47% das crianças têm canal ou youtuber que acompanha com frequência, diz pesquisa
TVs perdem força entre menores, mas os smartphones crescem
Usadas para educar ou entreter, as telas de televisão, computador e smartphone estão cada vez mais frequentes na vida das crianças, segundo pesquisa da revista Crescer de julho. Os dados apontam que 47% dos pequenos gastam mais de três horas por dia com a atividade —há cinco anos, eram 35%.
Ao se tratar de conteúdo, a grande maioria (98%) usa os eletrônicos para assistir vídeos (filmes, desenhos e canais de plataformas como o YouTube). Assim, o levantamento revela também que quase metade deles (47%) já tem um influenciador digital ou canal que acompanha com frequência.
A revista ouviu 2.044 pais com filhos de 0 a 8 anos para desenvolver a pesquisa, agora comparada com outro levantamento, de 2013, em que foram ouvidos 1.045 pais de crianças da mesma faixa etária.
Os dados apontam que o tamanho das telas usadas pelas crianças diminuiu, mas ainda assim, elas continuam muito frequentes no dia a dia. A televisão, por exemplo, que era usada por 98% dos menores, agora alcança 75%, enquanto o smartphone, que alcançava 49%, hoje é usado por 60%.
Com as telas menores e mais fáceis de carregar, muitas crianças têm seu próprio gadget. Ao todo, 49% delas já têm seu próprio tablet e 20% têm seu próprio smartphone. O que chama mais a atenção é que, entre as crianças de 0 a 2 anos, 38% já possuem algum dispositivo —em 2013, eram apenas 6%.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças de até dois anos não sejam expostas aos aparelhos digitais e menores de 2 a 5 respeitem o limite de uma hora e meia de exposição. Já a Academia Americana de Pediatria orienta um controle de apenas uma hora de tela dos 2 aos 5 anos.
“As indicações são feitas com base no que se conhece sobre o desenvolvimento infantil. O cérebro é um órgão plástico. Isso significa que, quanto mais estimulado, mais potente ele fica. Enquanto as experiências analógicas recrutam um número maior de habilidades e demandam conexões complexas, a interação com aparelhos digitais é limitada e preestabelecida de acordo com as programações”, aponta a publicação.
As notícias, no entanto, não são só ruins. 51% dos pais se dizem preocupados com a influência desses aparelhos e da internet na vida dos filhos. Além disso, o uso dos dispositivos na hora de comer ou dormir, que chegava a de 84% em 2013, agora caiu para 23% (na hora de dormir) e 37% (na hora de comer).
No caso da hora de dormir, os aparelhos devem ser evitados por conta de sua iluminação, que interferem na liberação da melatonina, o hormônio do sono, aponta a revista. Já na hora da refeição, o problema seria a possibilidade de desenvolver disfunções alimentares, justamente pela criança não prestar atenção no que come.
Especialistas também destacam que as crianças só deveriam assistir TV e vídeos acompanhadas. É o que aponta Vanessa Anacleto, uma das fundadoras do Milc (Movimento Infância Livre do Consumismo) e autora de um guia de alerta. "Não existe bloqueio digital perfeito", adverte o documento.
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