Beleza GG: Modelos plus size falam da trajetória do bullying à carreira internacional
Programa do E! estreia segunda temporada nesta quinta
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A moda não tem tamanho, a beleza não tem padrão. O programa Beleza GG, do canal E!, já mostrou isso em sua primeira temporada, que foi ao ar no final de 2018, acompanhando a rotina de três modelos plus size, que contrariaram a ideia de que modelar tem a ver com magreza e conquistaram carreiras de sucesso.
Fluvia Lacerda, Mayara Russi e Denise Gimenez voltam agora para mostrar, na segunda temporada, a evolução de seus trabalhos. Mayara deve revelar se conseguiu alavancar sua carreira internacional, como pretendia, Fluvia retorna focada em sua própria coleção de moda praia, e Denise mostra seus novos rumos.
“Confesso que fiquei chocada com o sucesso que foi a primeira temporada. As pessoas têm uma curiosidade enorme para saber do nosso mundo, e a gente tem um 'zilhão' de coisas para explorar porque realmente é um mundo inusitado. As pessoas se perguntam ‘nossa, modelo gorda?’, porque era uma coisa que não tinha mesmo”, afirma Fluvia.
Ela mesma, que começou a carreira no exterior, diz que se surpreendeu com a falta de representatividade na moda brasileira. “Eu fui contratar um assessor de imprensa e ele disse que aqui no Brasil isso jamais iria rolar. Isso era 2007, a gente já deu saltos gigantes, hoje há um monte de marcas [usando modelos plus size]."
E se a moda tem mudado, Beleza GG não fica para trás. A segunda temporada, que foi rodada antes da pandemia, vem com novidades: a chegada de Nahuane Drumond, do catálogo da Ford Models e que trabalha como modelo em Londres há dois anos, e um concurso para a descoberta de um novo rosto da moda curve –expressão também usada para as modelos mais curvilíneas.
O concurso, promovido pela Ford Models, será mostrado nos dois primeiros episódios. As novas aspirantes a modelos terão que mostrar tudo que sabem e impressionar os jurados, e a vencedora terá seus primeiros passos no mundo da moda registrados pelo programa a partir do terceiro episódio da temporada.
Já Nahuane passou 20 dias no Brasil, no final de 2019, para as gravações do programa e mostrar sua rotina. “Foi um choque. Saí do portão de embarque com um milhão de câmeras em cima de mim. Pensei ‘meu Deus, o que eu estou fazendo’. Só me acostumei lá pelo terceiro episódio. Estava bem perdida no começo, confesso que ainda estou”, brinca.
Descoberta por acaso, ainda na adolescência, a modelo afirma que nunca sonhara com essa carreira e sofreu muito quando foi para Londres, após assinar com uma agência internacional, sem saber o idioma. “Foi muito difícil, liguei mil vezes para minha agente pedindo para voltar, mas esse segundo ano foi mais tranquilo.”
Nahuane, que diz nunca ter sido magra, tem agenda lotada atualmente no exterior, tudo no mundo da moda. Desfile, foto, campanha, vídeo... “Vídeo é o mais novo para mim, mas o programa está sendo um aprendizado, pode até ser meu destino”, afirma ela, que diz estar pronta para uma nova temporada.
“O mercado da moda tem 50 mil portas, cada um escolhe o que melhor te representa. Meu principal caminho até agora era a fotografia, mas pode ser que aflore em mim uma forma diferente de trabalhar com a moda”, diz. Além dessas várias portas, Fluvia e Mayara afirmam que o plus size também tem muito a ser explorado ainda.
“O que o programa está mostrando é o básico do básico. Padrão de beleza e gordofobia fazem parte das perguntas erradas, arcaicas. Nos EUA, você não pode perguntar a idade de uma mulher, se ela quer ter filhos ou sobre emagrecimento. Isso já está imperativo. Dentro do reality, a gente tem um universo para explorar”, diz Fluvia.
Mayara continua: “Só o fato de a gente transmitir uma imagem diferente em todos os sentidos --de se vestir, de raciocínio, de convivência--, poder mostrar às mulheres que elas podem, é muito gratificante. São várias correntes quebradas, que na cabeça das mulheres é libertador”, afirma ela, que diz ser o retorno das fãs o mais gratificante.
Entre os agradecimentos que recebem do público, as modelos afirmam haver muitas mulheres magras, que se veem pressionadas para manter um padrão de beleza irreal. Segundo Fluvia, são mulheres que afirmam passar fome e exagerar na academia, mas que mudaram a forma de ver seus próprios corpos depois do programa.
“São comentários como ‘você libertou minha cabeça’. Não é uma questão apenas da mulher gorda. Você está se tratando com respeito? Você está se agredindo? É triste ouvir que uma mulher linda, inteligente se maltratou tanto”, afirma Fluvia. “Todas sofrem com isso, mas as mulheres gordas sofrem duas vezes, com a gordofobia e a cobrança estética”, completa Mayara.
As modelos afirmam sempre ouvir das fãs do programa sobre o preconceito entre amigos e familiares. Nesse ponto, até mesmo Fluvia, Mayara e Nahuane dizem ter lidado com cobranças relacionadas ao corpo durante toda a vida. Segundo elas, a autoaceitação é uma chave que demora a mudar.
“Eu sofri muito. Sofria muito ataque no colégio. Uma vez um menino de quem eu gostava me mandou uma carta dizendo que eu era uma gorda morfética, eu nem sabia o que era morfética. Mas foi a pior sensação que eu tive na minha vida”, diz Mayara. “Até quando comecei a trabalhar com moda, tinha vergonha do meu trabalho."
Nahuane afirma que também passou por experiências semelhantes, até em casa: “Falavam que eu era muito bonita, mas tinha que emagrecer. Todo mundo, até minha mãe. E ela tem isso até hoje, ela fala ‘filha, para de comer, você já está muito gordinha, está bom’. Mas não me atinge, eu estou bem, minha saúde está ótima.”
Embora hoje sejam modelos e vestam roupas despojadas e marcas famosas, Fluvia, Mayara e Nahuane afirmam que, mais do que o bullying, era a falta de roupas grandes nas lojas que mais as incomodava até pouco tempo atrás. “Ninguém quer nem o seu dinheiro, imagina o que isso faz com a cabeça de uma mulher”, questiona Mayara.
A modelo diz que já amava moda na adolescência, lendo revistas e acompanhando as principais marcas, mas ela mesma só usava legging e uma camiseta com a imagem do Piu-piu dentro de uma gaiola. “Era a única coisa que me cabia. Ou roupa masculina. Era uma frustração enorme”, desabafa.
Apesar de ter crescido no exterior, onde a oferta de roupas grandes é muito maior, Fluvia também passou por situações delicadas: “Você não sabe o perrengue que é acordar de manhã e não ter o quer vestir. Não subestime o poder que isso tem na cabeça de qualquer ser humano, de ele conseguir se expressar na forma que se veste.”
Nahuane conta que chegou até mesmo a ser insultada em uma loja, com a dona dizendo que não precisa nem entrar, porque nada caberia nela. Mesmo assim, ela fez questão de comprar a fantasia que mais lhe agradou e levou para uma costureira para aumentá-la com faixas pretas nas laterais.
“Várias vezes comprei duas peças iguais para montar uma do meu tamanho, porque queria muito vestir aquilo. Mandava para a costureira e falava ‘junta as duas’. Em Londres, eu consigo achar mais fácil, tem tudo do PP ao 58, o que tem para o corpo pequeno tem para o grande, no mesmo modelo. Aqui [Brasil] eu sofria muito.”
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