'A Vida da Gente' volta após dez anos com trama intimista e diálogos existenciais
Obra de Lícia Manzo é elogiada pela crítica, mas teve audiência morna na 1ª exibição
Obra de Lícia Manzo é elogiada pela crítica, mas teve audiência morna na 1ª exibição
Tempo, tempo, tempo, tempo... Quando Maria Gadú cantava na abertura de "A Vida da Gente" (Globo) que o tempo era compositor de destinos, ninguém poderia imaginar que o verso poderia se aplicar tão bem à própria novela quase uma década depois. Produzida entre 2011 e 2012, a trama ganha agora uma nova camada de entendimento.
A novela será reexibida na mesma faixa de horário (18h) a partir da próxima segunda-feira (1º). Ela entra substituindo "Flor do Caribe", também em reprise. A faixa é a única que continua sem tramas inéditas, com o adiamento de "Nos Tempos do Imperador", inicialmente prevista para 30 de março de 2020, por causa das restrições ocasionadas pela Covid-19.
"Com a pandemia, as pessoas estão com muita dificuldade de ficar em casa, existe uma dificuldade muito grande de introspecção, então a novela volta no momento certo", diz a autora Lícia Manzo, em encontro com a imprensa. "É uma trama que trata do micro, não do macro. Ela até tem eventos impactantes, mas fala sobre a repercussão do fato sobre as pessoas."
A novelista, que em breve fará sua estreia na faixa das 21h (a novela "Um Lugar ao Sol" deve estrear na sequência de "Amor de Mãe"), afirma ter um apego especial pela trama, a primeira que ela assinou como autora principal. A trama foi apontada como um acerto pela crítica.
"Eu não tinha método nenhum", lembra Manzo. "Não sabia nada sobre a feitura de novela, foi muito desafiador. Não sei se é um sintoma precoce de esclerose (risos), mas não me lembro de muita coisa da novela, é como se fosse a obra de outra pessoa. Mas, para mim, ela continua viva e relevante. Se já não tivesse escrito ela há dez anos, continuaria achando a trama interessante."
Embora a audiência tenha sido morna (ficou abaixo da antecessora, "Cordel Encantado"), a novela amealhou muitos fãs ferrenhos por causa do tom intimista, das interpretações no ponto e dos diálogos profundos entre os personagens, seja sobre os próprios relacionamentos, seja sobre assuntos existenciais. Disponível no Globoplay, ela já vinha chamando a atenção de novas gerações.
Também houve muito interesse fora do Brasil, com exibição em países como, Estados Unidos, Suécia, Holanda, África do Sul, Emirados Árabes Unidos e Coreia do Sul. Até hoje, a novela figura entre as produções mais exportadas da Globo em todos os tempos. "Eu não esperava nem fazer a primeira novela direito, quanto mais a repercussão internacional", diz a autora, em tom de brincadeira.
A história gira em torno das irmãs Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manu (Marjorie Estiano). A primeira é uma tenista em ascensão, o que faz a mãe de ambas, Eva (Ana Beatriz Nogueira), privilegiá-la sem o menor pudor. Tudo se complica depois que a preferida se apaixona pelo irmão de criação, Rodrigo (Rafael Cardoso), de quem acaba engravidando.
Porém, Ana sofre um acidente e fica em coma durante anos. Enquanto isso, Manu cria a sobrinha como filha e se aproxima de Rodrigo, com quem acaba se envolvendo. Quando Ana acorda do coma, as duas precisam encarar que o tempo passou de forma diferente para elas.
O embate entre as duas irmãs, aliás, é a cena mais lembrada da novela. Além da autora, diversos membros do elenco citaram a sequência como uma das mais potentes da trama. "Eu me lembro exatamente daquele dia, da mão suando", conta Fernanda Vasconcellos, que diz que eram umas oito páginas de diálogos entre as duas personagens.
"Não sei se vou ter a oportunidade de fazer uma cena tão complexa de novo na carreira", avalia. "Às vezes um trabalho como esse te causa frustrações depois em outros projetos. Foi um néctar, um ponto fora da curva."
A atriz diz que tem o costume de assistir aos próprios trabalhos enquanto estão no ar para ver em quais pontos pode melhorar. Já Marjorie Estiano não tem esse hábito, mas pretende dar uma chance à trama. "Acabo priorizando outras coisas que não sejam as que eu já estou fazendo", explica. "Eu sofria muito com a minha autocrítica, hoje já me assisto com mais generosidade. Vai ser uma delícia rever."
Na época da primeira exibição houve bastante debate a respeito de quem deveria terminar com Rodrigo, além de quem deveria ficar com a menina Júlia (Jesuela Moro), a mãe biológica ou a de criação. "Existe uma tendência na vida de tomar partido por uma ou por outra", diz Estiano. "A gente tem dificuldade de equilibrar esses lados. Lidar com a complexidade disso é muito mais trabalhoso."
Lícia Manzo lembra que, após a exibição do último capítulo, muita gente reclamou sobre como essas questões foram resolvidas. "Fui muito xingada na internet", lembra. "Porém, a novela termina exatamente como eu havia previsto na sinopse, mostrando que o amor pode seguir de outra forma."
"Aquelas irmãs se amam, a relação que a novela trata é a das duas", aprofunda. "Eu brincava na época que elas terminavam juntas e que eu só coloquei os rapazes para disfarçar (risos)."
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