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Televisão

Com miniestúdio em casa, Caco Barcellos celebra 15 anos do Profissão Repórter

'Quando eu puder tomar a vacina, volto correndo para a rua', diz o jornalista

Caco Barcellos do Profissão Repórter 2021 Globo

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São Paulo

Caco Barcellos, 70, ganhou um miniestúdio em sua casa para comandar o s bastidores da notícia do Profissão Repórter, de forma virtual, nesta nova temporada, que estreia nesta terça-feira (23). O programa, que celebra 15 ano no ar, vai mostrar o início da vacinação e o atual momento da pandemia no Brasil, como a situação da cidade de Manaus, que tem o quíntuplo da média de mortes das capitais brasileiras em 2021, além de temas como a representatividade na política, retrato da fome e da moradia no Brasil.

"Quando eu puder tomar a vacina, volto correndo para a rua. Nossa equipe de arte criou um estúdio no meu quarto de hóspede, de onde vou trabalhar até chegar a minha vez na fila", diz Caco Barcellos, que nunca pensou em viver algo parecido em quase 50 anos de reportagens na rua.

Especializado em jornalismo policial, Barcellos está recluso por ser do grupo de risco desde 2020, mas afirma que a comunicação com a equipe se mantém semelhante como se estivessem na Redação. Em 2006, Profissão Repórter estreou em formato especial no Fantástico e em reportagens especiais para programas e telejornais da Globo até ganhar programa solo em 2008.

​Para ele, a responsabilidade do jornalismo é redobrada em tempos de pandemia e a nova temporada vai mostrar essa transformação que está ocorrendo no país durante esse período mais crítico e as ações humanitárias no combate à doença. "A reportagem nunca foi tão necessária e adquire um valor ainda maior. É um programa que mostra às pessoas como é árduo o trabalho da imprensa em busca de uma captação precisa e correta dos acontecimentos."

"Tive que aprender a conversar com as pessoas à distância, sem a possibilidade do olho no olho, indispensável no processo de conquista de confiança recíproca com os entrevistados", acrescenta Barcellos, cuja equipe do programa já viajou para todos os estados do Brasil, além de 43 outros países.

Cada programa produz uma média de 25 horas de gravação bruta das quais apenas 35 minutos são exibidos semanalmente. "Nossa pauta estará focada nas transformações ocorridas no país por consequência da Covid-19. Vamos começar a nova temporada num momento de descontrole da pandemia e com sinais de desgoverno no combate à doença."

A nova temporada do Profissão Repórter traz novos profissionais, como os jornalistas Augusta Lunardi, Clara Velasco e Pedro Borges. Barcellos afirma que rotina intensa do programa já é sentida pelos novatos. "Temos hora para começar, mas não para terminar. E quando vai ao ar, imagino que aumente a intensidade. Tem sido uma experiência nova segurar uma câmera mais pesada sozinho. A grande sacada é o formato, mostrar os bastidores da notícia sem maquiagem nenhuma”, diz o paulistano Pedro Borges, 29, que ainda se recupera da Covid-19 antes de voltar ao trabalho.

Borges entrou para o elenco em novembro de 2020 depois de Caco acompanhar seu trabalho com causas sociais na agência de notícias Alma Preta. Agora, na Globo, ele revela que as gravações acontecem até que a história chegue a um fim mesmo que dure dias seguidos sem pausa. "Tem que estar com sono em dia e se alimentar bem. Sempre saí muito para a rua. Mas dá um friozinho na barriga", afirma.

Companheira de programa, a baiana de Jequié (BA) Clara Velasco, 30, chega à equipe após acumular dez anos com pesquisas e dados no G1. Segundo ela, o dia a dia tem sido bastante diferente, mas a empolgação recompensa todo o esforço.

"Quando você começa fica bem puxado, o dia todo na rua. Mas quando o arco da narrativa se fecha, ou seja, a história tem um fim, o processo fica mais calmo e nós podemos reanalisar o que gravamos para editarmos e colocarmos no ar. A rotina é não ter rotina", afirma.

O mais interessante, diz Velasco, é a troca de ideias com Caco Barcellos. "Éum profissional excepcional e muito ligado em tudo. Fazemos questão de conversar com ele antes de sair para as reportagens. Me trouxe muita inspiração já que sempre o tive como modelo a ser seguido."

Esse é o sentimento da gaúcha de Porto Alegre (RS) Augusta Lunardi, 29, que nunca imaginou que um dia fosse trocar ideias com ídolo que tinha desde criança. "Por enquanto, só conversei com Caco de forma online, mas ele é uma espécie de mentor. No início eu sempre ficava nervosa e impressionada. Mas vamos nos acostumando", diz a jornalista, que se formou na França e trabalhou nos últimos quatro anos como correspondente no Brasil no Rio de Janeiro para canais franceses.

"Foi isso que facilitou muito para mim, pois já conhecia as câmeras, sabia manejar cada equipamento e tinha ideia de linguagem audiovisual. Já me encaixei rapidamente neste perfil de vídeorepórter. Eu sempre disse que só sairia da França para trabalhar na TV brasileira se fosse no Profissão Repórter", comemora a jornalista. "Um sonho realizado."

TEMAS ABORDADOS

A explosão da crise da falta de oxigênio nos hospitais de Manaus (AM) será um dos temas do primeiro programa do Profissão Repórter. "A situação é muito mais grave do que vi na televisão. É difícil porque eu fico com a minha câmera na mão gravando pessoas que chegam praticamente mortas aos hospitais”, afirma Nathalia Tavolieri, repórter que atuou diretamente na cobertura.

Clara Velasco fará sua estreia ao mostrar o início da campanha de imunização em São Paulo. Ela acompanhou o trabalho das agentes de saúde da Brasilândia, uma das regiões da zona norte da capital paulista mais afetadas pela Covid-19. Especializada em números, a jornalista elaborou um levantamento sobre a quantidade de denúncias contra pessoas que teriam furado a fila da vacinação.

O programa também vai explorar o fechamento das fronteiras para imigrantes em Roraima e a clandestinidade na região. "Vi pessoas que não são acolhidas, crianças deportadas. Nem imaginava que iria me deparar com cenas tão fortes. A gente vai sem muita produção e descobre na hora o que está acontecendo. Tentamos transmitir o que sentimos no momento. Cenas bem tristes e situações humanitárias bem críticas”, diz Lunardi, que passou 21 dias no estado.

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