Gato com crise existencial faz sucesso na internet
Henri é uma estrela atribulada: gato, francês, existencialista e cheio de ódio, cujo passatempo preferido é "questionar o sentido da vida". Além de dormir, é claro.
O resto do tempo Henri passa na frente da câmera de William Braden: o gato é o protagonista de uma série de vídeos no YouTube, que valeu fama global ao bichano e tem rendido uns bons trocados a Braden, que vive em Seattle, no noroeste dos Estados Unidos.
Fotógrafo de casamentos, Braden, de 32 anos, deixou sua antiga profissão para pensar, redigir e registrar as reflexões do filósofo felino.
Primeiro foram os vídeos na internet, que tiveram mais de 10 milhões de visitantes. Depois vieram uma coleção de camisetas, canecas e calendários. Agora Braden fechou contrato para um livro com frases célebres que Henri.
"Faço isso há seis anos e agora esta é minha principal fonte de renda, embora pareça absurdo pensar que é um gato depressivo quem me sustenta", ri o fotógrafo, que estudou literatura e cinema em Seattle.
Henri coleciona outros êxitos: com seu segundo vídeo, Paw de Deux, o bichano virou a estrela principal do primeiro festival de vídeos felinos, em Minneapolis, onde recebeu 10 mil votos e ganhou o "Kitty de Ouro", de 2012.
O curioso é que o Henri sequer era o animal de estimação de Braden. Mas ninguém conhece a identidade da verdadeira dona, uma parente, que teme um eventual sequestro do animal.
De hobby a negócio
A estreia de Henri se deu em 2006. Braden, então estudante de cinema, deixou para última hora um trabalho da universidade para o qual deveria encontrar um personagem. Escolheu o bichano.
"Me pareceu uma boa ideia supor que um gato poderia ter uma crise existencial. Optei pelo existencialismo como papel de fundo, a imagem em preto e branco e o francês para darem o tom", explica Branden, que faz a narração na língua de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
O primeiro vídeo teve 3 mil visitas. Com a disseminação das redes sociais, Brandem se tornou uma estrela em pouco tempo.
Com o segundo vídeo - e seus 6,5 milhões de visitantes -, Brandem viu que as reflexões felinas poderiam virar negócio.
"Começaram a me pedir camisetas", conta. "Assim que pus à venda, o interesse pelos produtos cresceu". Parte da renda vai para campanhas em defesa dos animais.
Papel
A última aposta de Brandem é transpor as reflexões de Henri para um livro, que será publicado em abril pela Random House, uma das maiores editoras do mundo.
Para Brandem, será um desafio e tanto: colocar em palavras os pensamentos de um terceiro, no caso, de um gato.
Já em relação à saga audiovisual, Brandem desenvolveu algumas técnicas. Com um grito convence Henri a correr. Para uma cara mal-humorada, basta soprar os bigodes do bichano. Se quer uma gracinha, suborna o gato com guloseimas.
"Muitas vezes escrevo o texto a partir das imagens do que o gato faz naturalmente", explica, no entanto, Branden, que demora até duas semanas para produzir um episódio.
Braden diz que Henri é um gato como os outros - gosta de brincar e adora a comida especial que recebe ao final dos episódios.
"Sempre digo não quando me pedem para levá-lo à TV, ou para viajar de avião para algum show. Me parece egoísta, criar um estresse desnecessário. Ponho limites até onde posso tirar proveito. No resto, cuido de sua saúde e trato de satisfazer todos os seus caprichos", diz.
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