A troca de Cora: melhor não explicar o inexplicável
Ainda não caiu a ficha. Deixei minha última coluna escrita sobre o sucesso da Drica Moraes como Cora, viajo de férias para Cuba —que aliás, é a terra das novelas— e, quando volto, a Drica sumiu de "Império". Com a saúde debilitada, vítima de uma faringite, sem voz, saiu no auge da história. Em questão de horas, Aguinaldo Silva decidiu pôr no lugar a Cora jovem, a Marjorie Estiano.
Há muito tempo não se via algo parecido numa novela. A solução é quase sempre eliminar a personagem —mas como matar a grande vilã, aquela que leva toda a história pra frente? Concordo com o Aguinaldo, a vilã não podia sumir.
Mas eu, no lugar dele, preferia jogar a atriz nova sem dar a mínima explicação —e fazer o Comendador, Cristina, Marta, todos agirem com a maior naturalidade, como se não tivesse havido troca nenhuma. Do jeito que foi —"Tia, a senhora tá com a mesma cara de quando era criança!", "Mas o que é isso?! Eu entrei num túnel do tempo?", "Ela fez plástica?"—, a coisa ficou mais ridícula do que já está.
Se era pra dar alguma explicação, era melhor ter mandado a Cora ao monte Roraima, visitar a tal caverna onde o diamante rosa tava escondido, e lá ela encontraria uma absurda fonte da juventude.
Seria algo como a histórica cena de "Os Mutantes", da Record, em que a dra. Julia vivida por Ítala Nandi entra numa piscina e sai do outro lado como... Babi Xavier, aquela que chegou a apresentar o "Programa Livre" no SBT.
Assista a cena:
Ainda bem que não foi a Lília Cabral que teve que sair da novela, já que a Adriana Birolli, que fazia a Maria Marta jovem, já está de volta ao folhetim como a sobrinha da própria Marta. Vai saber o que o Aguinaldo bolaria num caso destes.
OUTRAS TROCAS
Alguns casos inesperados aconteceram ao longo da história da Globo. Em "O Primeiro Amor" (1972), Sérgio Cardoso morreu vítima de ataque cardíaco faltando 28 capítulos pra terminar a novela e foi substituído por Leonardo Villar.
Jardel Filho teve ataque cardíaco semelhante e morreu quando era o protagonista de "Sol de Verão", em 1983 —e a solução foi encurtar a novela. Daniela Perez foi assassinada no meio de "De Corpo e Alma" (1992), e sua mãe, a autora Glória Perez, decidiu enviar a personagem Yasmin para uma viagem de estudos.
No México, o ator que vivia o Firmino, o porteiro do colégio em "Carrossel", ficou doente e foi trocado por outro, mas, como era um pequeno coadjuvante, ninguém ligou.
Pra mim, o melhor é imaginar se outras grandes vilãs tivessem que abandonar a novela no meio da trama. Se a Adriana Esteves tivesse que largar a Carminha no meio de "Avenida Brasil", quem poderia substituí-la à altura? Eu sonharia com a Cláudia Abreu ou com a Fernanda Torres...
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