Pais devem dar aos filhos arma de brinquedo como Kate e William deram ao príncipe George?
Psicólogos e educadores explicam por que evitar esse tipo de diversão
Uma foto do príncipe George brincando com uma pistola de brinquedo, no início do mês, em um evento na Inglaterra, provocou repercussão e reacendeu o debate: crianças e armas de brinquedo, pode ou não pode? O assunto é polêmico, mas, para psicólogos e educadores, o melhor é não estimular esse tipo de diversão.
"Com o crescimento da violência e o acesso à informação pela internet e pela televisão, o assunto está próximo da realidade das crianças. Se no passado a arma era apenas um brinquedo que estimulava a imaginação, agora, a criança tem real noção do seu uso. Portanto, o indicado é evitar, até porque existem milhares de outros tipos de brincadeira que não fazem referência à violência e que podem ser estimuladas", explica a psicóloga Ana Flávia Parenti.
Essa é a mesma opinião da professora Maria Angela Barbato Carneiro, do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar, da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica). "No contexto brasileiro, que está muito violento, não recomendamos esse tipo de brinquedo para, assim, evitar a associação entre armas e crianças."
Por outro lado, ela explica que é natural que os pequenos, mesmo sem terem uma pistola de brinquedo, possam usar outros objetos ou a própria mão para simular uma arma. "É natural que as crianças reproduzam a realidade. Os pais não precisam proibir, mas devem observar e supervisionar em que realidade a arma está surgindo. Se é dentro de uma brincadeira, como Polícia e Ladrão, tudo bem. Faz parte do universo infantil criar brincadeiras com heróis e bandidos. Mas se começar a passar do limite, aí, sim, os pais devem intervir", orienta a educadora.
Outra dica dos profissionais é, quando for inevitável –no caso de a criança pedir muito uma arma, por exemplo–, que os responsáveis prefiram os brinquedos que sejam bem coloridos e nada parecidos com as armas reais.
A gerente de imigração Ana Carolina Campos, 41, não gosta que o filho, Enzo, de três anos, brinque com a pistola de água que ganhou de um tio. "Deixo escondida ou procuro trocar por algum outro objeto. Eu percebi que, na verdade, ele gosta é de jogar a água. Por isso, comprei outros brinquedos, que têm formato de bichinhos e que cospem água também. Ele gostou bastante."
A representante comercial Thais Maria Valadão de Freitas, 40, também prefere evitar esse tipo de diversão para os filhos, por acreditar que estimula a agressividade. "Não acho legal brinquedo que faça referência à violência, porque já vivemos em um mundo muito intolerante, em que qualquer coisa é motivo para as pessoas explodirem."
Ela conta que as duas filhas mais velhas, Vitória, 18 anos, e Helena, 12, não tiveram armas de brinquedo e que pretende fazer o mesmo com os mais novos, Esther, de três anos, e Benjamim, dois anos. "Prefiro não estimular isso, e até agora eles não ganharam nada parecido. Existem outras brincadeiras muito mais saudáveis", conclui.
Comentários
Ver todos os comentários