Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Televisão

'Salve-se': João Baldasserini diz que Zezinho foi inspirado em Petruchio

Ator vive momento especial após chegada do filho: 'Ele me encoraja'

João Baldasserini /Divulgação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Por volta das 19h40, quando começa a novela "Salve-se Quem Puder" na Globo, Heleno, filho de 1 ano de João Baldasserini, 37, está a todo vapor, correndo para lá e para cá na casa da família em Indaiatuba, no interior de São Paulo.

Intérprete do caipira Zezinho na trama escrita por Daniel Ortiz, o ator procura chamar a atenção do menino, mostrando que ele está ali na televisão e também ao seu lado. "Ele olha para TV e olha para mim, olha para TV e olha para mim. Eu fico pensando: o que será que se passa na cabecinha dele?"

Apesar da loucura que é muitas vezes ter uma criança pequena, Heleno é também um dos principais responsáveis pelo momento de serenidade e equilíbrio que Baldasserini afirma estar vivendo. É mais do que isso, segundo destaca o ator.

"É uma coisa de enfrentamento. Ele me dá coragem para amar, para viver", enfatiza. "Antes, eu tinha alguns complexos em relação ao amor, medo de me envolver muito e ser rejeitado. E com o meu filho, eu não tenho preocupação nenhuma em amar, é muito bom."

"É realmente o sentimento mais nobre que eu venho sentindo. Tenho falado isso para a minha mulher [ Érica Lopes], em como é fácil, gostoso e leve amar um filho", complementa. O ator diz até que o casal já pensa na possibilidade de aumentar a família. "Acho que é legal um irmão ou uma irmãzinha sim", diz.

Mas não é só Heleno o responsável pela serenidade de Baldasserini. "Eu faço terapia e tem me feito muito bem. Gosto muito", ressalta.

Aliás, uma das suas motivações para fazer análise é encontrar algo que Zezinho, o seu personagem em "Salve-se", tem de sobra: uma pureza e uma leveza ao encarar a vida. "Eu faço terapia para isso, para descobrir a minha leveza, para me conectar comigo mesmo, ser honesto comigo", afirma.

Baldasserini diz se identificar também com a simplicidade e a transparência do caipira. Outro aspecto em comum entre eles é o fato de ambos serem pessoas do interior —o ator foi criado em Indaiatuba, onde mora atualmente. "Não sou da roça como o Zezinho, mas carrego esse ritmo de cidade do interior, que eu gosto."

Já o sotaque carregado do personagem foi um dos desafios para ele na fase de composição do papel, quando teve de mostrar a sua proposta em uma leitura para 20 pessoas. "Eu sempre tive vontade de fazer um caipira. Não foi difícil, mas tive que criar coragem e me expor, me arriscar ali na frente de todo o mundo."

"Deu certo, eles gostaram do tom que eu trouxe. Dali para a frente foi uma brincadeira." O ator pondera, por outro lado, que Zezinho é um personagem que pode cair facilmente em um estereótipo e "ficar muito desenho animado". "Eu tinha sempre que recuar para humanizar ele. Eu tinha que estar sempre muito conectado comigo também para não deixá-lo histriônico, exagerado." ​

Baldasserini relata que uma das suas inspirações para fazer o caipira foi Petruchio, o machão rude, mas muito engraçado e bondoso vivido por Eduardo Moscovis em "O Cravo e a Rosa" (Globo, 2000-2001).

"Eu assisti a essa novela quando passou a primeira vez, quando reprisou... até hoje se passar, eu assisto de novo. Acho que o Eduardo Moscovis fez de uma maneira muito carismática. Ele foi uma referência para mim", declara.

Interrompida por causa da pandemia, as gravações de "Salve-se" voltaram em agosto do ano passado com uma série de restrições como as cenas de beijo em que os atores não se encostavam, já que estavam separados por um acrílico. ​"É um ângulo da câmara, porque eu beijava o ar e virava a cabeça, e a Deborah [Secco, intérprete da Alexia, seu par na trama], virara para o outro lado. Assim, a gente ia fazendo. E de olho fechado. Sabe aquela coisa que quem está assistindo fala: nossa, que vergonha, coitados", relata.

