BBB18

Primeiro estrangeiro a chegar na final do BBB, Kaysar acumula polêmicas e dúvidas

Prêmio de R$ 1,5 milhão será decidido nesta quinta (19); 2º e 3º lugar levam R$ 150 mil e R$ 50 mil

Kaysar no BBB 18
Kaysar no BBB 18 - Reprodução
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Fernanda Pereira Neves
São Paulo

Kaysar Dadour não é o primeiro estrangeiro a ficar confinado na famosa casa do BBB, mas é o primeiro refugiado de um país em guerra e o único, em 18 edições, a chegar à final do programa com chances reais de abocanhar o prêmio de R$ 1,5 milhão.

Natural de Aleppo, uma das cidades mais devastadas pela guerra civil que assola a Síria desde 2011, o rapaz de 28 anos chegou ao Brasil em 2014, após passar alguns anos na Ucrânia. Na prática presenciou pouco do conflito, já que deixou o país ainda no começo dos combates.

No programa, Kaysar demorou a “explorar” o conflito na acirrada disputa de popularidade —em alguns momentos, até evitou o assunto. Fora algumas frases envolvendo tiros e bombas, muito de sua história acabou sendo preenchida pelo imaginário de quem assistia e acompanhava, parcialmente e à distância, a guerra em seu país.

Ele acabou mostrando um refugiado além do que costuma-se ver na televisão. O cabelo mutante, as danças frenéticas, a aparente ingenuidade e o jeito enrolado de falar marcaram mais sua passagem pela casa do que as histórias de dificuldades e perdas —apesar de comentadas com mais frequência na reta final.

Talvez por isso, ele tenha enfrentado desconfianças e especulações dentro e fora do programa. Seria de família rica? Onde aprendeu a falar oito idiomas? O que teria visto da guerra, já que deixou a Síria ainda em 2011? Fugia do alistamento? E aquela jaqueta da Dolce & Gabbana? Foram várias as questões levantadas.

Verdade que, dos 4 milhões de sírios que deixaram o país nos últimos anos, as histórias que costumam ganhar visibilidade são bem diferentes das de Kaysar. Ele não passou por campos de refugiados ou fronteiras fechadas. Chegou a Curitiba com a ajuda de parentes que já viviam na cidade. Conseguiu moradia, emprego e fez cursos.

Se suas dificuldades não foram tão extremas como as de outros, no entanto, não deveria pesar tanto. Ele teve que deixar seu país, perdeu ao menos um amigo e uma ex-namorada no conflito —pelo que já contou no programa— e está há anos longe dos pais e da irmã. A família é, inclusive, apontada por Kaysar como a razão de estar no programa, tendo repetido várias vezes que usará o prêmio para trazê-la ao Brasil.

Com o confinamento, também desconhece os novos desdobramentos do conflito sírio, como o ataque químico em Douma, que matou mais de 40 pessoas, e os ataques aéreos promovidos por Estados Unidos, Reino Unido e França em resposta.

Se o já autodeclarado  sírio-brasileiro será o vencedor do programa, vamos saber na noite desta quinta (19), mas é indiscutível que ele conseguiu conquistar o Brasil. Mostrou garra nas provas e termina o programa acumulando recordes em provas de resistência.

O páreo para o prêmio de R$ 1,5 milhão, porém, está duro, com Gleici e a família Lima também cotados para ficar com o prêmio. O segundo e terceiro colocados levarão R$ 150 mil e R$ 50 mil, respectivamente.

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