Thiago Stivaletti

Parece que todo ex-'CQC' agora quer ser Bozó; pobre destino

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Em 2008, a Band estreava o "CQC", formato bem bacana que mistura jornalismo e comédia. Um punhado de novos talentos foi revelado pelas mãos e pelo brilho irônico de Marcelo Tas, o grande mentor da coisa toda.

Mas é triste constatar que seus integrantes não têm feito boas escolhas ao sair do programa. Os primeiros foram Danilo Gentili e Rafinha Bastos, que hoje comandam talk shows sem brilho, um no SBT e outro na própria Band. O do Danilo ainda chegou a ter uma leve repercussão no início, mas hoje você não vê nenhum dos dois comentados nas redes sociais. A gente sabe, é da cadeia alimentar da TV: talk show fora da Globo é roubada no médio prazo, porque boa parte dos entrevistados interessantes ou é contratado ou tem ligações com a poderosa.

Este ano, mais três decepcionaram com suas escolhas. Felipe Andreoli foi baixar no programa da Fátima Bernardes, tentando dar mais um toque de humor e leveza que já estava bem coberto pelo Marcos Veras. Teria sido mais bem aproveitado num programa de esportes, a área que ele cobria bem no "CQC". Entre três opções de trabalho, Dani Calabresa decidiu fechar com a Globo para participar do "Zorra Total" (!!!) - o único programa que me faz correr de qualquer canto da casa, pegar o controle remoto e mudar de canal de tanta repulsa. Dizem que o "Zorra" vai voltar reformulado este ano, mas... Desconfio que a mudança seja de leve.


E agora a Monica Iozzi, que venceu um concurso acirrado pra entrar no "CQC", me aparece na novelinha sem graça das sete, "Alto Astral". Faz uma patricinha mimada cujo pai morre e a obriga no testamento a trabalhar um ano na lanchonete do tio. Scarlett, que depois vira Aparecida, aparece loira e depois se disfarça usando uma peruca morena e crespa. Tem lá a sua graça, mas o texto é tão fraquinho que não dá nem pra se interessar. Monica estaria melhor num desses sitcoms da TV paga do tipo "Vai que Cola?" (Multishow).

Saindo um pouco do universo "CQC", Marcelo Adnet, o mais brilhante de todos, também não resistiu ao canto da sereia da Globo e quase se queimou de vez com o desastrado "O Dentista Mascarado", logo abortado na emissora. Mas finalmente encontrou um espaço pro seu talento no inspirado "Tá no Ar?", programa herdeiro do "TV Pirata", que reestreou por estes dias.

Parece que se você perguntar a qualquer um deles o que preferem: entrar num projeto no qual possam aproveitar melhor os seus talentos, ou aparecer na Globo? A resposta vai ser a segunda opção. Lembram do Bozó, aquele personagem do Chico Anysio que tentava pegar a mulherada com o crachá da Globo? Parece que anda mais vivo do que nunca...

E para quem não lembra do Bozó:


Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista, crítico de cinema e noveleiro alucinado. Trabalhou no "TV Folha", o extinto caderno de TV da Folha, e na página de Televisão do UOL. Viciou-se em novela aos sete anos de idade, quando sua mãe professora ia trabalhar à noite e o deixava na frente da TV assistindo a uma das melhores novelas de todos os tempos, "Roque Santeiro". Desde então, não parou mais. Mesmo quando não acompanha diariamente uma novela, sabe por osmose todo o elenco e tudo o que está se passando.

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