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De Rio Claro a Niterói: Serestas são ponto de encontro familiar e para amantes do gênero

Distrito de Conservatória, em Valença (RJ), é considerado a capital nacional da seresta

Seresteiros se apresentam no projeto Chão de Estrelas, em Niterói
Seresteiros se apresentam no projeto Chão de Estrelas, em Niterói - Divulgação/Secretaria de Cultura de Niterói
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São Paulo

Música, romantismo e nostalgia. Essa é a combinação clássica das apresentações de seresta, gênero musical que ainda conquista fãs Brasil afora. Quem aprecia o estilo e vive em São Paulo encontra em Rio Claro (a 173 km de São Paulo) a chance de cantar o amor e a amizade na companhia de músicos do Grêmio Seresteiro da cidade.

O grupo se reúne todos os domingos no Jardim Público, no centro, e sobe ao palco batizado de Recanto dos Seresteiros para apresentações gratuitas que acontecem das 11h às 13h. "É um ponto de encontro entre as pessoas de Rio Claro", afirma Valdir Antonio Duarte, 69, um dos organizadores do Grêmio Seresteiro, fundado há 25 anos.

"Chega domingo e vamos todos para lá. Tem várias mesinhas, tomamos uma cerveja, ouvimos uma música, comemos pipoca. É para todos os públicos, para as crianças também. É muito gostoso”, completa.

A seresta é um estilo musical que tem como característica homenagear os romances e os afetos da vida cotidiana, sempre com intensa carga emocional. Os seresteiros utilizam instrumentos de corda (violão, violão de 6 cordas, cavaquinho, etc), de sopro (como flauta) e de batuque (pandeiro, por exemplo), entre outros.

A origem da seresta se dá com os chamados trovadores da Idade Média (acredita-se que no período entre os séculos 12 e 14), artistas que uniam música e poesia para falar de amores impossíveis e amizades, mas que também entoavam cantigas de escárnio e maldizer, levando mensagens carregadas de ironia a desafetos e à sociedade de modo geral.

​Nesta época, as cantigas eram um costume quase que totalmente palaciano, sendo restrito a damas dos castelos e palácios, praticamente. Entretanto, com o passar dos anos, esse estilo musical e de comunicação extrapolou os muros dos palácios e foi parar nas cidades, onde sofreu uma enorme mudança no som, com adaptações de seus instrumentos e das intenções pelas quais era feito.

CAPITAL DA SERESTA

No Brasil contemporâneo, o distrito de Conservatória, em Valença (RJ), é considerado a capital nacional da seresta. Com mais de 140 anos de tradição no gênero, Conservatória tem todos os finais de semana (e também nos feriados) uma extensa programação de serestas, com apresentações ao ar livre, nas praças e nas ruas, e também no Museu da Seresta e na Casa de Cultura.

A festa começa geralmente nas noites de sexta-feira com uma serenata ao luar, pelas ruas. Nas tardes de sábado, os seresteiros aguardam locais e turistas no Museu da Seresta. Aos domingos acontece um dos programas mais legais da cidade, a chamada Solarata: seresteiros caminham pelas ruas da cidade entre as 10h e as 12h30 espalhando sons e palavras para quem estiver por ali. E o melhor: é tudo gratuito.

Ainda no estado do Rio de Janeiro, Niterói também é conhecida por valorizar a tradição das serestas. Com o projeto Chão de Estrelas, que completou 15 anos de existência em 2017, a cidade mantém a tradição de fazer um festival de serenatas uma vez por mês, todo segundo sábado do mês, com muita música popular brasileira, saraus e bom humor.

Com o apoio da Secretaria de Municipal de Cultura, as serenatas são realizadas pelo grupo Seresteiros de Niterói, formado por moradores da cidade, que leva música e poesia para cidadãos e visitantes desde 2003, quando o projeto foi oficialmente criado para homenagear canções nacionais.


CONFIRA CIDADES COM SERESTAS

RIO CLARO
(a 173 KM de São Paulo)

- Como chegar de ônibus: Direto, saindo do terminal Tietê. VB Transportes, R$ 58 (2 horas e meia de viagem), saída a cada hora.
- Onde ficar: Hotel Rio Claro (a 250 m do centro) - 2 diárias para 2 2 adultos, em final de semana: cerca de R$ 260 (com café da manhã e wifi); Itaipu Hotel (a 600 m do centro) - cerca de R$ 290 (com café da manhã e wifi).

CONSERVATÓRIO, DISTRITO DE VALENÇA (RJ)
(a 370 km de São Paulo)

- Como chegar de ônibus: No terminal Tietê, pegue um ônibus até Volta Redonda (RJ) - R$ 80, em média (4 horas e meia de viagem). Em Volta Redonda, pegue um ônibus até Conservatória - R$ 60, em média (50 minutos)
- Onde ficar: Pousada das Hortênsias (centro) - 2 diárias para 2 adultos, em final de semana: cerca de R$ 470 (com café da manhã, piscina e wifi). Pousada Mama África (centro) - 2 diárias para 2 adultos, em final de semana: cerca de R$ 400 (com café da manhã e wifi).

NITERÓI (RJ)
(a 442 km de São Paulo)

- Como chegar de ônibus: Direto, saindo do terminal Tietê. Viação 1001, R$ 140 (quase 7 horas de viagem), saída a cada hora.
- Onde ficar: Niterói Plaza Hotel (centro) - 2 diárias para 2 adultos, em final de semana: cerca de R$ 580 (com café da manhã e wifi). Icaraí Praia Hotel (beira-mar) - 2 diárias para 2 adultos, em final de semana: cerca de R$ 490 (com café da manhã e wifi).

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