprise)

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Aproveitando os 50 anos que a Globo comemora no próximo domingo (26), também é hora de relembrar as vilãs que mais marcaram o público ao longo dessas décadas:

ODETE ROITMAN (Beatriz Segall, "Vale Tudo", 1988)

Ela é até hoje o retrato de boa parte da elite brasileira: arrogante, mesquinha, preconceituosa. Enquanto desdenha do Brasil, fatura com negócios escusos que vão acabar com uma cidadezinha do Nordeste. "Enquanto eu estiver nessa terra, quanto menos eu falar português, melhor"; "No Rio, pobre morre de fome, rico morre de medo"; "Nesse país essas pessoas se divertem visitando apartamentos que não têm a menor condição de comprar." Além das melhores frases, Odete teve o melhor final de uma vilã, assassinada num mistério que parou o Brasil.


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NAZARÉ TEDESCO (Renata Sorrah, "Senhora do Destino", 2004)

Nazaré podia ser uma simples ladra de criança, mas era muito mais. Debochada, sexy, vaidosa, agressiva, vulgar, era capaz das maiores loucuras - de frequentar um cinemão do centro do Rio para pegar homens até quebrar uma garrafa pra ameaçar com um caco na mão sua inimiga, Maria do Carmo (Susana Vieira). E usava a melhor arma de todos os tempos para acabar com alguém que atravessasse seu caminho: a ESCADARIA de casa!



CARMINHA (Adriana Esteves, "Avenida Brasil", 2012)

Suburbana até a medula, Carminha roubou o dinheiro do pai da pobre Nina (Débora Falabella), casou-se com um jogador de futebol rico no melhor estilo Ronaldo, botou o amante pra dentro de casa sem o marido perceber e também foi longe nas baixarias. Chegou a enterrar Nina viva e cuspir na cara dela antes de completar o serviço. Sempre vestida de branco, torturava a filha gordinha, maltratava a pobre Mãe Lucinda (Vera Holtz) que a criou e ainda matou o amante no final. (Quem fez Nazaré jovem um dia ia chegar aonde chegou.)



PERPÉTUA ESTEVES BATISTA (Joana Fomm, "Tieta", 1989)

A própria encarnação do moralismo, do fanatismo religioso, do recalque sexual e do atraso brasileiro, Perpétua era quase um personagem de desenho animado na história de Tieta (Betty Faria). Um vara-pau vestido de preto, guarda-chuva sempre em mãos, chamava a irmã de quenga, mas vivia do dinheiro dela. Era tão sensacional que a novela não devia se chamar "Tieta", mas "Perpétua" mesmo.



ROSA (Léa Garcia, "Escrava Isaura", 1976)

Muito antes do politicamente correto, uma escrava negra era a grande vilã que fazia da escrava branca e boa um inferno. Escrava da fazenda do Comendador Almeida, ela tem inveja da pobre Isaura (Lucélia Santos) e passa a maltratá-la ainda mais quando descobre que Leôncio (Rubens de Falco) é apaixonado pela inimiga. Rosa entrou para a história quando, nos últimos capítulos, tenta envenenar Isaura mas acaba vítima do próprio veneno - veja a cena aqui. Um beijo a Léa Garcia, uma das grandes atrizes pouco valorizadas da TV, hoje com 82 anos.




E três que merecem a reprise:

RENATA DUMONT (Tereza Rachel, "Louco Amor", 1983)

Seis anos antes da Rainha Valentine de "Que Rei Sou Eu?", Tereza Rachel viveu uma vilã rica numa novela de Gilberto Braga. Até o nome era falso: Renata se chamava Agetilde Rocha, migrou de Ribeirão Preto para o Rio, casou com marido rico e depois o traiu, o que levou o pobre homem ao suicídio. E ainda abandonou o filho que teve com o amante. Esta cena do desmascaramento da vilã tem provavelmente o maior elenco que a Globo já reuniu numa única cena: além de Tereza, Tônia Carrero, José Lewgoy, Nicette Bruno, Otávio Augusto, Glória Pires e Riccelli (ensaiando o casal malandro de "Vale Tudo"), Fábio Júnior, Bruna Lombardi, Lauro Corona... ufa.



JOANA FLORES (Yara Amaral, "Fera Radical", 1988)

Yara Amaral foi a nossa Bette Davis. Atuava sempre entre a histeria e a psicopatia, prestes a explodir. Ela já tinha se saído bem como uma pequena vilã, Áurea, em "Dancin' Days" (1978), mas se superou nesta que foi sua última novela. Joana, a matriarca da família Flores, odeia a mocinha, Cláudia (Malu Mader), que volta à pequena cidade de Rio Novo para se vingar do massacre que foi a morte de seus pais. Na vida real, Yara teve um final pior que o de qualquer vilã: ela morreu no naufrágio do Bateau Mouche na Baía de Guanabara, logo depois de terminar a novela, no réveillon de 1989. Aqui, a cena final da vilã, um copo cheio de inveja da pobre Malu, que estava prestes a se casar com o filho da vilã, vivido por Zé Mayer.



JULIANA (Nathalia Timberg, "A Sucessora", 1978)

Antes de Constância Eugênia, a mãe mesquinha do crápula Felipe Barreto em "O Dono do Mundo", Timberg viveu uma governanta invejosa e manipuladora, apaixonada pelo patrão (Rubens de Falco), que evocava o tempo inteiro a lembrança da primeira mulher falecida para atormentar a segunda (Susana Vieira). A história toda evocava "Rebecca, a Mulher Inesquecível" (1940), o clássico de Alfred Hitchcock. Nesta cena, o ódio de Juliana a leva a sangrar as mãos com os espinhos de uma rosa.

Juliana está lá no minuto 14:00:



Não toquem na mulher branca

Em conversa com as amigas no Face, elas lembraram um fato que revela bastante da moral brasileira conservadora. Em 2007, Camila Pitanga, que hoje vive a mocinha Regina de "Babilônia", teve seu melhor papel como Bebel, a prostituta malandra de "Paraíso Tropical", do mesmo Gilberto Braga. Bebel não teve o menor problema com o público - talvez por ser um personagem cômico, talvez por ser mulata mesmo. Já Sophie Charlotte, branca, vivendo um personagem "de boa família de classe média", não merece o mesmo destino e enfrenta essa rejeição dos espectadores.

Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista, crítico de cinema e noveleiro alucinado. Trabalhou no "TV Folha", o extinto caderno de TV da Folha, e na página de Televisão do UOL. Viciou-se em novela aos sete anos de idade, quando sua mãe professora ia trabalhar à noite e o deixava na frente da TV assistindo a uma das melhores novelas de todos os tempos, "Roque Santeiro". Desde então, não parou mais. Mesmo quando não acompanha diariamente uma novela, sabe por osmose todo o elenco e tudo o que está se passando.

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