'Quando ela voltar, daremos uma grande festa', diz síndica do edifício Chopin sobre socialite que estava sumida
Viúva de 88 anos, Regina Gonçalves é a moradora mais antiga do lendário prédio, vizinho ao Copacabana Palace, e teria sido vítima de cárcere privado e abusos por parte do ex-namorado
Enquanto tentava relaxar em um SPA, Marina Felfeli, síndica do icônico edifício Chopin, na orla de Copacabana (zona sul do Rio de Janeiro), era constantemente interpelada por vizinhos a respeito do suposto sumiço da moradora Regina Gonçalves.
"Uma hora é o show da Madonna, agora o sumiço da Regina, parece que tudo acontece nesse prédio", exclamou Marina ao ser procurada pelo F5. Horas depois, ela foi tranquilizada com notícias de que a socialite está na casa do irmão, também no Rio, se recuperando do que seus parentes e amigos relatam ter sido um cárcere privado.
Regina Gonçalves tem 88 anos e é viúva do empresário Nestor Gonçalves, fundador da Copag, fabricante das famosas cartas de baralho. Dona de dois apartamentos no Chopin e moradora mais antiga do edifício, ela não era vista pelos vizinhos desde o ano passado, o que levantou suspeitas de que estaria sendo vítima de uma relação abusiva.
Viúva desde 1994, Regina não tem filhos e é dona de um patrimônio que inclui imóveis espalhados pelo Rio de Janeiro, fazendas, joias e outros bens. Alice Tamborindeguy, moradora do Chopin e amiga da socialite, foi quem chamou a atenção nas redes sociais a respeito do suposto desaparecimento de Regina.
"Não a vejo há meses. Tentei telefonar, mas o telefone mudou. Tentei procurar, mas ela não estava no apartamento", relatou a irmã de Narcisa Tamborindeguy, que disse nunca ter suspeitado do ex-companheiro de Regina. "Ele era sempre muito gentil, gente boa, sempre me tratou bem", afirmou ao F5. "Estou preocupada e só quero que ela esteja bem. Gostaria de revê-la", disse.
Antes muito sociável e frequentadora assídua das reuniões de condomínio, Regina andava reclusa e não atendia mais o telefone. Segundo amigos, ela tinha um relacionamento amoroso com seu antigo motorista, José Marcos Chaves Ribeiro. Pessoas próximas à socialite afirmam que ela sofreu abuso psicológico, físico e patrimonial por parte do ex-namorado. Procurado pela reportagem, Ribeiro não autorizou pessoas próximas a passarem seu contato.
Em entrevista ao F5, Marina Felfeli afirmou que conversou com a socialite nesta terça-feira (23), que Regina terminou o relacionamento e está "se recuperando dos traumas". "Ela está ótima, alegre, lúcida", afirmou a síndica. "Está na casa do irmão, muito amada e feliz. Bonitona e plena, como sempre. Ela vai fazer uma pintura na casa dela para voltar em breve ao Chopin. Quando ela voltar, daremos uma grande festa! Ela merece", disse Marina.
SOBRINHO DIZ QUE TIA ERA DOPADA
Em entrevista ao F5, o sobrinho de Regina, Álvaro McWhite, descreveu José Marcos como um homem perigoso e violento, que agia por meio de ameaças, agressões físicas e dopava Regina com remédios. Álvaro também nega que eles teriam um relacionamento amoroso, já que a tia teria decidido guardar o luto desde a morte do marido, em 1994.
"Ele forçou minha tia a assinar a união estável. Achei vários remédios com o princípio ativo de 'Boa Noite, Cinderela' na mansão. Ela vivia dopada o tempo todo", afirmou.
Segundo Álvaro, José Marcos teria procurado Regina no final de 2011 pedindo emprego. Ela o contratou como motorista e faz-tudo. A partir daí, os dois desenvolveram uma relação de amizade e confiança, mas José Marcos teria armado uma "trama macabra" pelas costas da socialite.
"Minha tia tem uma vida que as pessoas dizem que não pode ser real. Ela tem muita obra de arte, muita joia. É uma pessoa extremamente generosa, como hoje em dia quase não se vê. Foi uma grande filantropa, muito querida pela sociedade. Só que ela não tem maldade", descreve Álvaro.
"Ele [José Marcos] chegou dizendo que ele era muito pobrinho, que precisava de uma oportunidade e começou a prestar serviços para ela", diz. "Ela foi pegando amizade por ele. Sabe aquele filme da rainha Vitória com o hindu? Foi mais ou menos aquilo. Só que, ao contrário desse canalha, o hindu era do bem", diz o sobrinho.
"De repente, ela parou de receber ligações. Ele atendia o celular dela e dizia que ela estava tomando banho ou dormindo", relata.
O sobrinho conta que, em 2014, mudou-se de Brasília para o Rio e passou a morar em uma das mansões da tia em São Conrado (outro bairro nobre da zona sul carioca). Dona de seis imóveis no mesmo condomínio, ela se dividia entre a casa em São Conrado e o edifício Chopin.
"Foi lá que eu descobri o que ele estava aprontando. Drogava minha tia, falsificou documentos e roubou mais de R$ 20 milhões em joias", enumera Álvaro, que também relata casos de agressões físicas. "Foi muito perverso o que ele fez. Ele tentava criar acidentes na mansão para ela cair", afirma.
Álvaro diz que a tia conseguiu fugir do cárcere privado e que segue se recuperando. "Ela vai receber os amigos dela dia 4, no Chopin, para assistir ao show da Madonna da varanda. Ela está bem, está livre, em transformação", diz.
Procurada, a Polícia Civil diz que não há registro de ocorrência relacionado ao fato na delegacia da área. Já o Ministério Público afirma que precisava de mais informações sobre o possível inquérito.
'COMO UMA FÊNIX'
João Chamarelli, que diz ser amigo próximo de Regina, afirmou ao F5 que o ex-companheiro da socialite vendeu uma das seis mansões que ela tinha em São Conrado por cerca de R$ 5 milhões. "Houve a venda de uma casa em estilo normando e ela não sabe onde foi parar o dinheiro", afirmou.
Ainda de acordo com o amigo, Regina está lúcida e forte, mas a cada momento se lembra dos abusos que teria sofrido. "Ele era o motorista que depois foi promovido a uma espécie de mordomo. Era um acompanhante. Criou-se um afeto [entre os dois]. Mas quando se perguntava, ela dizia: 'Não tenho nenhuma relação com ele, tenho um carinho, ele me acompanha'", relata.
Segundo o amigo, a relação foi aos poucos caminhando para uma situação de "restrição absoluta". "Esporadicamente, de meses em meses, ela até atendia e falava que estava tudo bem. Mas era por medo. Ela era vigiada", diz ele, que também relata ter passado a ser impedido de visitar a amiga.
Chamarelli diz ainda que o apartamento foi encontrado sujo, que "parecia um lugar de criar porcos" e que os vizinhos pensavam que ela estava ausente, quando, na verdade, teria passado um ano e meio trancafiada no imóvel.
O amigo, no entanto, está otimista sobre o retorno de Regina ao Chopin. "Mesmo diante de todo esse cenário, de todos os traumas, a Regina é como uma fênix", disse.
PRÉDIO LENDÁRIO
Vizinho do Copacabana Palace, o edifício Chopin é um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro e é residência de moradores ilustres. Artistas e socialites como Narcisa Tamborindeguy, Maitê Proença e Gilberto Gil têm unidades no edifício.
O prédio foi construído em 1956 pelo polonês Henryk Spitzman Jordan e tem 12 andares com 60 apartamentos de luxo.
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