Mas, para ele, o importante era contar a história. "Como ator, a gente tem que ter essa disposição. É como contar uma piada, você corre o risco de as pessoas não rirem. O ator está sempre correndo o risco de fazer algo e não agradar."

Cenas de beijos gravados desta forma já foram para o ar, e João Baldasserini admite que não fica igual. "Mas não ficou falso não, é crível... ficou bem feito", afirma. "Falei para minha mulher: 'amor, ali ó, não teve boca com boca não, fica tranquila", diz, aos risos.

O que muita gente quer saber é se, afinal, Zezinho e Alexia terminam juntos. O ator gargalha ao ser questionado sobre o assunto. "Ele tem um final muito bonito, posso dizer isso, mas se ele vai terminar com a Alexia é uma surpresa."

TRÊS NOVELAS NA SEQUÊNCIA

"Salve-se Quem Puder" chega ao fim no dia 16 de julho, mas João Baldasserini segue no horário das 19h na Globo. Ele também está em "Pega Pega" (2017-2018), trama que será reprisada na faixa enquanto não estreia a inédita "Quanto Mais Vida Melhor".

Na história escrita por Cláudia Souto, o ator é Agnaldo, um tipo bem diferente do caipira Zezinho. Recepcionista do Carioca Palace, ele é comunicativo e engraçado. Apaixonado pela camareira Sandra Helena (Nanda Costa), ele será convencido por ela a participar do roubo ao hotel de luxo em que trabalham e ponto inicial do enredo.

"É uma novela que conta de uma realidade que nosso país vem passando há muito tempo, que é essa bandidagem, muito roubo [e corrupção]. Tem um momento da trama, mais para para o fim, que cerca de metade do elenco está na cadeia", relembra.

Baldasserini diz torcer para que o mesmo aconteça na vida real e que as pessoas responsáveis pelo que o Brasil está enfrentando sejam punidas. "Estou falando da CPI da Covid." E o presidente Jair Bolsonaro [presidente] também?, questiona esta repórter. "Principalmente o presidente. Eu acho que ele, como chefe de Estado, era para ser a nossa referência, o nosso exemplo, e não foi bem isso o que aconteceu. Nenhum exemplo bom partiu dele", diz.

Além das duas novelas, o ator também estava em "Haja Coração", de 2016, reapresentada entre outubro de 2020 e março deste ano, antes do retorno de "Salve-se". Baldasserini e Mariana Ximenes chegaram até a gravar, durante a pandemia, um novo final, em que Tancinha, papel da atriz, termina com Beto, personagem interpretado por ele.

No final da reprise, porém, a direção da Globo desistiu de exibir a novidade, e a mocinha ficou com Apolo (Malvino Salvador) mesmo. O ator admite ter ficado frustrado e chateado pelos fãs do casal. "Mas super entendi que não podia ser. É uma pena, vamos ver se numa próxima reprise, daqui uns bons anos, o Beto fica com a Tancinha", afirma.

Indagado sobre estar em três novelas na sequência, Baldasserini afirma ficar feliz por seguir no ar e não ser esquecido, mas ressalva que tem um certo receio de que essa superexposição possa prejudicar a sua escalação em novos trabalhos. "Espero que isso não aconteça".

Contratado por obra na Globo, o ator afirma que está gravando um novo projeto para um canal fechado, mas que ainda não pode dar detalhes. Ele só adianta que o trabalho não tem esse tom de comédia de "Salve-se", "Pega Pega" e "Haja Coração".

"Estou muito feliz de poder retomar a fazer drama", diz. Além do momento especial na vida pessoal, Baldasserini afirma que tem feito também muitos testes para filmes e séries. "Vejo coisas novas e boas se abrindo", finaliza.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem